62ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 1. Literatura Brasileira
ORALIDADE SERTANEJA NA LITERATURA: AS ESTÓRIAS DO SERTÃO E A PERPETUAÇÃO DO IMAGINÁRIO COLETIVO EM A CASA.
Sérgio Wellington Freire Chaves 1
Ana Carla de Sousa Ferreira 1
Wênia Keila Lima de Sousa 1
Liduína Maria Vieira Fernandes 2
1. Depto.de Letras/Língua Portuguesa, FAFIDAM / UECE, Limoeiro do Norte/CE
2. Profa. Dra./Orientadora - Depto.de Letras - UECE/CE
INTRODUÇÃO:
A Literatura Oral do Brasil terá como elementos precípuos estórias vindas além-mar, unindo-as as já conhecidas e repassadas pelos ameríndios, os nativos. Estas estórias orais foram, por meio de um fenômeno literário, inseridas na literatura escrita; vivendo ambas independentes. Este fenômeno subsidia a perpetuação das estórias orais e cultura em geral, por meio do registro escrito. Desejamos entender como dar-se este processo do registro da oralidade no texto literário e compreender a relevância desta escrita literária, que busca valorizar a cultura e oralidade, para a conservação do patrimônio histórico-cultural de determinada sociedade. A referida pesquisa se justifica como relevante pelo fato de discutirmos a necessidade e funcionalidade do assentamento escrito das estórias faladas pelo sertanejo simples; falares que muito esclarece sobre suas crenças, mitos, ritos e superstições.
METODOLOGIA:
Para tal tarefa, procedemos por escolher a obra cearense A Casa, da escritora Natércia Campos, por nesta haver elementos incontáveis comprobatórios da inserção das estórias orais bem como das marcas de oralidade da sociedade sertaneja. Pautando-nos em teóricos como: BACHELARD (2000), LAPLANTINE e TRINDADE (2003), LIMA (2009), GALVÃO (1998), ZUMTHOR (1993) entre outros, discutimos sobre o espaço como fomento à contação de estórias, imaginário coletivo, cultura e povo do sertão e a oralidade na literatura. Todavia, é com CASCUDO (2001) que abarcamos os saberes primordiais arrolados à cultura e oralidade do humilde homem sertanejo. Foi do diálogo entre os já citados teóricos e a obra literária naterciana - A casa - bem como análise e interpretações, que desejamos apresentar dados que justifique histórico, cultural, social e literariamente a importância e valia de textos que perpetuam as estórias orais de determinada gente.
RESULTADOS:
Os resultados clarificam indiscutivelmente a existência de textos literários que apresentam fortes marcas de oralidade bem como resgatam e registram as conhecidas "estórias de trancoso". O fenômeno literário se apresenta por variados motivos; o mais plausível é que as estórias orais se vinculam à escrita para garantir cada vez mais sua eternidade perante as novas gerações; uma vez que a oralidade, aquela ao pé da fogueira nas noites de lua, do fogão à lenha, do alpendre da casa do campo... aquela descontraída e espontânea, na contemporaneidade, com o advento das tecnologias de comunicação e interação, vem sofrendo processo de desvalorização, sobretudo nas grandes cidades. É buscando sanar a falta de repasse destas estórias orais, que constituem nossa cultura, que a Literatura Escrita, aquela que se enquadra à normas específicas, impressa, dos grandes clássicos, contemporaneamente inseriu de forma veemente as estórias, lendas, mitos, superstições, ritos e crenças do seu povo; é uma ansiedade de registrar e perpetuar uma Literatura Oral que, por meio de memórias saudosistas, insistem, felizmente, em permanecer na lembrança dos povos, mas fadado a escassez e esquecimento por parte significante de pessoas. Dar-se aí a necessidade de registrar.
CONCLUSÃO:
Concluímos, visto os resultados de nossas análises, que estas estórias orais, inseridas na escrita em especial pelos escritores regionalistas, fortalecem a cultura nacional e nada depauperam a oralidade existente e imortal; pois a oralidade segue seu curso, adequando-se à região, aos costumes, ao povo local, evidentemente guardando os traços fundamentais que o constitui; enquanto a escrita permanece exata, oferecendo registro incontestável ao futuro. Ora, sabemos que por mais valoroso que a oralidade seja, e em momento algum pretendemos aqui diminuí-la, senão valorizá-la, existem, entretanto, falhas na contação de estórias e distorções que inviabilizam a certeza da perpetuação tal qual a gênesis.
Palavras-chave: Romance, Oralidade, Imaginário.