62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 1. Análise de Controle de Medicamentos
CONTROLE DE QUALIDADE MICROBIOLÓGICO E ESTUDO DA ATIVIDADE ANTIBACTERIANA DE SISTEMAS MICROEMULSIONADOS E DO ÓLEO DE COPAÍBA CONTRA Staphylococcus epidermidis
Francisco Humberto Xavier Júnior 1
Kattya Gyselle de Holanda e Silva 1, 2
Éverton do Nascimento Alencar 3
Andreza Rochelle do Vale Moraes 3
Elizabeth Cristina Gomes dos Santos 1
Eryvaldo Sócrates Tabosa do Egito 3
1. Programa de Pós Graduação em Ciências da Saúde
2. Université Paris-Sud, Centre d`Études Pharmaceutiques -CNRS, Paris, França
3. Depto.de Farmácia,Laboratório de Sistemas Dispersos, UFRN
INTRODUÇÃO:
No ambiente hospitalar existe uma série de fatores que podem gerar complicações no tratamento de pacientes, entre estas se destacam as infecções por cateter, no qual funciona como veículo para microrganismos que colonizam diversas regiões do corpo, ocasionando infecções de alta gravidade. Um dos principais microrganismos causador destas infecções é o Staphylococcus epidermidis. Atualmente, têm-se diversas escolhas terapêuticas para tratar estas infecções, embora muitas se apresentem economicamente inviáveis e não são utilizadas devido à resistência bacteriana. Diante de tal situação, surge como alternativa de tratamento o óleo de copaíba, que é bastante utilizado na medicina popular pela sua atividade antiinflamatória, antitumoral, antihemorágica e antimicrobiana. Associado ao óleo de copaíba, as microemulsões (MEs) são produtos tecnologicamente elaborados que vêm sendo estudadas devido seus efeitos de liberação prolongada, direcionamento, efeito depósito e redução de toxicidade de princípios ativos. Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar a atividade antibacteriana de microemulsões e do óleo de copaíba contra S. epidermidis, além da realização prévia do controle de qualidade microbiológico dos óleos e formulações em estudo.
METODOLOGIA:
Inicialmente, foram realizados os controles microbiológicos das microemulsões e dos óleos de copaíba. Todas as amostras foram semeadas em placa contendo meio de cultura não-seletivo enriquecido, seguido da incubação em condições de aerobiose e microaerofilia, por 48h a 37ºC. Foram utilizadas cinco amostras de óleo de copaíba de diferentes origens e com características físico-químicas distintas, analisadas em estudos prévios. As quatro microemulsões utilizadas no teste de atividade antibacteriana eram compostas de óleo de copaíba (fase oleosa), uma mistura de Tween 20® e Span 80® (sistema tensoativo) e água (fase aquosa), nas seguintes proporções (%w/w), respectivamente, ME1 (66,5;25,7;2,9 e 4,9); ME2 (21;49;0 e 30); ME3 (54;28,8;7,2 e 10) e ME4 (6;54;0 e 40). O teste da atividade antibacteriana foi realizado pelo método de difusão em ágar, utilizando-se uma cepa de Staphylococcus epidermidis, isolada clinicamente de infecção por ponta de cateter, na qual foram observadas a presença ou ausência de halos de inibição formados após 24h a 37°C. Utilizou-se como controle positivo a vancomicina e o negativo os demais componentes da formulação, isentos apenas do óleo de copaíba. Todos estes métodos foram realizados em triplicata.
RESULTADOS:
No estudo de controle de qualidade das amostras de microemulsões e óleos de copaíba, observou-se ausência de crescimento microbiano para um período de 48h, porém este estudo preliminar não exclui a possibilidade de crescimento de microrganismos com longo período de incubação. Somente duas amostras de óleo de copaíba apresentaram expressiva atividade contra a cepa de Staphylococcus epidermidis (halos de inibição ≥ 8mm), corroborando com as melhores características físico-químicas do óleo de copaíba, evidenciando que a provável má conservação ou contaminação interferem na sua atividade farmacológica. Dentre as quatro microemulsões utilizadas no teste, a que apresentou melhor atividade inibitória foi a ME1 (14mm) que possuía maior concentração de óleo de copaíba. Este resultado reforça o conceito que o óleo permanece com a atividade antibacteriana mesmo apresentando-se como componente de uma formulação farmacêutica. Os controles positivos e negativos para este estudo permaneceram dentro da conformidade, logo toda zona de inibição de crescimento microbiano observada foi decorrente do efeito do óleo bruto ou microemulsionado sobre a bactéria.
CONCLUSÃO:
Em conclusão, o óleo de copaíba apresenta importante atividade antibacteriana contra o S. epidermidis, sendo essa atividade mais expressiva quando se utiliza o óleo em condições satisfatórias de conservação, com baixa taxa de degradação das substâncias ativas. Dessa forma, comprova-se a relevância desse estudo com objetivo de potencializar os efeitos terapêuticos do óleo de copaíba utilizando-se microemulsões como sistema de liberação prolongado e controlado, para o tratamento de infecções ocasionadas por este microrganismo, principalmente, as infecções por dispositivos biomédicos, como os catéteres, próteses articulares e válvulas cardíacas.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq; Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior- CAPES.
Palavras-chave: Staphylococcus epidermidis, Óleo de copaíba, Microemulsão.