62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS FAMILIARES DE PACIENTES ACIDENTADOS DE TRÂNSITO TERRESTRE.
Renata Melo Maroto 1
Rafaele Carla de Araújo Maia 1
Iapony Rodrigues Galvão 1
Pedro Henrique Silva de Farias 1
Camila Augusta da Silva 1
Rejane Millions Viana Meneses 1
1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
INTRODUÇÃO:

Problema de saúde pública deve ser atendido para adoção de qualquer medida de rastreamento da carga de mortalidade, morbidade e sofrimento causado. Segundo autores, esta carga é composta por duas áreas. A primeira é o impacto no indivíduo em termos de anos de vida perdidos, incapacidades, dor e desconforto, custos e o impacto na família. Já a segunda é na sociedade. Portanto, os acidentes de trânsito terrestre (ATT) são considerados um problema de saúde pública. Em 2007, 35.155 pessoas morreram devido à violência no trânsito, sendo a segunda causa externa de morte (Ministério da saúde). Além da alta mortalidade e impacto financeiro, as seqüelas perpassam as incapacidades físicas e comprometem também a capacidade mental, social e familiar. Considerando que a família tem grande impacto na recuperação do paciente, acabam ficando expostas aos problemas advindos do acidente. Com base nisso e na Teoria das Representações Sociais, o estudo objetivou mostrar as características que envolvem o acidentado de trânsito e sua realidade acerca das seqüelas invisíveis e de seus familiares. É relevante o estudo para a compreensão da necessidade do acompanhamento e inclusão da família no plano de cuidados juntamente com a vítima e a necessidade de reforços na educação do trânsito brasileiro.

METODOLOGIA:

O Projeto de pesquisa foi previamente submetido ao Comitê de Ética do Hospital Universitário Onofre Lopes (CEP-HUOL), respeitando a Resolução 196/96 por se tratar de um estudo que envolve seres humanos. A participação dos pesquisados foi de forma voluntária, com a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e que caso tivessem o desejo de desistir da pesquisa ou abster-se a responder qualquer pergunta que lhe causasse algum tipo de constrangimento, eles teriam o direito sem prejuízo algum. O estudo é caracterizado exploratório quanti-qualitativo, onde foi realizada coleta de dados com os familiares e os acidentados internados no Complexo Hospitalar Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG) em Natal-RN, através de formulários e entrevistas semi-estruturadas. Nesse instrumento de coleta de dados procurou-se reconhecer aspectos sociais, culturais, econômicos, psicológicos e hábitos, no intuito de traçar seus perfis. A população alvo foi composta por 70 pessoas, de ambos os sexos que obedeceram aos critérios de inclusão estabelecidos, como: concordar em participar do estudo voluntariamente, com assinatura do TCLE; ter idade acima de dezoito anos; ser um familiar ou um paciente do Complexo Hospitalar Monsenhor Walfredo Gurgel.

RESULTADOS:

Diante da coleta de dados realizada durante os meses de setembro a dezembro de 2009, constatou-se que 89% dos acidentados são do sexo masculino, maioria (57%) eram casados e 62% mantinham a família com até dois salários mínimos. Herzlich (2005), em seus estudos enfatiza a importância de um olhar voltado para as representações sociais e suas implicações no nosso dia a dia e compactua com Durkheim ao afirmar que as nossas ações são expressões de uma realidade construída ao longo de nossa existência, a cada momento. Por isso, tentamos relacionar as implicâncias dos acidentes de trânsito na repercussão em âmbito familiar. Verificamos o quanto os ATT refletiram na família começando pela questão econômica. Estes entrevistados eram os únicos responsáveis pelo sustento da família, mas devido à paralisação de atividades remunerada, deixou a família à mercê e ainda tendo que subsidiar os gastos com a saúde.  Outro dado que chama a atenção é que 60% residem no interior estado o que acentuou a dificuldade do acesso da família ao paciente hospitalizado na capital. Ou seja, além dos impactos financeiros notamos as influências negativas nas relações familiares. A fim de proporcionar um retorno à sociedade os orientamos a recorrerem gratuitamente o Seguro Obrigatório de Danos Pessoais.

CONCLUSÃO:

A Família desempenha papel decisivo na educação além dos valores éticos e humanitários, propicia aporte afetivo e, sobretudo materiais para o bem-estar, transforma um organismo biológico num ser social. Quando algum de seus membros está em situação de desequilíbrio, o âmbito familiar sofre conseqüências. Após o ATT, a vítima e seus familiares deparam com problemas aparentemente invisíveis. As alterações no estilo de vida dos pacientes e de seus familiares, começando pela hospitalização, influenciam nos fatores emocionais e socioeconômicos. Nos depoimentos são relatadas as ansiedades, medo, preocupação e tristeza. A constituição federal garante a saúde como um direito de todo cidadão. Portanto, é a função do SUS atender a população. E por ser uma responsabilidade do estado na condição de gestor e fomentador de políticas públicas devem-se criar estratégias voltadas para a área de trânsito, atrelada a educação em trânsito, relacionadas com a ausência da Carteira Nacional de Habilitação e de formação em Centro de Formação de Condutores. Tal medida além de reduzir os custos da saúde pública diminuiria ou erradicaria o aspecto mais relevante que são as perdas individuais e sociais as quais constituem alto preço para a sociedade e/ou família,ou seja,  as seqüelas invisíveis dos ATT.

Instituição de Fomento: CNPq e REUNI
Palavras-chave: Representações sociais, Acidentados de trânsito terrestre, Seqüelas invisíveis.