62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 7. Química Orgânica
ROTA SÍNTÉTIDA PARA A FORMAÇÃO DE UMA MOLÉCULA COM POTENCIAL ANTICÂNCER A PARTIR DA FUSÃO DOS NÚCLEOS NAFTOQUINÔNICO E 1,2,3-TRIAZÓLICO
José Adonias Alves de França 1
Meire dos Santos Falcão de Lima 1
Gilson Bezerra da Silva 1
Celso de Amorim Camara 1
1. Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE
INTRODUÇÃO:
O câncer é segunda doença que mais afeta o mundo depois das doenças cardiovasculares. O potencial antitumor das naftoquinonas já é conhecido por mais de três décadas. O lapachol é uma naftoquinona natural que possui propriedades antitumorais. Uma importante naftoquinona obtida do lapachol é o norlapachol, e possui reatividade semelhante ao seu precursor. Vários derivados do norlapachol já mostraram diversas atividades biológicas, tais como, moluscicida e tripanossomicida. Algumas modificações estruturais têm sido feitas com a finalidade de se encontrar novas ou mais atividades biológicas. 1,2,3-triazóis são uma importante classe de compostos que possuem várias atividades biológicas, entre elas anti-iflamatória, antiviral e antimicrobiana. Naftoquinonas e 1,2,3-triazóis, independentemente, possuem diversas atividades farmacológicas, isso é relevante para a produção de muitos compostos por hibridização molecular. O objetivo deste trabalho é utilizar o norlapachol como a fonte do núcleo naftoquinonico, derivá-lo com um grupo azida para transformá-lo numa naftoquinona triazólica. Espera-se que este produto tenha um leque de atividades biológicas, ou até mesmo potencialize a ação das substâncias antitumorais já conhecidas.
METODOLOGIA:
A primeira etapa da síntese é produzir o norlapachol, 2-hidroxi-3-(2-metil-1-propenil)-1,4-naftoquinona (1), através da condensação entre a lausona e o isobutiraldeído utilizando ácido acético e β-alanina como catalizadore, tolueno como solvente, e refluxo por 1 hora. O processo de purificação do norlapachol é realizado por uma extração ácido-base e precipitação com ácido fosfórico diluído. Depois do obtido 1 realiza-se a reação de derivação, onde é substituído o hidrogênio da hidroxila na posição 2, pelo grupo tosila, utilizando como reagentes o cloreto de tosila, carbonato de sódio e acetona como solvente, em ultrassom por um período de 2 horas. O produto tosilado (2) é então filtrado a vácuo e recristalizado em etanol, 2 é submetido a reação de substituição do grupo tosila pelo grupamento azida. Nas condições reacionais utiliza-se azida de sódio na proporção de 1 equivalente dissolvida em 1 mililitro de água destilada e tetrahidrofurano como solvente tendo a reação tem um período de 1 hora. Formando agora o produto com a azida (3). O alcino terminal (4) necessário para fazer o núcleo triazol, é obtido ao reagir um açúcar com capacidade nucleofílica, utilizando brometo propargílico, formando assim o produto essencial para a síntese do núcleo triazólico.
RESULTADOS:
A troca do hidrogênio da hidroxila de 1 pelo grupo tosila torna o carbono 2 mais deficiente de elétrons, ficando assim com caráter duro segundo a definição de Pearson. Esta reação fornece o produto tosilado 2 em forma de cristal com um rendimento de 84%. O ânion azida é um nucleófilo duro, logo a reação de obtenção de 3 foi favorecida. O nor-lapachol (1) obtido foi comparado com padrão puro em cromatografia em camada delgada. O produto tosilado (2) foi submetido à análise de infravermelho (IV) e ressonância magnética nuclear de hidrogênio (RMN 1H) e carbono (RMN 13C), confirmando assim sua estrutura. O produto 3, com um rendimento de 64%, foi submetido à análise de IV e análise elementar, para a confirmação se havia ocorrido à troca do grupo tosila pelo grupo azida, a reação foi confirmada pelas absorções de IV característico da azida. Realizou-se uma reação de ciclização de 3 com 4 utilizando catálise de iodeto de cobre II e água, obtendo-se dois produtos que estão em análise.
CONCLUSÃO:
A reação de síntese do nor-lapachol (1) aconteceu de forma muito seletiva, tendo um rendimento de 96 %, superior ao da literatura. O processo de tosilação foi de fundamental importância para a etapa posterior, pois a adição do grupo tosila tornou o carbono 2 mais susceptível à reação com a azida de sódio, formando 3. Na ciclização houve a formação de dois produtos que estão em fase de caracterização, podendo ser isômeros devido às possibilidades de sobreposições orbitalares para a ciclização. Dessa forma, para seguir uma rota sintética pré-determinada, aumentou-se o rendimento do norlapachol e obtiveram-se dois produtos inéditos 2 e 3 com rendimentos bons.
Instituição de Fomento: CNPQ -Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Palavras-chave: Norlapachol, azida, condensação.