62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
PERFIL DO COMERCIANTE DE CARNE NAS FEIRAS LIVRES EM ALGUMAS CIDADES DO RIO GRANDE DO NORTE
Waldeana Cecília de Freitas Mizael 1
Themístocles Tácito de Castro Silva 1
Bruno Bernardo de Souza Freitas 1
Cláudia Souza Macêdo 2
Lisandra Mürmann 3
1. Unidade Acadêmica de Ciências Agrárias, UFRN, Natal-RN
2. Profa. Dra./Orientadora - Unidade Acadêmica de Ciências Agrárias, UFRN, Natal-RN
3. Profa. Dra./Orientadora - Departamento de Engenharia Química, UFRN, Natal-RN
INTRODUÇÃO:
O ato de fazer compras nas feiras livres ainda representa uma tradição no Estado do Rio Grande do Norte. Em alguns municípios do interior essa tradição é ainda mais forte, atraindo consumidores de diversas localidades e quanto menor o município, mais importante à feira para o seu desenvolvimento local. Porém, observam-se graves problemas relacionados à higiene do ambiente, dos vendedores e a qualidade do alimento disponibilizado, podendo contribuir para incidência de doenças veiculadas por alimentos, colocando em risco a saúde do consumidor. Apesar disso, a grande maioria das pessoas desconhece os riscos ao adquirir alimentos de duvidosa procedência e condições higiênico-sanitárias insatisfatórias, tampouco os vendedores têm noção dos riscos que estão expondo a população. Diante deste cenário, o presente trabalho teve como objetivo verificar o perfil do comerciante de feiras livres de algumas cidades do Rio Grande do Norte.
METODOLOGIA:
A coleta de dados foi realizada com vendedores de feiras livres das cidades de Bom Jesus, Ceará-Mirim, São Paulo do Potengi e São Pedro, no período de novembro de 2009 a janeiro de 2010. Visando fazer uma comparação com o universo urbano, também se avaliou uma feira livre tradicional na cidade de Natal, conhecida como feira do Carrasco. Das cinco cidades pesquisadas foram escolhidos, de forma aleatória, dez estabelecimentos em cada uma, envolvendo um total de cinqüenta vendedores. Para a coleta de dados utilizou-se uma ficha de avaliação abordando temas como renda, faixa etária dos vendedores, espécies comercializadas, transporte das carnes, procedência desses alimentos e alguns itens relacionados às condições higiênico-sanitárias, como a utilização de uniformes.
RESULTADOS:
Entre os 50 entrevistados, 92% eram do sexo masculino, com média de idade de 45 anos. A carne bovina correspondeu ao produto de maior comercialização (76%), seguida da carne suína (28%) e carnes caprina e ovina com 24%, sendo que algumas bancas vendem mais de uma espécie. Entre os entrevistados, 92% afirmaram ter renda mensal de um salário mínimo e 44% dos feirantes possuem outras atividades para aumentar a renda. Constatou-se que 90% das carnes comercializadas eram provenientes de abatedouros ou frigoríficos e 10% afirmaram que abatem nas próprias propriedades. Sendo assim, vale ressaltar que a carne abatida sem nenhum controle higiênico sanitário e avaliação da sanidade animal, é considerada um perigo a saúde pública. A carne era transportada sem refrigeração, podendo aumentar a contaminação por micro-organismos. Foram observadas irregularidades como utensílios de madeira (90%) e a presença de panos de mão em todas as bancas, o que está em desacordo com a legislação. Apenas 6% dos entrevistados estavam de avental, 8% usavam proteção para cabelos e 25% estavam com unhas curtas sendo que apenas 14% estavam com unhas limpas, possibilitando a contaminação do alimento através do manipulador, não obedecendo as regras mínimas de boas práticas de manipulação.
CONCLUSÃO:
Os resultados apresentados no trabalho evidenciaram alguns problemas relacionados à pratica de feiras livres. Muitas vezes, a qualidade dos alimentos expostos a venda é duvidosa, sem inspeção sanitária, além de não ter armazenamento correto durante o transporte e a venda. O comércio de produtos sem condições higiênico sanitárias pode acarretar sérios ricos à saúde dos consumidores, que podem adquirir toxinfecções alimentares. A falta de capacitação dos manipuladores faz com que eles não tenham o conhecimento necessário para uma manipulação segura de alimentos. A venda de alimentos com procedência garantida e sua correta manipulação são fatores que precisam ser levados ao conhecimento dos feirantes, para uma melhoria da qualidade do alimento comercializado. Estas capacitações podem ser feitas com o apoio dos órgãos de fiscalização e das instituições públicas.
Palavras-chave: Feirantes, Alimentos, Manipulador.