62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 5. Matemática - 6. Matemática
OLIMPÍADA INTERESCOLAR DE MATEMÁTICA
Givaldo da Silva Costa 1
1. Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco
INTRODUÇÃO:

            A Matemática tem sido considerada uma disciplina escolar de difícil compreensão por parte dos alunos, no Brasil e em todas as partes do mundo. Vários fatores contribuem para isso, entre eles destaca-se a teorização excessiva em detrimento da vivência da prática em nossas salas de aula. Nos meus primeiros anos de professor, atormentava-me o fato de uma disciplina tão harmoniosa, ter um índice de rejeição tão grande por parte dos estudantes, onde predominava a ideia de que o domínio da Matemática era privilégio para mentes brilhantes. Diante dessa situação, já como técnico de ensino da Gerência Regional de Educação do Litoral Sul, órgão pertencente à Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco, juntamente com os professores, criamos a Oficina Pedagógica de Matemática no ano de 1990, com a tarefa de reverter o quadro acima exposto. Assim buscamos uma ferramenta pedagógica que estimulasse e desenvolvesse atividades teóricas-práticas matemáticas inicialmente entre os professores, e posteriormente entre os alunos, de forma que buscasse a integração entre a teoria e prática, bem como entre o conhecimento e a criatividade, ao mesmo tempo em que desmistificasse as imagens negativas, reinantes no meio estudantil, de que a Matemática é chata, rígida e de difícil compreensão.

METODOLOGIA:

           De 1990 a 1992, as atividades eram direcionadas aos alunos, com aprofundamento matemático, construção de tabelas e gráficos estatísticos, confecção de materiais concretos e realização de Exposição Itinerante das produções da Oficina. A partir de 1993, as atividades foram direcionadas aos professores no 1º semestre através de minicursos, oficinas temáticas, grupos de estudos, palestras e passeios culturais. No 2º semestre, as atividades envolveriam os alunos em uma competição onde fossem abordadas tarefas que abrissem espaço para vivência de várias habilidades. E assim foi criada a Olimpíada Interescolar de Matemática. São três as etapas que compõe o processo olímpico: Intraclasse, interclasse e interescolar. As duas primeiras etapas acontecem no ambiente escolar e a terceira, geralmente, em ginásios de esportes, com participação de um grande público, quando as escolas inscrevem o mínimo 4 alunos e o máximo de 16 alunos. São classificadas para a fase final 18 escolas de melhores pontuações, distribuídas em grupos por rede de ensino, para disputar o título de Campeã da Rede e de Melhor Desempenho Geral. As provas são distribuídas em cinco modalidades: Calculando Rápido, Provas Esportivas, Provas de Painel, Matemática de Supermercado e Esquenta Miolo.

RESULTADOS:

            No aspecto quantitativo, houve um avanço considerável de participantes no projeto, principalmente porque antes as atividades eram direcionadas apenas aos professores e, posteriormente passou a ter participação direta dos estudantes. Porém, os números apontam o crescimento de escolas a partir do ano de implantação da Olimpíada até os dias atuais. Em 1993, houve a adesão de 8 escolas, 16 professores e 48 alunos. Na edição de 2009, participaram 38 escolas, 100 professores e 600 alunos, além da participação de Torcidas Organizadas, que tem a presença da comunidade escolar. No aspecto qualitativo, ao longo desses anos, temos conseguido mudar a postura e comportamento dos nossos professores em sala de aula, quanto à escolha de conteúdos a serem colocados no planejamento escolar enfatizando a interdisciplinaridade; quanto à diversidade de metodologia valorizando mais a prática do que a teoria; quanto à escolha do livro didático utilizando critérios técnicos pré-definidos e também quanto ao relacionamento afetivo com seus alunos. Através do evento, conseguimos elevar a auto-estima dos nossos alunos, geralmente identificado como mão-de-obra da rede canavieira e de ser um ex-instrumento de exploração dos canavieiros.

CONCLUSÃO:

     O conjunto de ações da Olimpíada Interescolar de Matemática tem provocado reflexos positivos no cotidiano escolar, e conseqüentemente, no resultado final do desempenho dos nossos alunos nas avaliações internas e externas como o SAEPE, SAEB, ENEM e OBMEP. Especificamente nessa última, em edições diferentes, conquistamos medalhas de ouro, prata e bronze, além de diversos Diplomas de Menção Honrosa. Como um todo, temos conseguido apresentar uma Matemática mais atrativa, instrumental e dinâmica, procurando minimizar as dificuldades didático-pedagógicas da formação dos nossos professores e, ao mesmo tempo, procurando despertar o natural interesse dos jovens pela busca de resultados, utilizando curiosidades, desafios e jogos matemáticos, estimulando o prazer de enfrentar questões novas e desafiantes que estão além do currículo escolar. Durante o decorrer desses vinte anos (de 1990 a 2010) o nosso evento tem tido uma ótima aceitação por toda comunidade escolar da nossa região, permitindo-nos ver e viver de perto as dificuldades com que se deparam alunos e professores em relação ao ensino e ao aprendizado da Matemática, com atenção especial à real averiguação dos saberes e metodologias aplicados em nossas salas de aula em sintonia com a matemática fora dos muros escolares.

Palavras-chave: Desmistificação, Integração, Criatividade.