62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
Defeito-Deficiência na Defectologia de Vigotski
Natalia Ayres 1
Niágara Vieira Soares Cunha 2
Marcel Cunha 2
Adéle Cristina Braga Araújo 2
Natasha Alves Correira Lima 2
Betania Moraes 2
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
2. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho faz parte das atividades do grupo de estudos Vigotski e a Defectologia, abrigado no Instituto de Estudos e Pesquisas do Movimento Operário - IMO, da Universidade Estadual do Ceará. Assim, esta pesquisa tem como objeto de estudo o defeito-deficiência na compreensão do psicólogo soviético L. S. Vigotski, o qual traçou os fundamentos da defectologia, defendendo o processo de humanização, o mais elevado possível, das crianças com defeito. Tal investigação busca trazer importantes contribuições no entendimento do desenvolvimento da criança com defeito.
METODOLOGIA:
Nossa pesquisa tem caráter teórico-bibliográfico, na qual examinamos o Tomo V das Obras Escolhidas de Vigotski, Fundamentos da Defectologia. A atenção especial a esse autor fundamenta-se no reconhecimento da sua importância na construção de uma psicologia marxista, com vistas à formação de um novo homem para uma nova sociedade, surgida no contexto da Revolução Russa de 1917. Ao examinarmos a referida obra, optamos por destacar aqui a sua análise acerca do defeito-deficiência.
RESULTADOS:
Vigotski buscou demonstrar, contrapondo-se a uma visão biologizante, a importância do caráter social da deficiência. Nesse sentido, expressa que as peculiaridades da criança com defeito têm como núcleo o social, uma vez que essa criança não se vê como deficiente, outrossim, é a sociedade que lhe coloca em uma posição social inferior. Noutros termos, a criança não sente diretamente seu defeito, mas percebe as dificuldades advindas do mesmo, principalmente pela existência de um padrão de normalidade imposto e pela estruturação da sociedade para atender ou não suas necessidades. O defeito só se torna deficiência quando a criança é privada de ser partícipe da vida social. Portanto, o defeito, o comprometimento de um órgão ou função, é biológico, mas o maior ou menor grau de desenvolvimento da criança é uma consequência social. O psicólogo soviético deixa claro que a criança com defeito não é menos desenvolvida que as demais, apenas se desenvolve de modo diferente, ou seja, apresenta peculiaridades qualitativas. Nessa perspectiva, assevera que a insuficiência orgânica, no desenvolvimento e na formação da criança com defeito, cumpre um duplo papel - por um lado, trata-se de uma debilidade; por outro, origina estímulos para o desenvolvimento, levando-a à compensação.
CONCLUSÃO:
Consideramos, apoiados em Vigotski, que um autêntico estudo da criança com defeito deve ter como preocupação central o controle dos processos de compensação e não simplesmente a caracterização quantitativa do defeito, pois a peculiaridade positiva da criança com deficiência não se origina do desaparecimento de funções existentes em uma criança normal, mas nas novas vias surgidas pela falta delas, as quais representam uma reação da personalidade frente à deficiência, qual seja: a compensação no desenvolvimento. Se uma criança com defeito consegue, no desenvolvimento, realizar o mesmo que uma criança normal, elas realizam de um modo diferente, através de outros meios. É de fundamental importância que os educadores tomem conhecimento dessa peculiaridade, principalmente, diante da negação, na sociabilidade capitalista, do igual processo de humanização dos homens, ou seja, das pessoas com e sem defeito. Mais ainda, que contribuam, através da transmissão do conhecimento historicamente acumulado, com a luta por uma nova sociabilidade, na qual o novo homem, livre e universal, como defende Vigotski, possa se constituir.
Palavras-chave: Defeito-deficiência, Defectologia, Vigotski.