62ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 7. Etnologia Indígena |
O povo Arara-Karo da Aldeia Pajgap: entre a produção tradicional e o mercado. |
Jania Maria de Paula 1 Lediane Fani Felzke 1 Célio Nakit Arara 3 Ernandes Nakaxion Arara 2 Ronaldo Arara 2 Zenildo Almeida da Silva 1 |
1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia 2. Universidade Federal de Rondônia 3. Secretaria de Estado da Educação/RO - Representação de Ensino de Ji-Paraná |
INTRODUÇÃO: |
A etnia Arara-Karo ocupa a parte sul da Terra Indígena Igarapé Lourdes no município de Ji-Paraná - RO. Vivem em duas aldeias: I'Târap e Pajgap. Os moradores da aldeia Pajgap formam uma população de 91 pessoas oriundas, em sua maioria, de uma família que se deslocou da aldeia I'Târap para a atual localização. Essa mudança ocorreu para proteger a terra indígena das constantes invasões dos migrantes que se dirigiam para Rondônia na década de 1980. Este trabalho teve como objetivo verificar os padrões de sustentabilidade deste povo e quais as atividades que proporcionam renda já que esta é necessária para a aquisição dos produtos inseridos no mundo indígena a partir do contato com a sociedade não-indígena. |
METODOLOGIA: |
Para a coleta de dados empregou-se o método etnográfico que possibilita uma visão mais ampliada da questão a partir da convivência com a comunidade e como técnica de pesquisa utilizou-se entrevistas não-estruturadas onde os sujeitos expressaram total liberdade para conduzir as conversas. |
RESULTADOS: |
O contato do povo Arara com a sociedade não-indígena ocorrido no início do século XX gerou sérios impactos ao grupo, um deles foi a desestruturação da vida em aldeia para se transformarem em seringueiros, sob regime de semi-escravidão. Muitas crianças foram levadas e criadas por famílias não-índigenas, provocando a perda parcial da língua materna e da cultura. O grupo foi realdeado pela FUNAI em 1976. Porém, as mudanças repercutiram na forma de produção da aldeia, como a construção de roças pertencentes a unidades familiares nucleares e não mais pelas famílias extensas, criação de gado bovino como opção de geração de renda e oferta de mão-de-obra braçal às fazendas do entorno. Mesmo com a inserção do grupo no mercado local, procuram manter as técnicas agroecológicas no trato da terra: em suas roças são plantadas diversas culturas (mandioca, cará, batata-doce) sem a retirada total da mata; utilizam determinadas plantas, como a bananeira, para nutrir o solo após ter sido utilizado por outra cultura desgastante e também manejam a mandioca retirando suas raízes sem inutilizar o arbusto, melhorando, assim, a produção. Outra atividade que tem se mostrado sustentável é a coleta do óleo da copaíba para a comercialização. Sua extração é realizada com a utilização de mangueira plástica e após a retirada do produto a mesma é vedada sem sua retirada da árvore permitindo melhor qualidade do produto e a preservação da espécie. Além destas fontes de renda, algumas famílias contam com: aposentadoria, salários de professores, agentes de saúde, agentes de saneamento ou diárias de trabalho braçal nas fazendas do entorno. |
CONCLUSÃO: |
Pode-se concluir, através deste trabalho que, apesar da inserção do povo Arara-Karo da Aldeia Pajgap na economia de mercado através do comércio com a sociedade envolvente, o grupo busca manter as técnicas sustentáveis em sua produção agrícola. A renda proveniente desse comércio, juntamente com a gerada pelos salários é utilizada para a aquisição dos produtos que se tornaram necessários a partir do contato interétnico: televisão, geladeira, fogão, freezer, antena parabólica, além da compra de mais reses de gado como bem individual. Ainda que esta situação tenha gerado diferenciações no interior da comunidade, ela procura não perder antigas técnicas de construção e manutenção do espaço como forma de garantir a sobrevivência futura do grupo. |
Palavras-chave: Etnia Arara-Karo, Aldeia Pajgap, Sustentabilidade. |