62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 7. Planejamento Urbano e Regional - 4. Planejamento Urbano e Regional
O TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA NA RESEX PRACUÚBA GRANDE, NA ILHA DO MARAJÓ: POSSIBILIDADES E CONTROVÉRSIAS DO MODELO DE DESENVOLVIMENTO.
Andréia Neves da Silva 1
Andressa Borges Alves 2
Simy de Almeida Corrêa 1
Sabrina Mesquita do Nascimento 1
1. Mestrandas em Planejamento do Desenvolvimento Sustentavel - NAEA/UFPA
2. Prefeitura Municipal de São Sebastião da Boa Vista, Estado do Pará.
INTRODUÇÃO:

O turismo de base comunitária destaca a capacidade de gerar demandas e propostas vinculadas às peculiaridades do cotidiano das comunidades tradicionais, inserindo conhecimentos e cultura de comunidades locais no planejamento  regional.

Este trabalho objetiva analisar as possibilidades de inserção do Turismo de base comunitária na RESEX Pracuuba Grande, no Marajó (Pa), como alternativa ao planejamento e desenvolvimento regional estatal.

O Marajó é caracterizado pela população ribeirinha, caracterizada por diversos rios, igarapés, ilhas e biodiversidade, com forte identidade cultural, resistente há  milhões de séculos nesta região. A busca por atividades alternativas, que relacionem a preservação cultural e ambiental e o desenvolvimento desta população, ainda é um desafio continuo para a gestão local, visto os antecedentes déficits social, econômico e político da região. Assim, a relevância da discussão, destaca a importância do planejamento turístico regional, para atingir benefícios sócio-econômicos para a sociedade. Dessa forma, a proposta de um turismo com a participação das comunidades tradicionais representa uma possibilidade de se tornarem protagonistas de seus modos de vida e manejo dos recursos naturais que produzam o desenvolvimento local.

METODOLOGIA:

O presente trabalho utilizou como método a observação não participante, utilizando a técnica da entrevista, com questionários fechados, aplicados aos principais sujeitos envolvidos no processo decisório do planejamento regional como gestores, técnicos e representantes das comunidades tradicionais da RESEX Pracuúba Grande, somando um total de vinte entrevistas, utilizada como estratégia para identificarmos o que realmente era feito para a implementação do turismo de base comunitária e como este era reconhecido diante da comunidade como possibilidade de desenvolvimento regional.  Utilizamos a observação não participante como método, com o intuito de analisar a aproximação entre o discurso e a realidade local, com isso aderindo à análise de discurso.

Dados primários e secundários foram levantados como fonte de pesquisa, através de instrumentos de análise documental, como os relatórios de gestão e Plano Pluri Anual - PPA, Plano Diretor.

RESULTADOS:

A análise realizada identificou uma economia baseada na atividade produtiva do setor primário, destacando-se o extrativismo do açaí, palmito, madeira e posteriormente a agricultura e pesca artesanal do camarão e peixe. De acordo com os resultados de análise, o turismo de base comunitária na RESEX Pracuuba Grande no Marajó é possível, mas depende de outros fatores para ser concretizado, além dos recursos naturais e culturais que dispõem a região. 

Um dos entraves identificados ainda é a ausência de recursos necessários para implementar  as políticas definidas nos instrumentos de planejamento regional relacionado à vontade política, quando se trata de definir prioridades no processo decisório, visto o histórico de abandono de governos anteriores, o que aumentaram os índices de pobreza e desigualdade da região.

De acordo com dados coletados, há a possibilidade de mudança da realidade da população da região, através da inserção do turismo de base comunitária, visto a riqueza cultural e turística da região, aliada a organização local e fortalecimento da participação dessas comunidades diretamente no processo de planejamento regional.

CONCLUSÃO:

A implementação do turismo de base comunitária necessita concomitantemente da implantação de incentivos econômicos relacionados diretamente ao setor produtivo, novas tecnologias e estudo de mercado. Agregado a isto, deve haver o fomento no âmbito social e político, fortalecendo o capital social na região. Entretanto, a mobilização e articulação da comunidade  devem se direcionar a ações de seu próprio cotidiano social, em conjunto com o Estado, demais comunidades e instituições que influenciam no processo decisório. Desta forma, trata-se de um processo em construção permanente, de uma ação conjunta entre os diversos atores envolvidos, para a aplicação de um modelo de planejamento estratégico situacional e assim promover o desenvolvimento regional sustentável.

A propagação do turismo de base comunitária, como alternativa de desenvolvimento da comunidade local, dentro do planejamento regional deve ser utilizado a favor das demandas e necessidades das comunidades tradicionais, partindo do principio de que o desenvolvimento depende consideravelmente da atividade e prerrogativa do beneficio local, isto é, o turismo deve ser determinado e controlado pelas populações locais, considerando que a maior parte dos benefícios desse modelo de turismo deve permanecer na região. Utilizado dessa maneira, é de fato um instrumento de transformação social.

Palavras-chave: Turismo de base comunitária, Participação, Planejamento regional.