62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 5. Histologia
Análise histológica dos efeitos de citrato de ródio conjugado à nanopartículas magnéticas em camundongos inoculados com tumor de mama
Raphael Cândido Apolinário Peixoto 1
Marcella Lemos Brettas Carneiro 1
Ricardo Guirelli Simões de Oliveira 1
Sônia Nair Báo 1
1. Universidade de Brasília/UnB
INTRODUÇÃO:

O câncer de mama representa uma das principais causas de morte em mulheres e é o segundo tipo de câncer mais freqüente no mundo, com estimativa de 49 mil novos casos, em brasileiras, para 2009, segundo Inca 2008. Uma nova abordagem terapêutica para o câncer, a nanobiotecnologia, possibilita que nanopartículas metálicas magnéticas recobertas com fosfolipídios (magnetolipossoma) direcionem quimioterápicos de forma específica. É descrito que citrato de ródio (II), um complexo metálico, apresenta atividade antitumoral em carcinoma mamário ascítico de Ehrlich. Devido a estes complexos induzirem toxicidade sistêmica, associá-los a nanopartículas magnéticas pode melhorar sua eficácia antitumoral. Assim, o citrato de ródio (II) associado com magnetolipossoma poderia ser testado in vivo para estabelecer seus efeitos em tumores de mama. Nesse contexto, torna-se necessário, primeiramente, analisar o desenvolvimento tumoral na glândula mamária murina. Deste modo, foram realizados testes para avaliar o crescimento de células de carcinoma mamário 4T1 em camundongos fêmeas isogênicos. Essa linhagem celular apresenta comportamento metastático semelhante ao câncer de mama humano além de possibilitar sua inoculação ortópica, o que a torna vantajosa em relação a outros modelos de linhagens tumorais. A partir da padronização do crescimento tumoral poderão ser realizados tratamentos com citrato de ródio (II) associado com nanopartículas magnéticas em camundongos inoculados com tumor de mama.

METODOLOGIA:
As células 4T1 foram cultivadas com meio de cultura Dulbecco's Modified Eagle's Medium (DMEM) (0,1% de penicilina/sem soro fetal bovino) em incubadora úmida à 37ºC com 5% de CO2. Camundongos fêmeas BALB/c foram mantidos à temperatura de 23ºC com ciclo claro/escuro de 12/12 horas e com fornecimento de água e ração ad libitum. Para a indução tumoral, os animais foram anestesiados com solução de quetamina / xilazina (20mg/kg e 12mg/kg, respectivamente) e as células (2x104) foram inoculadas na glândula mamária. Em dias alternados, do 5º ao 21º, os camundongos foram sacrificados por deslocamento cervical para excisão do tumor mamário. Seu volume foi mensurado com paquímetro (volume mm3 = largura x comprimento x altura) e o processamento histológico foi realizado conforme é descrito na literatura. As amostras foram seccionadas (3 a 5 μm) e os cortes foram corados com hematoxilina-eosina (H&E), analisados e fotografados em Microscópio Zeiss Axiophot.
RESULTADOS:
O tumor foi visualmente notado 12 dias após a inoculação de 2x104 células na glândula. O volume tumoral nos dias 14, 16, 18 e 21 foi de respectivamente 46, 126, 275, e 3074mm³ sendo que do 5º ao 12º dias a área foi inferior à 14mm². Com base nessas medidas a análise histológica foi feita apenas nas glândulas mamárias dos dias 5, 12 e 21. No dia 5 observou-se baixa vascularização, fibras musculares intactas e ductos bem delimitados com início de hiperplasia. No 12º dia percebeu-se alta vascularização, hiperplasia significativa nos ductos e infiltrado inflamatório no tecido conjuntivo adjacente aos vasos sanguíneos, sem alterações nas fibras musculares. Após 21 dias verificou-se intensa proliferação celular, infiltração de células neoplásicas no tecido muscular, vasos sanguíneos (aspecto hemorrágico), ductos e estromas. Além disso, foi observado em regiões de alta proliferação celular uma intensa atividade mitótica e núcleos pleiomórficos característicos de células neoplásicas.
CONCLUSÃO:
A indução tumoral com células de carcinoma murino 4T1 via ortópica se mostrou adequada para a realização de tratamentos com citrato de ródio II livre e associado com magnetolipossomos. Além disso, este modelo experimental é eficiente para testar agentes antitumorais, pois apresenta comportamento similar ao modelo de câncer humano. Em nosso estudo, foi possível delimitar a concentração celular a ser inoculada na mama, assim como o número de dias necessários para o estabelecimento tumoral adequado ao tratamento que foi entre o 5º e 12º dia. Além disso, o tumor do dia 21 possibilitou identificar as características histológicas da proliferação tumoral.
Instituição de Fomento: CNPq, CAPES e FINEP
Palavras-chave: câncer de mama, citrato de ródio (II), nanopartículas magnéticas.