Como unidade de significados do cuidado de saúde na visão do usuário tem que: a Percepção dos usuários sobre a HAS é que ela traz mudanças e limitações em suas vidas; os usuários conhecem o que fazer para o controle da Pressão Arterial, mas valorizam o tratamento medicamentoso em detrimento das outras ações de cuidado e que os usuários associam o enfermeiro a cuidados que recebe nas Unidades de Saúde da Família, principalmente orientação quanto ao uso da medicação e mudanças do estilo de vida. Como sentido tem-se: o diagnóstico da HAS determinou ter que conviver com uma doença crônica, exigindo deles a tarefa permanente de cuidarem-se por toda a vida, o que lhes trouxe tristeza e pesar. Ao serem portadores de HAS, determinou que eles se mantivessem em constante cuidado e controle com o tratamento (medicamento, dieta, exercício físico) e isso não é uma condição natural do viver saudável. A hipertensão arterial mudou seu humor, alterando sua disposição para realizar seus momentos de lazer. Ter esta doença crônica impôs aos depoentes à necessidade de autocontrole com as emoções, determinou o seguimento de condutas rígidas de controle dos seus hábitos de vida e os seguimentos das normas do tratamento da HAS imposta pelos profissionais de saúde. Sobre a relação enfermeiro-usuário, para os entrevistados os enfermeiros são aqueles profissionais que os atendem nas USF para a resolução de outros problemas, que não ligados a hipertensão, o cuidado é pautado no tecnicismo científico, o que torna o tratamento impessoal e reduz o cuidado da pessoa ao seguimento de um conjunto de prescrições medicamentosas e comportamentais, situação que dificulta a produção de relações longitudinais, notadamente, os enfermeiros são pouco conhecidos por eles quando se busca o atendimento dos problemas ligados a hipertensão em si, a atuação do enfermeiro na visão dos usuários, é que eles transcrevem "renovam" a receita dos anti-hipertensivos, realizam palestras e solicitam exames. Nessa realidade em estudo os usuários se vêem como doentes e, como tais, são assistidos pelos profissionais, seja ele enfermeiro ou não.

Ao finalizar a pesquisa, creio que ainda não existam fórmulas prontas para resolver os problemas e dificuldades relatadas pelos usuários sobre a assistência prestada por enfermeiros nas unidades. O que busquei foi ouvir para compreender como o cuidado acontece. Entretanto, há possibilidades de que o cuidado possa ser efetivado de modo autêntico, onde a pessoa com hipertensão tenha a possibilidade de caminhar por sua própria conta. Sei o quanto é difícil dialogar no mundo de hoje, onde o entendimento de uns com os outros se tornou uma das maiores dificuldades da humanidade. Mas devemos tentar. Assumindo o diálogo terapêutico no cotidiano das USF, creio que o fundamental permanecerá como ação do cuidado coletivo: a saúde, e não a doença.