62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
INFLUÊNCIA DA SAZONALIDADE NA MORFOMETRIA DO ZOANTÍDEO Palythoa caribaeorum (CNIDARIA: ZOANTHARIA) EM DUAS PRAIAS DO LITORAL SUL DE PERNAMBUCO
Amanda Lacerda Alves 1
Anne Caroline de Lima e Silva 2
Paula Braga Gomes 3
1. UFRPE
2. UFRPE
3. UFRPE
INTRODUÇÃO:

A especie Palythoa caribaeorum (DUCHSSAING & MICHELOTTI, 1860) é um zoantideo colonial e se caracteriza pela incorporação de grãos de sedimentos em seus tecidos. Este zoantideo é o mais abundante do litoral pernambucano, ocupando extensas regiões sobre os recifes (SOARES et al., 2006). Esse zoantideo apresenta a maior taxa de crescimento quando comparado com outros zoantideos (Suchanek & Green, 1981), porém esse crescimento pode ser influenciado por fatores como radiação, ação antrópica, sedimentação etc (Costa, 2007).                        Durante o periodo chuvoso o aporte de sedimento aumenta pela agitação das águas e essa sedimentação pode influenciar na morfologia dos pólipos devido a maior turbidez da água (Costa, 2007), que diminui o aporte de luminosidade. Isto afeta a fotossíntese das zooxantelas, microalgas associadas a P. caribaeorum e que fornecem grande quantidade de carbono usado, entre outras coisas, no crescimento de seus pólipos (SAAP, 1999). Assim, este trabalho tem como objetivo verificar a influência da sazonalidade na morfometria de Palythoa caribaeorum nos recifes pernambucanos.

METODOLOGIA:

Foram realizadas coletas no período seco (fevereiro) e chuvoso (agosto) de 2008, nas praias de Porto de Galinhas (8º 33' 00" S e 35º 00' 27"  a 34º 59' 00" W) que apresenta grande fluxo de turistas e Suape (8º 21' 45.68" S e 34º 56' 44.61" W) onde se localiza o Complexo Industrial Portuário de Suape, litoral sul de Pernambuco, Brasil. Em cada coleta, foram retiradas 20 colônias de Palythoa caribaeorum tanto no mediolitoral quanto no infralitoral. As amostras foram demarcadas com uso de um quadrado de PVC  (10 x 10cm), retiradas com espátula e fixadas em formol  4%.  Posteriormente, em laboratório, foram contados o número de pólipos em cada amostra para determinar a densidade. Com uso de um paquímetro digital, 45 pólipos de cada colônia tiveram sua altura, diâmetro maior e menor medidos. Com os dados foram calculadas as médias e desvios padrões. Após analise da normalidade os dados foram comparados com o teste de Kruskal-Wallis.

RESULTADOS:

Em Porto de Galinhas a altura dos pólipos variou de: período seco 4,4-29,8 mm; período chuvoso 6,21- 22,1 mm. O mesmo ocorreu em Suape, com valores de altura de: período seco 3,8-38,3 mm; período chuvoso 5-34,8 mm. Não foi verificada diferença nos diâmetros dos pólipos entre as praias. Em relação a densidade dos pólipos, houve diferença significativa (p<0,5) entre o número de pólipos encontrados em 100 cm2 no período seco e chuvoso apenas em Suape. A sedimentação afeta a morfologia dos pólipos. Geralmente no período chuvoso há uma maior sedimentação devido à resuspensão dos sedimentos. Em Porto de Galinhas, o fluxo anual de jangadas, mantém uma constante resuspensão dos sedimentos. Talvez seja esta a razão de não haver diferença sazonal na morfologia dos pólipos. A praia de Suape, com seu complexo portuário poderá também afetar a sedimentação local. A grande variabilidade dos dados, com diferenças entre os valores mínimos e máximos, demonstra grande variabilidade intrínseca. É possível que dentro de uma mesma colônia outros fatores afetem a morfologia dos pólipos. Um estudo de LIMA et al.; (2009) com P. caribaeorum comprovou que a posição dos pólipos na colônia, bem como sua presença no médio ou no infralitoral afeta a morfometria e o crescimento destes organismos.

CONCLUSÃO:

Palythoa caribaeorum apresentou pouca diferença em sua morfometria entre os períodos seco e chuvoso, no entanto, mostrou grande variabilidade nos valores de sua altura, diâmetro e na densidade dos pólipos o que deve indicar que vários parâmetros simultâneos podem afetar seu crescimento.

 

COSTA, D. L. Disertação: O zoantideo Palytha caribaeorum como bioacumulador de metais pesados. Mestrado de Biologia Animal, Universidade Federal de Pernambuco., 53p, 2007.

LIMA, É. P. ALVES, M.C.M. ; SILVA, A.C.L.; GOMES, P.B. "Efeito do branqueamento na morfologia de Palythoa caribaeorum (CNIDARIA: ZOANTHARIA) em duas praias do litoral sul de Pernambuco, Brasil." XII Congresso Nordestino de Ecologia, Graváta, 2009.SAAP, J. What is Natural? Coral reef crisis, Oxford University Press, New York, 27p, 1999.SOARES, C. L. S.; PÉREZ, C. D.; MAIA, M. B. S.; SILVA, R. S.; MELLO, L. F. A. Avaliação da atividade antiinflamatória e analgésica do extrato bruto hidroalcoólico do zoantídeo Palythoa caribaeorum (Duchassaing & Michelotti, 1860). Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 16, n. 4, Set-Dez. 2006.SUCHANEK, T. H. & GREEN, D. J. Interspecific competition between Palythoa caribaeorum and other sessile invertebrates on St. Croix reefs, U.S. Virgin Islands. Proc 4th Int. Coral Reef Sym., 2: 679-684, 1981. 

Instituição de Fomento: CNPQ
Palavras-chave: Variação morfológica, Recifes, Crescimento.