62ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 1. Literatura Brasileira
VIAGENS AO MUNDO SOCIALISTA: GRACILIANO RAMOS, DALCÍDIO JURANDIR E ENEIDA DE MORAES
Alinnie Oliveira Andrade Santos 1
Marlí Tereza Furtado 1, 2
1. Faculdade de Letras - Universidade Federal do Pará - UFPA
2. Profa. Dra/Orientadora
INTRODUÇÃO:

Durante a década de 1950, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) atuava em diversos segmentos sociais, principalmente nos sindicatos, e tinha como seus membros muitos intelectuais e ativistas, dentre os quais figuravam os escritores Graciliano Ramos, Dalcídio Jurandir e Eneida de Moraes. Por sua filiação ao PCB, esses autores viajaram ao mundo socialista e deixaram relatos sobre o que viram e vivenciaram nesses percursos. Graciliano Ramos no livro Viagem, de 1954; Dalcídio Jurandir em notas deixadas em um diário, publicadas posteriormente em uma tentativa biográfica sobre ele (Dalcídio Jurandir Romancista da Amazônia, 2006) e Eneida de Moraes no livro Caminhos da Terra, de 1959. Este trabalho objetiva analisar os textos citados para verificar o registro que esses autores elaboraram sobre suas experiências no mundo socialista, como também refletir sobre as manifestações ideológicas presentes nesses registros. Investigar tais relatos de viagem se faz necessário para melhor compreender o direcionamento ideológico da década de 1950 para a literatura brasileira e o papel dos referidos autores neste contexto.

METODOLOGIA:

Para e execução deste estudo, primeiramente foi feita a leitura e análise dos textos Viagem, de Graciliano Ramos, as anotações de Dalcídio Jurandir e Caminhos da Terra, de Eneida de Moraes. Posteriormente foi verificado o contexto histórico da década de 1950, bem como a influência do Partido Comunista Brasileiro sobre os escritores a ele filiados. Por fim, os relatos foram comparados, sendo estabelecidas as correlações e divergências entre eles.

RESULTADOS:

Com este trabalho, observou-se que na década de 1950, com os governos dos presidentes Getúlio Vargas (1951-1954) e Juscelino Kubitschek (1956-1961), o Brasil vivia um processo de crescimento e um incentivo à industrialização, que gerava desenvolvimento econômico para o País. O Partido Comunista Brasileiro, nesse período havia perdido parte de sua força política adquirida na década anterior, mas ainda atuava no cenário político nacional. Em relação aos relatos de viagem, percebeu-se que seus autores defendem nesses textos um posicionamento favorável às idéias socialistas e às políticas públicas de educação, saúde e incentivo à cultura, com as quais o povo dos países visitados era assistido. Dalcídio Jurandir e Eneida de Moraes demonstram, em seus textos, que ficaram impressionados com as condições de vida e a organização social dos países socialistas, sem, em nenhum momento, descreverem com críticas algo que vivenciaram. Graciliano Ramos, no entanto, não se posiciona da mesma forma que seus companheiros, pois apesar de relatar algumas impressões positivas, critica abertamente, no decorrer de seu livro, aspectos de que discordava do cotidiano daqueles países.

CONCLUSÃO:

Concluiu-se com este trabalho que o Brasil da década de 1950 é marcado por um clima de desenvolvimento sócio-econômico e cultural, bem como de uma esperança depositada na política como capaz de solucionar os problemas que afligiam o País. O Partido Comunista Brasileiro, nesse período, atuava no cenário político nacional, visto que a pressão anticomunista, em solo brasileiro, não atingira os extremismos posteriores, fato que possibilitou que escritores brasileiros comunistas, como Dalcidio Jurandir, Graciliano Ramos e Eneida de Moraes realizassem viagens ao mundo socialista, escrevendo em seguida, relatos permeados pelas ideologias por eles defendidas.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Relatos de viagem, Mundo socialista, Manifestações ideológicas.