62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 3. Física - 8. Física Médica
INDICADORES PARA A PROMOÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO DA FÍSICA EM MEDICINA
Anderson Everton Paiva de Souza 1
Luiz Alberto Cohen Vieira 1
Altem Nascimento Pontes 2, 1
Patrícia dos Santos Dias 1
Camila Silva da Silveira 1
1. Universidade Federal do Pará
2. Universidade do Estado Pará
INTRODUÇÃO:
As radiações "são ondas eletromagnéticas ou partículas que se propagam com alta velocidade e portando energia, eventualmente carga elétrica e magnética, e que, ao interagirem podem produzir variados efeitos sobre a matéria (CNEN, 2009)". Na área médica, as radiações ionizantes desempenham um importante papel, tanto no diagnóstico quanto na terapia de diversas doenças, inclusive o câncer. "Quando uma pessoa é exposta à radiação ionizante, nos locais atingidos aparecem muitos elétrons e íons livres, produzidos na quebra das ligações químicas e energia cinética adicional decorrente da transferência de energia da radiação ao material do tecido, por colisão (Tauhata, 2005)". A sociedade atual faz uso intensivo de diversas aplicações das radiações e a informação detalhada, precisa e baseada em conhecimentos científicos é condição essencial para a prevenção de possíveis efeitos biológicos decorrentes destas práticas. Baseado no exposto, o presente trabalho avalia, a partir de uma amostra de 60 alunos de escolas públicas, os conhecimentos destes sobre a Física Médica, assim como, os fundamentos físicos que norteiam alguns dos equipamentos mais empregados em diagnóstico por imagem.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada no mês de março de 2009, nas instalações do Centro de Ciências Sociais e Educação da Universidade do Estado do Pará (UEPA), com 60 estudantes do terceiro ano do ensino médio que participavam de atividades de extensão - um cursinho pré-vestibular -, ofertado pela UEPA, de forma gratuita, tendo como público-alvo alunos de escolas públicas da cidade de Belém-PA. Destes, 46 (76,7%) eram do gênero feminino e 14 (23,3%) do masculino. Quanto à renda familiar, 24 (40,0%) detinham renda de até 1 salário mínimo; 12 (20,0%) apresentavam renda de até 2 salários; 4 (6,7%) viviam com até 3 salários e 20 (33,3%) não informaram. Em relação à idade, 22 (36,7%) tinham de 16 a 19 anos; 24 (40,0%) possuíam de 20 a 29 anos e 14 (23,3%) estavam com idade acima de 30 anos. Para coleta de dados, utilizaram-se, como instrumento de pesquisa, um questionário, com perguntas fechadas e previamente testadas. Na análise dos resultados provenientes da coleta de dados, foram empregadas estatísticas descritivas para o estabelecimento de frequências e determinação de médias.
RESULTADOS:
Quando questionados se já tinham ouvido falar em Física Médica, 47 (78,3%) disseram que não e 13 (21,7%) afirmaram que sim. Diante da pergunta: Você acha que pode haver físicos trabalhando em conjunto com médicos, em hospitais, no tratamento de câncer?  44 (73,3%) responderam que sim; (2) 3,3% afirmaram que não e 14 (23,4%) não responderam. Na questão: Se você estudasse Física, qual das duas opções (seria Professor e iria ministrar aulas de Física ou seria um profissional da área Médica e iria trabalhar num hospital) você escolheria ao terminar o curso? 38 (63,3%) informaram que seriam profissionais da área médica e 22 (36,7%) que seriam professores. De acordo com cinco alternativas (ultra-som, campo magnético, raios-X, microondas e ultravioleta) a pesquisa quis saber: Qual a principal grandeza física empregada num aparelho de tomografia computadorizada? Das respostas, 27 (45,0%) informaram que seria o campo magnético; 18 (30,0%) os raios-X; 9 (10,0%) as microondas, 5 (8,3%) o ultra-som e 4 (6,7%) o ultravioleta. Ainda de acordo com as mesmas alternativas, perguntou-se: Qual a principal grandeza física empregada num aparelho de mamografia? 25 (41,6%) disseram que é o ultra-som; 19 (31,7%) os raios-X; 9 (15,0%) o campo magnético; 4 (6,7%) o ultravioleta e 3 (5,0%) as microondas.
CONCLUSÃO:
Nos últimos anos temos observado um aumento significativo de publicações que abordam as relações entre a Física e a Medicina. Acontece que os resultados da pesquisa em tela indicam há pouca divulgação junto à sociedade dos conceitos que envolvem esse novo campo das Ciências Exatas e Naturais. Senão vejamos, 78,3% de todos os 60 alunos sequer ouviram falar em Física Médica. O que mais chama a atenção neste quesito é que, na amostra, 63,3% tinham idade acima dos 20 anos, ou seja, são estudantes que estão prestes a ingressarem na educação superior, sem sequer saberem desta modalidade de graduação. Apesar de desconheceram a existência da Física Médica, mas são favoráveis ao trabalho conjunto do físico com o médico. Porém, quando tomam conhecimento do curso, quase 70,0% afirmam que gostariam de trabalhar na área, o que é surpreendente e, ao mesmo tempo, atesta o grande potencial de crescimento da área. Um dos grandes problemas detectados na pesquisa é que a grande maioria dos alunos são complemente alheios às grandezas físicas associadas a exames comuns de diagnóstico por imagem. Imaginar um tomógrafo emitindo um campo magnético ou um mamógrafo um ultra-som é preocupante. Os resultados indicam que a Física está próxima da Medicina, e ambas estão distantes da sociedade.
Instituição de Fomento: Universidade Federal do Pará
Palavras-chave: Indicadores, Conhecimento Científico, Física em Medicina.