62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 6. Enfermagem Psiquiátrica
AS PRÁTICAS DE ABORDAGENS TERAPÊUTICAS NA PRODUÇÃO DO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL
Carliene Bezerra da Costa 1
Maria Salete Bessa Jorge 2
Antonio Germane Alves Pinto 3
Vinícia de Holanda Cabral 1
Hanna Helen Matos Dourado 1
Rozzana Oliveira Tabosa 1
1. Acadêmica da Universidade Estadual do Ceará - UECE
2. Doutora em Enfermagem, Docente da Universidade Estadual do Ceará
3. Doutorando em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual do Ceará
INTRODUÇÃO:

Os saberes e as práticas em volta da saúde mental eram permeados pelo sentido de atender primariamente em saúde. Esta situação nos impulsionava a requisitar da organização dos serviços de saúde uma constante (re)formulação de sua forma de operar o cuidado. A construção de uma nova forma de assistência ao doente mental conduz à visão de um modelo distinto do tradicional, que fundamentasse uma nova clínica a fim de construir um novo espaço social. As atividades aplicadas nos atendimentos grupais como expressões corporais, dança, pintura e artesanato podem atuar como uma forma de tratamento dentro das propostas de reabilitação psicossocial. Esse estudo poderá servir para ressaltar a importância das terapias grupais para o aumento da resolutividade da rede de atenção à saúde mental e para aprimorar os conhecimentos dos estudantes e dos profissionais de saúde acerca do assunto, permitindo uma mudança na prática do cuidado. A conquista de novos espaços como possibilidade de resgate da autonomia das pessoas portadoras de doença mental requisita uma nova configuração da produção do cuidado em Saúde Mental. Desse modo, objetiva-se descrever as práticas de abordagens terapêuticas grupais na produção do cuidado em saúde mental e sua resolutividade no cotidiano do CAPS.

METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo crítico e reflexivo com abordagem qualitativa, dentro de uma perspectiva crítico-analítica. O presente recorte teórico compõe a Pesquisa "Práticas de abordagens terapêuticas grupais dos trabalhadores de saúde na produção do cuidado em saúde mental - Fortaleza/CE". Os sujeitos do estudo foram os trabalhadores de saúde dos CAPS Geral, Infantil (CAPSi) e Álcool - outras drogas (CAPS AD) das Secretarias Executivas Regionais (SER) III e IV do Município de Fortaleza-CE sendo utilizadas a entrevista semi-estruturada, a observação sistemática e o grupo focal para coleta de dados. A análise dos dados pautou-se nos pressupostos da análise de conteúdo.
RESULTADOS:
Observa-se que as práticas grupais são reconhecidas pela equipe de trabalhadores como importante recurso terapêutico e possui um amplo espectro de possibilidades para a atuação clínica. As temáticas necessárias para evidenciação e expressão da subjetividade humana são incorporadas de forma significativa neste tipo de intervenção. Sua relevância no tratamento se reflete nas falas de alguns dos entrevistados, ao expressarem a noção de que o grupo, como recurso inserido no cardápio do serviço de saúde mental, possui a função principal de "tratar" o transtorno psíquico. Os trabalhadores do grupo, por sua vez, devem estar preparados para se adaptarem a diferentes necessidades que haverá entre os pacientes. Mas, além disso, tais profissionais se defrontam com suas próprias necessidades, herdeiros dos modos como ocorreram suas formações, bem como dos pressupostos que as orientaram. As temáticas necessárias para o desenvolvimento e expressão da subjetividade do usuário são incorporadas significativamente nas intervenções propostas. A possibilidade da ocorrência de diálogos e encontros calcados pela escuta genuína e acompanhamento direto na construção dos projetos terapêuticos cria um espaço para o compartilhamento de experiências e vivências.
CONCLUSÃO:

Conclui-se, portanto, que a prática cotidiana do cuidado em Saúde Mental no CAPS, além de outras modalidades, envolve o trabalho em grupo, principalmente pelo fato de possuir, em sua essência um movimento dinâmico que encontra ressonância no próprio gênero humano. As abordagens terapêuticas grupais apresentaram-se como uma importante estratégia de acompanhamento do tratamento do portador de doença mental no serviço especializado em saúde mental. É um importante instrumento para a reintegração social do portador de transtorno mental, proporcionando-lhe a capacidade de gerenciar suas próprias vidas e, até mesmo, motivando a atuação deste no próprio tratamento. Então, faz-se necessário a existência desse tipo de prática terapêutica no cotidiano do CAPS a fim de aumentar a resolutividade dos casos, rompendo com o modelo psiquiátrico tradicional, fortalecendo, assim, a proposta de reabilitação social.

Instituição de Fomento: MS-DECIT/CNPq/FUNCAP-PPSUS II
Palavras-chave: Saúde Mental, Serviços de Saúde Mental, Cuidado em Saúde Mental.