62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
RUÍDO EM AMBIENTES DE APRENDIZAGEM.
Wislanildo Oliveira Franco 1
1. Universidade do Estado do Rio de Janeiro
INTRODUÇÃO:
O desenvolvimento tecnológico avançado ao alcance do ser humano hoje, traz consigo questões que devem ser tratadas em nível de sustentabilidade e gestão ambiental. Há premente chamada para a conscientização e tomada de atitude em relação a diminuição dos altos níveis de ruído aos quais o cidadão está sujeitado no seu ambiente de trabalho, no seu ambiente de estudo e pesquisa, na sua residência, na sua rua e no seu ambiente de lazer. A poluição sonora surge como o som indesejado, desconfortante e incômodo aos nossos ouvidos, estando presente em todos os lugares. É forma grave de agressão ao ser humano e ao ambiente. Ela pode gerar problemas cardíacos, interfere na comunicação entre pessoas, provoca fadiga, reduz a eficiência no trabalho e provoca surdez irreversível. Nos ambientes de aprendizagem em Universidades, Colégios e Escolas, sejam públicas ou particulares, a poluição sonora além de ser um fator nocivo à saúde, interfere nas relações e atividades de ensino-aprendizagem. É objetivo desta pesquisa investigar, analisar e caracterizar os efeitos do ruído em ambientes de aprendizagem correlacionando inteligibilidade da fala e qualidade acústica com medidas de nível de pressão sonora (NPS) em salas de aula.
METODOLOGIA:
Um questionário foi elaborado como instrumento de pesquisa e foi aplicado a docentes, discentes e funcionários da Instituição, Colégios de Ensino Médio e Entidades da comunidade externa da Universidade. As medidas de NPS foram realizadas em vários locais da Instituição, e externamente em ambientes de aprendizagem de Colégios, permitindo inferir o LEQ padrão nestes locais. Para as medidas de NPS utilizou-se um decibelímetro modelo ICEL DL-4020. Para os vários ambientes foi verificado o nível de ruído de fundo, realizando-se as medidas de NPS em salas e ambientes vazios. Em alguns locais estimou-se o ruído de fundo seguindo recomendações da literatura. Então foi verificado o NPS com atividades de aula em Laboratórios e salas de aula. A partir das medidas de NPS, foram estimados os níveis da relação Sinal/Ruído, indicativo dos parâmetros de inteligibilidade da fala, qualificando os ambientes de aprendizagem. As medidas de qualificação acústica foram dimensionadas para os vários ambientes de aprendizagem, descontando-se o ruído de fundo dos ambientes, de acordo com a literatura.
RESULTADOS:
Os resultados analisados de cerca de 400 questionários respondidos, com 80% de discentes, apontam para a percepção de ruído pouco intenso ou intenso no local de estudo, compreendido como o ambiente de sala de aula, uma sala de estudo ou Biblioteca. Deduz-se também o relato da "falta de concentração" como principal efeito da poluição sonora, indicativo da hipótese de que há efeito do ruído sobre as relações de ensino-aprendizagem, cujas ações estão associadas ao ambiente acústico da sala de aula, a inteligibilidade da fala do docente e a atenção do discente. As medidas de NPS nos locais pesquisados são superiores às preconizadas pela NBR10152. O ruído ambiental é superior ao limite de tolerância, inferindo-se a sujeição diária dos profissionais da Educação e do alunado a níveis de ruído que chegam a ser classificado de "insalubre" pela literatura As medidas do parâmetro de inteligibilidade da fala mostram que alguns ambientes são inadequados, não somente pelo ruído ambiental, como pela distribuição do material contido no interior de um Laboratório. O material pode absorver as ondas sonoras, e o profissional de Educação deverá elevar o seu nível de intensidade de fala, para se fazer compreendido a fim de favorecer a aprendizagem, prejudicando as suas cordas vocais e saúde.
CONCLUSÃO:
Conclui-se da análise gráfica e da análise estatística dos resultados dos questionários que as pessoas são muito incomodadas pelo ruído proveniente de diversas fontes, embora não haja muita preocupação com o ruído no local de trabalho, na casa em que se reside, principalmente com o ruído de eletrodomésticos. Em geral as pessoas têm pouco conhecimento sobre a poluição sonora, e não sabem o limite máximo de sujeição do ouvido ao ruído. Das análises do parâmetro de inteligibilidade da fala e qualidade acústica, de acordo com a literatura, conclui-se que os Professores e alunos em ambientes de aprendizagem, estão sujeitos a níveis de ruído prejudiciais às relações ensino-aprendizagem, bem como à saúde e ao bem estar do indivíduo. Conclui-se que medidas de proteção acústica ambiental deverão ser realizadas nos ambientes de aprendizagem pesquisados, para que a qualidade de vida de profissionais da Educação e discentes, estejam dentro de parâmetros de sustentabilidade ambiental. Isto poderá ser solucionado através de uma gestão de projetos que levem em conta a minimização do ruído ambiental em salas de aula.
Instituição de Fomento: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Palavras-chave: poluição sonora, educação ambiental, ambiente de aprendizagem acústico.