62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 5. Educação de Adultos
O MOVIMENTO DE EDUCAÇÃO DE BASE EM TEFÉ/AM: EVOLUÇÃO E PRÁTICA EDUCATIVA (1981 - 1988).
Ruth Uchoa de Alencar 1
Leni Rodrigues Coelho 1
Fabrício Valentim da Silva 2
1. Universidade do Estado do Amazonas/UEA
2. Universidade Federal do Amazonas/UFAM
INTRODUÇÃO:

O Movimento de Educação de Base foi criado em 1961 em parceria com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da União. O MEB tinha o intuito de oferecer à população rural uma alfabetização em que propiciasse o ser humano uma base mais ampla para que este tivesse condição de se defender das ideologias difundidas naquele período. Este movimento foi o único que sobreviveu ao golpe da ditadura militar, porém, começou aos poucos a se extinguir, com exceção em alguns municípios no norte do país. O MEB em Tefé tinha como objetivo prestar serviços à população ribeirinha que se encontrava esquecida, bem como orientar e conscientizar a população menos favorecida do seu valor como ser humano. A presente pesquisa tem os seguintes objetivos: analisar a evolução do Movimento de Educação de Base em Tefé/AM no período de 1981 a 1988; analisar a prática educativa do MEB em Tefé e identificar as redefinições do projeto político-pedagógico do MEB em Tefé/AM no período da ditadura. Acredita-se que a pesquisa em questão se faz relevante por preencher lacunas na história da educação de jovens e adultos em Tefé.

METODOLOGIA:

A pesquisa foi fundamentada em documentos oficiais acerca do MEB que se encontram na Prelazia e no Centro Irmão Falco em Tefé/AM. Foi utilizada também técnica de História Oral para analisar de forma mais consistente as ações do movimento. Meihy (2007), afirma que a História Oral é um recurso moderno, capaz de promover análise de processos sociais. Para isso foi elaborado um roteiro de entrevistas com perguntas norteadoras sobre o MEB entre 1981 e 1988 e foram entrevistados três ex-professores, três ex-alunos e duas ex-supervisoras que participaram deste movimento, bem como os manuais pedagógicos e o estudo bibliográfico referente ao tema para embasar teoricamente a pesquisa.

RESULTADOS:

Diante da análise documental verificou-se que o MEB escolhia os professores e monitores para atuarem na alfabetização de jovens e adultos na comunidade em que os alunos estavam inseridos. Fazia-se um levantamento de informações e escolhiam aqueles sujeitos que sabiam ler e escrever para lecionar. No que se refere ao cargo de supervisor constatou-se que este era ocupado por meio de processos seletivos sendo que os candidatos eram submetidos a uma avaliação para testar seus conhecimentos na área. Quanto à qualificação dos professores e monitores verificou-se a partir das entrevistas concedidas pelas ex-professoras que as mesmas não dispunham de formação específica para lecionar, mesmo por que em Tefé, a população ainda não usufruía o direito de cursar universidade, uma vez que esta foi inaugurada apenas no ano de 2000. As pessoas que possuíam melhores condições econômicas tinham que ir para outras cidades para continuar os estudos e estas nem sempre cursavam licenciaturas ou mesmo retomavam para a cidade de origem. Neste período era comum admitir alunos ao cargo de professores mesmo que não tivessem concluído o Ensino Fundamental.

CONCLUSÃO:

O MEB adotava os princípios de Paulo Freire, já que levava em conta a realidade vivenciada pelo educando, bem como propiciava aos professores autonomia em seu trabalho pedagógico. No entanto ao analisar as entrevistas constatou-se que no MEB em âmbito local havia controle no que se refere ao trabalho didático-pedagógico desenvolvido pelo professor em sala de aula. A ex-supervisora do MEB afirma que supervisionava o trabalho pedagógico dos professores para verificar se os alunos estavam se desenvolvendo intelectualmente. Apesar da fiscalização dos supervisores percebeu-se que as atividades pedagógicas eram pensadas e desenvolvidas com base nas experiências adquiridas nos encontros realizados com monitores, supervisores e coordenadores do programa. Neste momento os professores podiam criticar o que não estava dando certo, sugerir melhoras e expor suas idéias. No que tange aos alunos do MEB, percebeu-se melhoria na qualidade de vida, uma vez que estes tiveram a oportunidade de produzir e cultivar hortas comunitárias, gerando assim mais recursos para as despesas básicas da família e aos próprios moradores da comunidade.

Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas/FAPEAM
Palavras-chave: EJA, MEB, Educação Popular.