62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 7. Educação Infantil
O OLHAR DAS CRIANÇAS SOBRE O TEMPO
Cristiane Elvira de Assis Oliveira 1
Luciana Pacheco Marques 1
1. Universidade Federal de Juiz de Fora - Programa de Pós-Graduação em Educação
INTRODUÇÃO:

Discussões sobre o tempo têm permeado os discursos e os estudos nos dias atuais. O que vem a ser o tempo? Como o tempo é vivenciado nas escolas? Essas indagações nos levam a refletir sobre como concebemos, organizamos o tempo, fazendo-o qualitativo em nosso cotidiano e com as crianças na escola. Falando um pouco mais das palavras e dos conceitos para se pensar a temporalidade, os gregos clássicos chamavam a palavra tempo de Chrónos "que designa a continuidade de um tempo sucessivo" (KOHAN, 2004, p. 54). Outra denominação que o tempo recebe é a Aión, expressando a intensidade do tempo da vida humana e experenciando o que se vive, uma vez que o tempo é diferente a cada instante e diferente para cada um. Esse tempo aión possibilita viver uma outra lógica temporal em nossas vidas. "Se chrónos é limite, aión é duração" (KOHAN, 2008, n. p., grifos do autor). Mesmo vivendo o tempo chrónos, devemos experienciar o tempo aión em nossas vidas. O objetivo desta pesquisa foi conhecer os olhares das crianças sobre o tempo.

 

METODOLOGIA:

O procedimento inicial foi a leitura do livro Armando e o tempo (GUTTMANN, 2004) para crianças de uma turma de cinco anos de uma escola de educação infantil em tempo integral no município de Juiz de Fora/MG. A contação da história Armando e o tempo foi um dispositivo para que as mesmas construíssem um desenho com a temática tempo e, assim, pudéssemos compreender seus olhares sobre o mesmo. Utilizamos o paradigma indiciário (GINSZBURG, 1989) para decifrar e compreender os desenhos através das pistas e indícios, observando seus significados, não nos detendo aos aspectos gerais.

A história Armando e o Tempo foi contada na sala de aula. Antes de iniciar a narração, foi mostrado um relógio de parede a eles(elas), pois na história o personagem Armando passa a viver com dois relógios, o relógio que marca as horas e o relógio de sua imaginação. Durante a história, todos(as) estavam atentos(as), prestando atenção e fazendo comentários. Após a narrativa, solicitamos às crianças que desenhassem um relógio do jeito que quisessem. Tiveram produções fantásticas. Todos(as) manifestaram que gostaram do Armando.

RESULTADOS:
                    

O que se percebemos é que algumas crianças desenharam o relógio com coisas que gostam de fazer, de comer; outras o relógio com os números. Algumas colocaram elementos da história como: uma menina no centro do relógio; o relógio com cor laranja; o relógio em forma de coração. Assim, verificamos no desenho das crianças que, mesmo sendo submetidas a um tempo cronológico definido pela escola no estabelecimento de suas rotinas, as mesmas experenciam os tempos cronológico e o aiônico.

CONCLUSÃO:

Considerando a complexidade que é a organização do tempo escolar, precisamos equacionar melhor o tempo das aprendizagens, estabelecendo uma relação harmoniosa entre as rotinas do relógio - tempo chrónos, e o tempo da imaginação - tempo aión.

Instituição de Fomento: FAPEMIG - CNPq
Palavras-chave: Tempo, Criança, Escola.