62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
PRÁTICA PEDAGÓGICA ALTERNATIVA NO ENSINO DE QUÍMICA COM ALUNOS SURDOS E OUVINTES DA EJA
Niely Silva de Souza 1, 2
Ellen Moreira Brandão 1
Gesivaldo Jesus Alves de Figueirêdo 1
Sany Delany Gomes Marques 1
Jaqueline Borba de Oliveira 2
Alessandra Marcone Tavares Alves de Figueirêdo 1
1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba - IFPB
2. Universidade Federal da Paraíba- UFPB
INTRODUÇÃO:

A Educação Básica Brasileira sofreu várias reformas que geraram debates a respeito da diversidade e da didática. Apesar disto, as pesquisas indicam lacunas entre as proposições dos Parâmetros Curriculares Nacionais e a sala de aula. O Ensino de Ciências permanece nos moldes da escola tradicional, o 'decoreba' da teoria e a ínfima relação com a prática, o que gera o desinteresse, e até mesmo repetência e deserção escolar.

Neste ensaio, tem-se por objetivo apresentar uma proposta de ensino denominada 'Bio-Química', que consiste numa práxis pedagógica baseada na conexão intrínseca da Química e da Biologia, a fim de proporcionar uma compreensão mais ampla do mundo em que vivemos.

Nessa perspectiva, o presente estudo sugere uma aula vinculada às disciplinas supracitadas e contextualizada com as problemáticas atuais, por meio de um modelo pedagógico interdisciplinar que considere as potencialidades de Todos (ouvintes e surdos) os educandos do Ensino Médio.

No planejamento e nas atividades, ponderou-se sobre os alunos surdos da EJA (Educação de Jovens e Adultos). Destarte, optou-se pela adequação dos conteúdos a um paradigma cultural geral (o alcoolismo), onde o docente sugere a participação ativa de todos os discentes na construção de uma aprendizagem significativa e com acessibilidade.

METODOLOGIA:

A metodologia escolhida foi a pesquisa - ação. O lócus deste trabalho foi a Escola Estadual Maria Geny S. Timóteo, situada em João Pessoa - PB, onde foram realizadas atividades nas quatro turmas do 2º ano do Ensino Médio da EJA, dentre estas, uma inclusiva (surdos e ouvintes).

As ações sugeridas são advindas de uma prévia revisão bibliográfica sobre o alcoolismo e suas consequências para o corpo humano. O assunto reações químicas foi abordado devido ao emprego de um simulador ébrio - bafômetro.

Para a construção do bafômetro alternativo, utilizou-se um frasco de vidro com tampa para colocar o álcool etílico (simulador do 'bafo' alcoolizado), três canudos de plástico para o sopro, e os reagentes necessários: dicromato de potássio e ácido sulfúrico.

Inicialmente, foi executado um instrumento de coleta de dados com quatro questões objetivas sobre: os tipos de álcool; sua relevância; um debate sobre a Lei Seca; e uma abordagem sobre os efeitos biológicos e sociais do uso abusivo.

Em seguida, foram expostas duas animações em multimídia sobre alcoolismo, e na sequência, aplicou-se o experimento. A posteriori, foi entregue o mesmo questionário, com mais duas questões subjetivas quanto à proposta desenvolvida e se esta pôde beneficiar em sua aquisição de conhecimento.

RESULTADOS:

Após a alusiva prática, os educandos incitaram discussões e questionamentos sobre o alcoolismo e as leis de trânsito, demonstrando uma maior correlação entre os temas. Isto certamente contribuiu para uma aprendizagem significativa, pois a cognição está relacionada à interação.

A postura ativa de todo o alunado foi averiguada através do entusiasmo na aplicação, como comprovado nas respostas às questões de cunho pessoal: 'Foi muito bom para o nosso aprendizado, podia acontecer mais vezes', 'Achei muito importante porque antes eu não entendia nada, agora eu já sei como agir se alguém que eu conheço ingerir muito álcool no corpo', 'Achei super interessante porque antes eu não sabia como e para que servia o bafômetro','Foi a melhor aula que já tive'.

Nesta conjuntura, percebeu-se que a precarização da docência em Química se dá, principalmente, na falta da associação dos conteúdos com a vivência dos alunos. Já para os surdos, a dificuldade de aprender no ensino regular baseia-se na falta de materiais visuais e respeito à LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais).

Assim sendo, aulas bem preparadas e com novas metodologias passam a enriquecer o aprendizado, despertam a curiosidade de todos os discentes e colaboram para manter elevada a motivação em sala de aula.
CONCLUSÃO:

Construtos como a contextualização, a interdisciplinaridade e o uso de tecnologias como a informática, foram estratégias viáveis para o ensino de Química. Estes, estimularam a cooperação e a participação nas turmas inclusivas da EJA desta investigação.

            Longe de ser uma técnica pedagógica cansativa e desinteressante, a demonstração do experimento permitiu diferentes e concomitantes formas de compreensão qualitativa no processo de ensino-aprendizagem. A partir de modelos elaborados para explicar a realidade vivida, conforme os princípios da Pedagogia Visual, houve melhorias para a educação dos alunos surdos.

            Desta maneira, este trabalho possibilitou aos educandos desenvolver a capacidade de raciocínio e o entendimento da dinâmica dos processos químicos e biológicos em consonância ao seu cotidiano.

            Estimulando assim, a curiosidade e o gosto de aprender através das experiências desempenhadas nesta pesquisa, dos questionamentos e das discussões de conceitos explanados durante a efetivação do método alternativo.
Instituição de Fomento: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba - IFPB
Palavras-chave: Interdisciplinaridade, Contextualização, Educação Inclusiva.