62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 4. Farmacologia
ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA DE Byrsonima japurensis A. JUSS. (MALPIGHIACEAE) PELA VIA INTRAPERITONEAL
Fernanda Guilhon Simplicio 1
Ana de Souza Lima 2
Carlos Cleomir de Souza Pinheiro 2
Emerson Silva Lima 3
Maria de Meneses Pereira 4
1. Faculdade de Ciências Farmacêuticas-Universidade Federal do Amazonas (FCF-UFAM)
2. Colaborador(a) - Coordenação de Pesquisa em Produtos Naturais - INPA
3. Prof. Dr. / Co-Orientador - Faculdade Ciências Farmacêuticas -UFAM
4. Profa. Dra. / Orientadora - Faculdade Ciências Farmacêuticas - UFAM
INTRODUÇÃO:
Byrsonima japurensis é uma espécie arbórea endêmica de países amazônicos, sendo especialmente encontrada em regiões de várzea. No Estado do Amazonas (Brasil), o chá da casca do caule desta espécie tem uso medicinal amplamente difundido entre a população tanto capital quanto do interior, sendo indicado contra diversos distúrbios inflamatórios, principalmente no útero e na próstata. A atividade anti-inflamatória do extrato aquoso de Byrsonima japurensis quando administrado pela via oral de animais de experimentação foi anteriormente avaliada pelo teste do edema de pata em ratos, que tem sido utilizado por muitos anos como decisivo na avaliação do potencial anti-inflamatório de novas drogas, inclusive extratos vegetais. Os resultados desse teste foram divulgados por este grupo de pesquisa em outro evento científico. Contudo, a ação anti-inflamatória do mesmo pela via intraperitoneal ainda não havia sido relatada. Portanto, este trabalho teve como objetivo avaliar a atividade anti-inflamatória do extrato aquoso de Byrsonima japurensis quando administrado pela via intraperitoneal de ratos, visando comparar esses resultados com aqueles divulgados sobre sua ação pela via oral.
METODOLOGIA:
Cascas secas, raspadas e moídas do caule de Byrsonima japurensis foram submetidas à infusão por 15 minutos, e o extrato assim obtido foi em seguida filtrado e liofilizado. Diferentes grupos de 6 ratos Wistar albinos fêmeas receberam doses 10, 50 e 100 mg/kg do extrato, suspenso em soro fisiológico, pela via intraperitoneal. O grupo que constituiu o controle negativo recebeu apenas soro fisiológico e o grupo que constituiu o controle positivo recebeu dose de 10 mg/kg de indometacina, preparada no mesmo veículo, ambos pela mesma via do extrato. Após uma hora da administração das drogas, todos os animais receberam injeção de 100 μL de carragenina a 1 % em soro fisiológico em uma das patas traseiras e a evolução do edema foi mensurada em pletismômetro digital em intervalos de 1, 2, 3 4 e 5 horas. A análise atividade anti-inflamatória do extrato foi feita em comparação com os controles negativo e positivo, sendo calculada por análise de variância utilizando o método de Student-Newman-Keuls, considerando o nível de significância de p < 0.05.
RESULTADOS:
Na primeira fase do edema de pata induzido por carragenina (entre 0 e 1 hora após a injeção do polissacarídeo) as doses de 10 e 100 mg/kg do extrato mostraram atividade anti-inflamatória estatisticamente significativa em relação ao controle negativo, porém, não houve diferença com relação ao controle positivo. Na segunda fase do edema (entre 1 e 3 horas após a injeção da carragenina), o extrato mostrou atividade anti-inflamatória estatisticamente significativa em relação aos controles negativo e positivo, em todas as doses testadas. O mesmo extrato, quando foi avaliado pela via oral em condições semelhantes, também apresentou atividade anti-inflamatória estatisticamente significativa em relação ao controle negativo, porém, apenas a dose de 400 mg/kg (doses de 100, 200 e 400 mg/kg foram testadas) foi superior ao controle positivo na segunda fase do edema. Portanto, considerando a extrapolação das doses para um ser humano adulto, Byrsonima japurensis é mais efetiva quando aplicada intraperitonealmente, ainda que, de fato, a administração oral seja mais segura e conveniente.
CONCLUSÃO:
Os resultados comprovam a atividade anti-inflamatória de Byrsonima japurensis, conforme já apregoava a população Amazonense e afirmavam os resultados prévios com a administração oral do extrato em ratos. Tal fato credenciam-na como objeto de estudos mais apurados em direção ao desenvolvimento de um medicamento, considerando que foi mais efetiva que uma das drogas anti-inflamatórias mais potentes utilizadas na terapêutica atual.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).
Palavras-chave: Byrsonima japurensis, Atividade anti-inflamatória, Via intraperitoneal.