Este trabalho é fruto das reflexões sobre os papéis desempenhados pelas mulheres na sociedade, definidos a partir de uma estrutura patriarcal e machista, e por relações desiguais de gênero que constroem imagens diferenciadas para homens e mulheres nos diversos campos da vida social. Nesse sentido, analisou-se tais relações junto às alunas e alunos do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA), do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Buriticupu-MA. Buscou-se compreender os principais motivos que levaram às alunas do PROEJA a não concluírem os estudos, em comparação aos motivos dos alunos, partindo-se assim, do pressuposto que as relações desiguais entre os sexos, construídas histórica e socialmente, influenciaram nesse processo.

Os métodos privilegiados na investigação foram pesquisa e análise bibliográfica a respeito da temática, tais como Scott (2005), Saffioti (1976), documentos base do PROEJA (2007), entrevistas estruturadas com as alunas e alunos do PROEJA dos seguintes cursos do Ensino Médio: técnico em vendas e técnico em secretário escolar do município de Buriticupu, e análise comparativa.

No universo de 80 alunos, trabalhamos com amostragem de 24 entrevistas, sendo 12 mulheres e 12 homens. Ao compararmos os principais motivos que levaram os (as) alunos (as) à interrupção dos estudos, 75% das mulheres mencionaram aspectos relacionados ao casamento e cuidados com os filhos, enquanto que 58,3% dos homens responderam como principal causa a necessidade de trabalhar para prover o sustento da família. Ao analisarmos essas respostas, verificamos como a questão de gênero está intrínseca nos motivos de ambos os sexos, para as mulheres os fatores estão relacionados com os papéis impostos socialmente para elas como mãe e cuidadora do lar, expressando a esfera privada como lócus de atuação feminina, já para os homens os fatores estão ligados à imagem do homem como provedor da família, refletido na esfera pública como lócus privilegiado de sua atuação na sociedade.

A partir das análises dos dados levantados, concluímos que o PROEJA enquanto um programa de garantia de acesso à educação e formação profissional, deva expressar-se como direito social de todos independente de sexo, considerando assim, como princípio base para a execução do programa, as relações de gênero na sociedade, tendo a educação como elemento fundante para formação humana e das identidades sociais dos indivíduos, deve corroborar para a desconstrução das desigualdades de gênero na sociedade.