62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 7. Etnologia Indígena
Sustentabilidade econômica na aldeia I'târap dos Arara de Rondônia.
Lediane Fani Felzke 1
Jania Maria de Paula 1
Marli Peme Arara 3
Sandra Arara 3
Sebastião Gavião 2
Zenildo Almeida da Silva 1
1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia
2. Universidade Federal de Rondônia
3. Secretaria de Estado da Educação/RO - Representação de Ensino de Ji-Paraná
INTRODUÇÃO:
O povo Arara, que se autodenomina Karo, habita a parte sul da Terra Indígena Igarapé Lourdes no município de Ji-Paraná - RO. Distribuem-se em duas aldeias: I'Tarap e Pajgap. Na aldeia I'Tarap constituem uma população de 203 pessoas residentes, em sua maioria em casas onde moram famílias nucleares. Este trabalho teve como objetivo verificar os padrões de sustentabilidade econômica deste povo e quais as atividades que proporcionam renda já que esta é necessária para a aquisição dos produtos inseridos no mundo indígena a partir da inserção na sociedade não-indígena.
METODOLOGIA:
Para a coleta de dados empregou-se o método etnográfico que possibilita uma visão mais ampliada da questão a partir da convivência com a comunidade e como técnica de pesquisa utilizou-se entrevistas não-estruturadas onde os sujeitos expressaram total liberdade para conduzir as conversas.
RESULTADOS:
O contato do povo Arara com a sociedade não-indígena ocorreu no início do século XX através dos seringueiros. Os Arara passaram trabalhar nos seringais em regime de semi-escravidão e isso trouxe uma desestruturação na organização social da comunidade. A unidade habitacional que era coletiva (maloca grande) passou a ser dividida em famílias nucleares. Atualmente a população da aldeia I'Tarap está distribuída em 39 unidades residenciais. Essa mudança repercutiu na forma de produção da aldeia. As roças passaram a ser produzidas por estas unidades familiares e não mais pelas famílias extensas. Além das roças para a subsistência, a comunidade passou a produzir para o mercado tanto produtos de origem agrícola, quanto de extrativismo vegetal. Dentre os produtos destinados a obtenção de renda encontra-se a copaíba e a castanha. Observou-se, além destas fontes de renda, que 23 famílias recebem bolsa família, 18 idosos são aposentados, 01 benefício de prestação continuada, 01 pensionista e em 08 unidades familiares ingressa a renda dos professores indígenas, agentes indígenas de saúde e de saneamento. Para complementar a subsistência, as famílias também criam gado. Quando a pecuária foi inserida na comunidade pela FUNAI a proposta era a criação comunitária. Com o fracasso deste formato, a comunidade dividiu o gado entre si e hoje cada família nuclear é responsável pelas suas reses.
CONCLUSÃO:
Pode-se concluir, através deste trabalho que o povo Arara-Karo, da Aldeia I'Tarap, se reproduz economicamente utilizando de duas formas de produção, de um lado mantém a  subsistência tradicional através de suas roças, embora fosse possível perceber uma mudança de padrão no manuseio da roça que antes era feito com a colaboração da família extensa e agora é de responsabilidade da família nuclear; e de outro lado, se insere na economia de mercado comercializando com a sociedade envolvente os produtos resultantes das atividades de coleta.  A renda proveniente do mercado e dos salários é utilizada para a aquisição dos produtos que se tornaram necessários a partir do contato interétnico e também daqueles que passaram a ser estimulados pela própria sociedade envolvente tais como: televisão, geladeira, fogão, freezer, antena parabólica entre muitos outros. Essa situação tem gerado diferenciações no interior da comunidade. A roça familiar permanece a base da sustentabilidade econômica da comunidade, já que não se percebeu que houvesse diminuição da área de roças em função das outras fontes de renda.
Palavras-chave: Etnia Arara-Karo, Aldeia I'Târap, Sustentabilidade econômica.