62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais
FLAVONÓIDES TOTAIS, TOXICIDADE, ATIVIDADES ANTIMICROBIANA E ANTIOXIDANTE DE EXTRATOS DOS FRUTOS DE Campomanesia pubescens E Campomanesia xanthocarpa
Gustavo Ruivo Salmazzo 1
Claudia Andréa Lima Cardoso 2
Margareth Batistote 1
1. Curso de Química, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS
2. Profª Drª/Orientadora -Curso de Química, Universidade Estadual de Mato Grosso do
INTRODUÇÃO:
As plantas do gênero Campomanesia, família Myrtaceae, popularmente conhecidas como guavira ou guabiroba são de grande abundância em regiões de cerrado. A espécie Campomanesia pubescens (DC.) O. Berg trata-se de um arbusto caducifólio de 1-2 metros de altura. A espécie Campomanesia xanthocarpa O. Berg é uma frutífera cultivada em pomares domésticos, a qual chega a 10 metros de altura. Os frutos das duas espécies amadurecem de novembro a dezembro e apresentam polpa suculenta. A revisão bibliográfica revela que as pesquisas com as plantas do gênero Campomanesia são reduzidas e, no entanto, a população utiliza as plantas do gênero para fins medicinais. As espécies analisadas não apresentam na literatura estudos de composição de extratos orgânicos dos frutos. Assim evidencia-se a necessidade de se explorar as plantas deste gênero em diversos aspectos, tais como: químico e farmacológico. Este trabalho teve como objetivo avaliar o teor de flavonóides totais, toxicidade e atividades antimicrobiana e antioxidante dos extratos dos frutos de C. pubescens e C. xanthocarpa.
METODOLOGIA:
Os frutos de C. pubescens (CP) e C. xanthocarpa (CX) foram coletados em Mato Grosso do Sul. No preparo dos extratos empregaram-se os frutos in natura triturados, sendo que esses foram submetidos a extrações seqüenciais. Empregou-se hexano e depois acetato de etila para os frutos de CP. Para CX, o baixo rendimento das extrações com acetato de etila levou a substituição do mesmo por etanol. Os extratos foram concentrados em evaporador rotativo e secos em capela. No teste de atividade antioxidante fez-se o monitoramento, por espectrofotometria de absorção molecular (EAM) a 517 nm, da inibição do radical livre DPPH (1,1 - difenil - 2 picril - hidrazila) na presença das amostras em 4 concentrações. Na determinação do teor de flavonóides totais construiu-se uma curva analítica por EAM com o padrão quercetina (415 nm). Para o teste de toxicidade separou-se 10 naupilus de Artemia salina por frasco contendo 4,5 mL de solução marinha artificial e 0,5 mL de amostra, sendo que após 24 horas contou-se o número de mortos e vivos. A atividade antimicrobiana foi avaliada pelo método de difusão em disco com 6 cepas bacterianas: P. aeruginosa e E. faecalis (controle positivo (CoP): amicacina 30 µg), S. aureus (CoP: cefuroxina 30 µg) , E. coli, S. tifi e S. flexonela (CoP: tetraciclina 30 µg).
RESULTADOS:
No preparo dos extratos obteve-se um rendimento de 1,36% para o extrato hexânico (EH) de CP, 2,38% para o extrato acetato de etila (EAcEt) de CP, 0,15% para o EH de CX e 7,07% para o extrato etanólico (EE) de CX. No teste de atividade antioxidante os extratos dos frutos de CP apresentaram atividades bem diferentes entre si, pois o EH apresentou percentual de inibição máximo (PIM) igual a 17,22% enquanto que o PIM do EAcEt foi de 90,21%. Para os extratos dos frutos de CX obteve-se um PIM de 72% para o EH e 88,21% para o EE. Na determinação de flavonóides totais obteve-se 18,28 mg/g para o EAcEt de CP, 16,22 mg/g para o EH de CP, 9,33 mg/g para o EH de CX e 11,70 mg/g para o EE de CX. No teste de atividade antimicrobiana, os controles negativos não apresentaram halos de inibição, enquanto que todos os extratos (160 µg por disco) apresentaram halos de inibição frente a todas as cepas testadas, apesar destes se mostraram inexpressivos quando comparados aos padrões (cerca de 5-10% do valor dos padrões). Com relação ao teste empregando Artemia salina os extratos não apresentaram toxicidade nas concentrações testadas (8 a 80 µg/ml), sendo que concentrações maiores não foram testadas devido à baixa solubilidade dos extratos.
CONCLUSÃO:
Os resultados obtidos para a atividade antioxidante revelam que os frutos de C. pubescens e C. xanthocarpa possuem substâncias capazes de transferir átomos de hidrogênio aos radicais livres, fazendo desses frutos um alimento com atividade antioxidante. O teor de flavonóides mostrou correlação com o resultado de atividade antioxidante apenas para o EAcEt de CP, enquanto que os demais extratos não apresentaram esta correlação. Provavelmente, pela presença de espécies de outras classes de compostos com atividade antioxidante além dos flavonóides. O estudo da toxicidade revelou que os extratos não apresentam toxicidade até a concentração 80 µg/mL. Apesar de discreta quando comparada aos padrões, a atividade antimicrobiana dos frutos de CX e CP pode apresentar resultados promissores em estudos posteriores com substâncias isoladas destes extratos.
Instituição de Fomento: CNPq, FUNDECT, UEMS
Palavras-chave: Campomanesia, Flavonóides, Atividade antioxidante.