62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
SÍNDROMES DE DISPERSÃO, ABUNDÂNCIA E DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES DE PLANTAS LENHOSAS NO BAIXO JAPURÁ.
Luciane Lopes de Souza 1
1. Universidade do Estado do Amazonas - Centro de Estudos Superiores de Tefé/CEST
INTRODUÇÃO:
A região do baixo Japurá é formada por um mosaico constituído de florestas de terra firme, florestas de várzea e florestas de igapó. As espécies dessas florestas diferem em termos de suas síndromes de dispersão, abundância e distribuição na paisagem. Este estudo investiga se plantas que apresentam diferentes síndromes de dispersão de sementes também diferem em termos de abundância e distribuição e se as plantas mais abundantes localmente são as mais amplamente distribuídas na paisagem.
METODOLOGIA:
Para investigar a relação entre as síndromes de dispersão e os índices de abundância e distribuição das espécies das florestas de terra firme, de igapó e de várzea foi utilizada a lista de espécies arbóreas identificadas em parcelas botânicas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã (RDSA) e da floresta de várzea oriundas de estudos anteriores realizados na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (RDSM), reservas do Baixo Japurá. Durante o período de junho de 2002 e outubro de 2003 coletas de frutos intactos e maduros nas trilhas para auxiliar na identificação dos tipos de frutos e síndromes de dispersão. Para testar a hipótese de que as espécies com ampla distribuição geográfica também seriam as mais abundantes localmente foram gerados dois índices para cada espécie registrada em um ou mais sítios na área de estudo: o Índice de Abundância (IA) que é a média geométrica das abundâncias relativas de cada sítio em que a espécie ocorre e o Índice de Distribuição (ID) que equivale à porcentagem de sítios que a espécie foi registrada (ID = número de sítios onde a espécie ocorre/número total de sítios x 100). A correlação entre estes dois índices para todas as espécies das assembléias estudadas e para as espécies de cada síndrome de dispersão separadamente foi estimada utilizando-se o teste não-paramétrico de Spearman (rs).
RESULTADOS:
A zoocoria foi o mecanismo de dispersão de sementes predominante nos três tipos de florestas: igapó (63%), várzea (62%) e terra firme (56%). Espécies com dispersão por vetores bióticos e abióticos (facultativas) foram relativamente comuns em todos os tipos de florestas. Os ambientes estudados não diferem entre si no que se refere à distribuição das espécies pelas diferentes categorias de síndromes de dispersão. A relação entre síndromes de dispersão e a abundância e distribuição das espécies dos três tipos de florestas não foi significativa, indicando que os padrões de abundância e de distribuição das espécies no baixo Japurá independem do mecanismo que as espécies utilizam para dispersar suas sementes. Espécies que ocorreram em vários sítios são as mais abundantes localmente, confirmando uma das mais tradicionais hipóteses da Macroecologia. Estes resultados não podem ser comparados com outros estudos em florestas tropicais e especificamente na Amazônia, porque não existem outros estudos similares.
CONCLUSÃO:
O presente estudo vem reforçar a importância dos animais como potenciais dispersores de sementes nos principais ecossistemas da região, bem como alertar para a importância da policoria no processo de reprodução de espécies nos diferentes ambientes estudados. Mesmo que diferenças significativas entre síndromes de dispersão e padrões de abundância e distribuição das espécies vegetais não tenham sido encontradas, este estudo pioneiro abre caminho para que outras questões mais aprofundadas sejam averiguadas sobre estas relações e sua importância para a ecologia de paisagens nas florestas amazônicas.
Instituição de Fomento: CNPq/CAPES
Palavras-chave: Síndromes de Dispersão, Zoocoria, Baixo Japurá.