62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Gestão e Administração - 2. Cultura Organizacional
A RELAÇÃO DE GESTORES EDUCACIONAIS COM FERRAMENTAS DE COMUNICAÇÃO - PESQUISA EM DESENVOLVIMENTO NO IFPB
Ana Carolina de Araújo Abiahy 1
Sérgio Rodrigo Alves Maciel 1
1. Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB)
INTRODUÇÃO:
Nossa pesquisa analisa a relação de gestores de uma instituição pública educacional com as ferramentas de comunicação. Partimos da evidência de que a comunicação é a instância de estímulo aos diversos públicos da instituição e, assim, as práticas cotidianas dos gestores devem levar em conta as possibilidades de ampliarem sua atuação através dela. Percebemos que a comunicação facilita o trânsito entre os atores da organização e desses com os diversos segmentos da sociedade e cumpre papel fundamental em uma instituição que atravessa uma transformação em seu perfil, como é o caso do recém-criado Instituto Federal de Educação, surgido na reestruturação da rede de ensino tecnológico. As mudanças implicam na adequação de missão e valores e refletem com toda a cultura organizacional. Os objetivos da pesquisa, sobre a relação de gestores com a mídia e as estratégias de comunicação aproveitadas no funcionamento do setor, nos revelam práticas e procedimentos da instituição mediante a cultura organizacional construída. A pesquisa se mostra relevante na relação administração-comunicação, no planejamento de gestão e contribui para a formulação, de um plano fortalecido de comunicação institucional.
METODOLOGIA:
A pesquisa qualitativa é desenvolvida no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia da Paraíba desde agosto de 2009. A construção da análise é feita com base nas entrevistas realizadas com os gestores e na observação do funcionamento dos setores em análise. Foram selecionados 14 setores sistêmicos, entre pró-reitorias, coordenações e departamentos para serem analisados. A seleção levou em conta que esses setores, potencialmente, teriam mais necessidade de se utilizarem de ferramentas diversas de comunicação, por terem uma maior interlocução com públicos diferenciados dentro e fora da instituição. Os pesquisadores se utilizam de um questionário-base com cerca de 20 perguntas e se apóiam nesse roteiro como ponto inicial. Os pesquisadores se utilizam da técnica de entrevista estruturada. A ideia é construir diálogo, permitir que o entrevistado se expresse e que haja interação. Além das respostas do pesquisado, a observação das práticas do setor e até a coleta de materiais podem auxiliar a compreensão da relação gestor-comunicação. O uso do gravador e das anotações é necessário. Percebemos que o início da entrevista deve levar em conta a formulação de um perfil biográfico do gestor em análise, com coleta de dados sobre sua formação e experiência.
RESULTADOS:
Com base nos estudos sobre comunicação pública, através das análises de textos de Pierre Zemor, Jorge Duarte, Elisabeth Brandão e Heloiza Dias, compreendemos que cada gestor também é responsável pela comunicação com a sociedade e dessa forma deve aprimorar a utilização das ferramentas de comunicação em seu trabalho. Muitas vezes, percebemos uma resistência de renovar as práticas cotidianas no serviço público. Vemos que a conquista de um Estado democrático passa pela necessidade de mudar nas instituições públicas a noção imbuída, durante décadas, de controle da informação ou acesso limitado do cidadão. Os estudos que vem se desenvolvendo no Brasil acerca da Comunicação Pública deixam clara a noção de que cada componente da instituição é um responsável em facilitar o diálogo com os diversos segmentos da população. Essa questão não é tão pacífica e gerou pontos de reflexão, tendo em vista que a posição do gestor também é a de "proteger" a imagem de uma instituição, o que gera conflito acerca da interferência de vozes discordantes que podem vir dos setores multifacetados da sociedade. A compreensão acerca do seu papel como um mediador entre as políticas públicas e a necessidade dos distintos setores sociais ainda está em construção.
CONCLUSÃO:
Através das análises da pesquisa que está em curso, vemos que setores diversos ainda não percebem a abrangência de seu trabalho e a necessidade de ampliar as formas de se comunicar, tendo em vista a expansão crescente da instituição, tanto em posição geográfica quanto em modalidades e ramos de atuação. Práticas cotidianas que eram adequadas a um cenário preliminar agora se mostram insuficientes e é preciso adotar novas estratégias, porém a cultura organizacional é algo que demanda tempo para se consolidar e para se modificar. Um dos problemas é a falta de percepção de adequar a comunicação com o público a ser atingido, mesmo em plena Sociedade Informacional. Ainda há a necessidade de diversificar as formas de comunicação, integrando-se a novos recursos tecnológicos bem como intensificando os contatos entre os próprios setores, criando processos com base em análise prévia dos públicos-alvos. Muitas vezes, o desejo inicial é fortalecer a ponte dos gestores com a comunidade externa, mas o diálogo entre os diversos segmentos que compõem a comunidade interna também precisa receber atenção. Uma orientação para procedimentos padrões, para a adoção de uma postura mais dinâmica e a inclusão de novas tecnologias no funcionamento do setor parece uma necessidade inadiável.
Instituição de Fomento: Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB)
Palavras-chave: comunicação pública, gestão, ensino.