62ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 4. Sociolingüística
ESTUDO SOCIOLINGUÍSTICO DO DISCURSO DA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE CONCEIÇÃO DO IMBÉ (CAMPOS DOS GOYTACAZES-RJ): PRESERVAÇÕES E MUDANÇAS
Graziela Escocard Ribeiro 1
Priscila Neves da Silva 1
Vania Cristina Alexandrino Bernardo 1, 2
1. NECEL / Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense - IFF
2. Profª. Drª. / Orientadora - NECEL - IFF
INTRODUÇÃO:

Esta pesquisa vem ao encontro de propostas de inclusão social do Governo Federal, haja vista as ações da SEPPIR-Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e está associada a pesquisas realizadas no IFF, no âmbito da memória social.  O projeto visa a investigações sociolinguisticas, cujo objeto são os falares campistas e os dialetos afro-brasileiros, mesclados no estrato social eleito, o Quilombo de Conceição do Imbé, Campos dos Goytacazes-RJ, cujo reconhecimento pelo poder público foi em 2005 (DOU). Pretende-se também dar mais visibilidade àquela comunidade, no que tange ao discurso que lhes é peculiar, já que as questões sociais  e as linguísticas consideram-se com desdobramentos, pois cultura e idioma são indissociáveis. Analisam-se outros aspectos sociais que o processo investigativo apontam como importantes uma vez que apontam como importantes uma vez que influenciam o modus vivendi da comunidade, tais como: escolaridade e expectativa de vida. Até a primeira metade do século XX, a questão da variação linguística foi negligenciada. A partir dos anos 60, com a decisiva influência de Labov (Linguística Variacionista), é que essa relação (sociedade e língua) passou a ser objeto de estudo. Nessa direção, analisa-se a língua em termos diatópicos (variantes regionais) e idiossincráticos (idioletos).    

METODOLOGIA:

O modelo teórico-metodológico da Sociolinguística parte do objeto bruto, o fato linguístico em si, que é ao mesmo tempo a base para o estudo linguístico. A metodologia básica a ser usada será a da entrevista sociolinguística com coleta de narrativas de experiência pessoal. As entrevistas têm sido feitas por meio de (i) Fichas Sociais, a serem preenchidas pelo entrevistador; (ii) Gravações em áudio e/ou vídeo; (iii) Formulários módulos (ou roteiros) de perguntas: um questionário-guia de entrevista a ser preenchido pelo entrevistado. Este último método, segundo Tarallo, objetiva a homogeneização dos dados dos vários informantes para posterior comparação; o controle dos tópicos de conversação; a elicitação de formas linguísticas variadas e a provocação de narrativas pessoais.

RESULTADOS:

Na enunciação das narrativas orais produzidas pela população quilombola de Conceição do Imbé e nas entrevistas orais e por escrito com os informantes, configuraram-se duas variações mais presentes: a diastrática e a diatópica. A primeira, que pôde ser constatada entre os informantes os quais possuíam um grau de escolaridade aquém da 2ª série do Ensino Fundamental, apresentou como principais fenômenos a presença do /s/ somente em uma palavra num dado sintagma nominal e a silepse de número ("a gente" = sujeito acompanhado do verbo na 1pp). A segunda caracterizou-se, principalmente, pelo rotacismo (/l/ →/r/) e pelo uso do gerúndio sem o /d/.

CONCLUSÃO:

Embora a comunidade em estudo seja de afros-descendentes, a partir da elicitação do léxico analisado, constataram-se variantes diastráticas e diatópicas semelhantes àquelas do interior do Município, devido à proximidade geográfica e ao constante intercâmbio sociocultural entre tais populações, o que ratifica as iniciativas ligadas às políticas afirmativas que têm sido desenvolvidas pelo Governo Federal.

Instituição de Fomento: PIBIC - IFF / CNPQ - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Palavras-chave: Memória, Quilombo, Conceição do Imbé.