62ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 1. Artes - 4. Educação Artística
TRANSGÊNEROS E O DESENHO ANIMADO SHREK: POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS
Alice Maria Vasconcelos Lara 1
Belidson Dias Bezerra Junior 1
1. Universidade de Brasília - UnB
INTRODUÇÃO:

Esta pesquisa parte de uma análise dos filmes Shrek, Shrek segundo e Shrek terceiro, especificamente das representações dos personagens Lobo Mau, Pinóquio e irmãs feias, que não se enquadram heteronormativamente nos binômios macho x fêmea e homem x mulher. A série Shrek transita entre o publico infantil e adulto, mas tem um conteúdo complexo que gera diferentes formas de expectação. Este trabalho reflete sobre essas questões por meio de uma abordagem pedagógica que incentiva o entendimento a categoria trans e o respeito aos gêneros trans.

METODOLOGIA:

Examina-se criticamente, pelo víeis queer dos conceitos de heteronormatividade e performatividade dos gêneros de Judith Butler e da epistemologia do armário de Eve Kossofsky Sedgwick, elementos visuais que são associados reiteradamente às imagens de trânsgeneros em Shrek. O termo heteronormatividade, se refere a um conjunto de valores nascidos e enraizados na naturalização da idéia que a heterossexualidade é a única sexualidade verdadeira e possível e "performatividade" remetem a reiteração contínua inconsciente de gestos e sinais que dão sentido aos Gêneros heteronormativos. O objeto analisado foi as capas dessas revistas, uma vez que estas se configuram como síntese visual de suas narrativas. O Foco desta analise é problematizar as representações de transgênero criadas em Shrek.

RESULTADOS:

Existem quatro representações transgêneras em Shrek: a primeira delas é Pinóquio, cuja primeira fala no primeiro filme ("Eu sou um menino de verdade") e o fato de ver o nariz crescer cada vez que conta uma mentira confirmam a imagem apresentada no conto infantil que lhe deu origem e nas muitas adaptações que o mesmo conto sofreu no cinema e em outras formas de comunicação... O segundo personagem transgênero é o Lobo Mau, uma apropriação de um dos personagens centrais dos contos infantis Chapeuzinho Vermelho e Os três porquinhos... A terceira personagem trans que aparece em Shrek é Dóris, originalmente uma das irmãs feias e malvadas do conto infantil Cinderela. Mabel é a quarta personagem trans a aparecer em Shrek, e a última a ser considerada nesta pesquisa. Ela é outra das irmãs feias de Cinderela e ocupa o lugar de Dóris na taverna, quando esta vai trabalhar no castelo

CONCLUSÃO:

O transgênero é representado, em muitos momentos na história do cinema, de modo a reiterar o preconceito. No caso de Shrek, o espaço do humor, do riso, do ridículo, torna o assunto mais fácil para o público, seja ele trans ou normativo, o que pode ser considerado uma regressão, já que a representação dos transgêneros reafirma as localizações sociais que este grupo sempre ocupou. Outro questionamento a ser feito é: será que o simples fato de mostrar os transgêneros já é uma forma de resistência? Shrek propõe que ao invés de tentar mostrar os transgêneros como ameaçadores das normas sociais - o que sempre fracassou na história das tentativas de promover igualdade - deve-se entender os mecanismos pelos quais os transgêneros são colocados em tais posições, a fim de questionar a ordem e a legitimidade de tais procedimentos.

Instituição de Fomento: Programa de Iniciação Cientifica - Proic da Universidade de Brasilia - UnB
Palavras-chave: Shrek, Gênero trans, Animação.