62ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 5. Psicologia da Saúde |
O TRABALHO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NAS FEIRAS LIVRES E MERCADOS PÚBLICOS DE CAMPINA GRANDE |
Euristenes de Araújo Cirne 1 Ana Laura Câmara Marques 1 Edil Ferreira Silva 1 |
1. Departamento de Psicologia/Universidade Estadual da Paraíba - UEPB |
INTRODUÇÃO: |
Não é difícil a constatação do trabalho de crianças e adolescentes nas ruas da cidade, especialmente nos países em desenvolvimento, que possuem 96% das crianças e adolescentes trabalhadores. O trabalho informal surge como uma saída na busca por garantir o sustento pessoal e familiar. Segundo Alberto (2003), a produção deste fenômeno está diretamente relacionado às inovações tecnológicas e a flexibilização do mercado de trabalho, a transformação e a precarização das relações e condições de trabalho, as políticas econômicas recessivas, entre outros. Todos são fatores que geram pobreza, desemprego e/ou salários insuficientes, que acabam empurrando as crianças e adolescentes para as ruas. Tendo em vista todo este cenário, o presente estudo objetivou compreender o trabalho precoce nas feiras livres e mercados públicos da cidade de Campina Grande - PB, mostrando como se configura o processo de trabalho de crianças e adolescentes, conhecendo as condições sócio-econômicas destes e levantando as conseqüências do trabalho precoce para essas crianças e adolescentes envolvidas. Alertamos com o estudo o poder público e a sociedade para a gravidade do problema. |
METODOLOGIA: |
Neste estudo utilizou-se uma metodologia de cunho quanti-qualitativo. Participaram da pesquisa 38 trabalhadores com idade até 16 anos. Inicialmente foram visitadas todas as principais feiras livres e mercados públicos de Campina Grande para verificar a presença ou não de trabalhadores precoces. Na primeira fase da pesquisa foram utilizadas técnicas de observação geral e sistemática do trabalho. No processo de observação sistemática foram realizadas individualmente 38 entrevistas semi-estruturadas. Para tanto, utilizou-se um roteiro de entrevista onde se questionou acerca do processo de trabalho, motivos de inserção no trabalho precoce e as perspectivas de futuro. Complementarmente as observações foi aplicado 38 questionários. Os dados coletados com os questionários foram categorizados e analisados, por meio do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). Posteriormente, se procedeu a análise descritiva da estatística dos dados. Para a análise dos dados das entrevistas e das observações foi utilizada a análise de conteúdo, em que foi construído um quadro temático com as categorias analíticas, elaboradas a partir das teorias que balizam a pesquisa, e as categorias empíricas, que são baseadas no discurso dos entrevistados.
|
RESULTADOS: |
Em relação à idade dos trabalhadores em atividades informais urbanas a pesquisa conseguiu encontrar crianças e adolescentes de |
CONCLUSÃO: |
Compreender a inserção precoce nas atividades informais é complexo porque envolve fatores variados, desde os sociais, políticos e subjetivos até o papel que a família desempenha na entrada dos trabalhadores precoces no mercado de trabalho. A pesquisa demonstra que não estar na escola ou ao menos não ter condição de dedicar-se integralmente a mesma e ter que estar trabalhando, acaba sujeitando essas crianças e adolescentes a situações de violência que supostamente seriam evitadas pelo trabalho, como a questão da socialização desviante. Além de lesar esses sujeitos em um dos seus direitos mais importantes para o exercício da cidadania: o direito à educação, que permite, não apenas o acesso ao conhecimento científico, mas também uma formação cidadã crítica e participativa. As intervenções para reduzir o impacto social e econômico do trabalho precoce precisam ser dirigidas à redução da oferta deste trabalho, através da realização de campanhas de sensibilização da sociedade com vistas a desconstruir as práticas culturais que incentivam, oportunizam e consomem esse tipo de mão-de-obra, assim como o efetivo uso e fiscalização da aplicação da lei do aprendiz, possibilitando a garantia de uma formação técnica-profissional em substituição à exploração da mão de obra juvenil.
|
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq |
Palavras-chave: Trabalho precoce , Setor informal, Saúde do trabalhado. |