62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 2. Inspeção de Produtos de Origem Animal
ISOLAMENTO DE Enterococcus EM CARNE SUÍNA E DE AVES E IDENTIFICAÇÃO DE GENES DE RESISTÊNCIA AOS ANTIMICROBIANOS VANCOMICINA, AMPICILINA E GENTAMICINA POR REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE (PCR)
Fernanda de Castro Rodrigues 1
Patrícia Helena Caldeira da Silva 1
Angela Patrícia Santana 1
1. Lab.de Microbiologia de Alimentos, Fac.de Agronomia e Medicina Veterinária - FAV
INTRODUÇÃO:
Os Enterococos são bactérias amplamente distribuídas no meio ambiente e principalmente no trato gastrintestinal dos homens e dos animais. Algumas cepas desses microrganismos são utilizadas no processamento tecnológico de queijos, em produtos cárneos fermentados (FRANZ et al., 2001) e como probiótico (FRANZ et al., 2003). No entanto, são importantes patógenos em humanos e apresentam crescente resistência aos antimicrobianos (MURRAY, 1990). Segundo BOYLE et al. (1993), as bactérias do gênero Enterococcus foram classificadas como o segundo agente mais comum como causador de infecções nosocomiais. A preocupação na indústria de alimentos se deve à resistência dessas bactérias às altas temperaturas (MUNDT and GRAHAM, 1968). O gênero Enterococcus apresenta resistência intrínseca a vários antimicrobianos e também progressiva resistência adquirida a antimicrobianos comumente utilizados para tratar infecções enterocócicas (ELIOPOULOS et al., 1998), os genes de resistência microbiana podem ainda passar para outras bactérias presentes no organismo humano. Neste trabalho foi pesquisada a presença de genes de resistência à ampicilina, à vancomicina e à gentamicina em enterococos isolados de alimentos.
METODOLOGIA:
Foram analisadas 10 amostras de carcaças de frangos de granja resfriadas e 10 amostras de carne suína. As mesmas foram obtidas junto à estabelecimentos comerciais localizados no Distrito Federal. Os enterococos foram isolados com base nos seguintes critérios: crescimento em meio seletivo para enterococos, BBL Enterococcosel broth, Difco, (Becton Dickinson and Co., Sparks, MD) suplementado com 8µg/mL de vancomicina (VAN HORN et al., 1996) e no mesmo meio sem vancomicina. As amostras foram incubadas por 24 horas a 37˚ C, sendo que os meios BBL com crescimento negativo permaneceram incubados por mais 24 horas. O crescimento positivo é caracterizado pelo enegrecimento do meio devido à hidrólise da esculina. As amostras positivas foram semeadas em ágar sangue de carneiro 5% para a avaliação das colônias. Após repique em placas de ágar nutriente, foram realizados testes de Gram e da catalase e as amostras Gram positivas e catalase negativas foram repicadas em tubos com ágar nutriente. Para cada colônia típica foi realizada a PCR para detecção dos genes de resistência vanA, vanB e aac(6')-Ie-aph(2")-Ia.
RESULTADOS:
Das 20 amostras analisadas (sendo as 10 primeiras de frangos e as demais de suínos), todas estavam contaminadas com colônias fenotipicamente características do gênero Enterococcus. Para algumas amostras foram observadas colônias características desse gênero tanto em meio suplementado com vancomicina quanto em meio sem vancomicina. Foram isoladas 4 colônias da amostra 1, 2 da amostra 4, 2 da amostra 6, 2 da amostra 7, 2 da amostra 8, 2 da amostra 9, 2 da amostra 10, 2 da amostra 13, 2 da amostra 15, 2 da amostra 16 e 2 colônias da amostra 19. Para as demais amostras, foram isoladas apenas 1 colônia de cada amostra perfazendo um total de 33 colônias obtidas. Das 33 colônias obtidas, 3 colônias não cresceram quando repicadas para proceder a PCR. Das 30 colônias restantes, em 7 foram detectados genes de resistência à gentamicina, em 12 foi detectada resistência à ampicilina/vancomicina devido à detecção do gene vanA e 2 apresentaram resistência à ampicilina/vancomicina devido à detecção do gene vanB. Neste trabalho foram observados genes de resistência não detectados em trabalho anterior realizado com swabs de cloaca feitos em frangos de propriedades rurais localizadas no Distrito Federal. Os resultados obtidos com carne suína corroboram aqueles encontrados em outros países.
CONCLUSÃO:
A possível transferência da resistência microbiana dos animais para o homem é um tema de grande importância e que tem mobilizado esforços de controle por parte de várias instituições internacionais, incluindo OMS, OIE e Codex Alimentarius. A presença desses microrganismos em alimentos de origem animal causa preocupações, sendo que as duas principais são a transferência dos microrganismos resistentes que podem, assim, causar uma infecção de difícil controle e a transferência dos genes de resistência dos microrganismos de origem animal para os microrganismos de origem humana (ANVISA, 2008). O trabalho levanta dados sobre a presença de enterococos portadores desses genes de resistência aos antibióticos em alimentos comercializados no Distrito Federal, e essa é uma informação importante, visto a crescente preocupação com a qualidade dos alimentos por parte dos órgãos fiscalizadores e dos consumidores. As perspectivas são que se possa também estudar a epidemiologia desses genes para mobilizar ações com o objetivo de controlar a crescente resistência aos antimicrobianos nas bactéria do gênero Enterococcus.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Enterococcus, Alimentos, Distrito Federal.