62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 1. Serviço Social Aplicado
IDOSOS EM EDUCAÇÃO PERMANENTE EM ÁREAS DE GRADUAÇÃO NA UFPA - FATOR PROPICIADOR DE INTERCÂMBIO DE CONHECIMENTOS INTERGERACIONAIS
Izan Yver Nascimento de Carvalho 1
Heliana Baia Evelin 2
1. Faculdade de Serviço Social, Universidade Federal do Pará / UFPA
2. Profª. Dra. - Faculdade de Serviço Social - ICSA / UFPA, Orientadora
INTRODUÇÃO:
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE registrou a existência, no final de 1990, de 14,5 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, com projeção para 2025 da superação dos 30 milhões; a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD do ano de 2008 aponta que a população idosa brasileira correspondia a 21.040 milhões de pessoas ou 11.1% da população do país. Os dados justificam a promoção de ações que contribuam para o respeito mútuo, valorização e dignidade entre as gerações. A Universidade Federal do Pará através do Programa de Extensão Universidade da Terceira Idade desenvolve, desde 2000, o projeto "A Terceira Idade em Educação Permanente em Áreas de Graduação na UFPA" em um processo que inclui a participação de pessoas idosas nas aulas da graduação na condição de ouvintes, possibilitando o estreitamento das interrelações e a troca de saberes e experiências de vida para ambos os grupos - idosos e jovens. Debert (1999) e Pontes (2008) assinalam que estudar o envelhecimento humano implica em pensar não apenas no sujeito que está nesta fase da vida, mas no vir a ser dos demais sujeitos. A relevância desta pesquisa se funde com a necessidade da criação, desenvolvimento e disseminação de estratégias pedagógicas a fim de facilitar este tipo de relacionamento.
METODOLOGIA:
Utilizou-se o método de pesquisa-ação que se caracteriza pela participação das pessoas implicadas como elementos ativos do processo de investigação dos problemas pesquisados e uma ação destinada a resolver o problema em questão. Pesquisador e pesquisado são sujeitos ativos do processo (Thiollent, 1985). Participaram da pesquisa as 88 pessoas idosas que participaram do Projeto "A Terceira Idade em Educação Permanente em áreas de Graduação na UFPA" no ano de 2009. O processo teve início com a pesquisa bibliográfica e documental (relatórios semestrais e anuais do período 2008-2009); a observação em sala de aula; entrevistas individuais com 35 idosos inseridos no Projeto; entrevistas individuais com 13 professores ministrantes das disciplinas escolhidas pelos idosos nas Faculdades de Serviço Social, Turismo, Comunicação, Educação, Letras, Engenharia Civil e Engenharia Elétrica; entrevistas coletivas durante reuniões trimestrais com o grupo de idosos, que também auxiliam na avaliação das atividades a partir da socialização das vivências em sala de aula, das experiências com outra geração, o que lhes possibilita e ao pesquisador reflexão e redirecionamento das atividades quando necessário.
RESULTADOS:
O processo de envelhecimento humano e a velhice são encarados de modos diferentes de acordo com a cultura de cada sociedade. Os orientais vêem os velhos como exemplos de sabedoria, experiência, manifestando-lhes respeito. As sociedades ocidentais os vêem a partir de alguns déficits cognitivos e psicológicos, por exemplo, que pessoas idosas apresentam no decorrer do processo. A partir dessa construção negativa do significado de ser velho e das potencialidades que possuem que a pesquisa se estabeleceu. Constatou-se que 100% dos idosos participantes assimilaram novos conhecimentos com o intercâmbio entre o saber acadêmico e o saber das experiências vivenciadas nas décadas que demarcam suas idades; apropriaram-se de atitudes e comportamentos interativos; aprimoraram a capacidade de posicionamento em relação a assuntos atuais; vêm alterando a representação social sobre o processo de envelhecer e da velhice a partir da convivência intergeracional e do estimulo da produção na área do envelhecimento humano com outras áreas do conhecimento. Estes resultados não aparecem hegemonicamente nas entrevistas, todavia, foram capturadas a partir dos discursos obtidos. Entende-se que os resultados obtidos são relevantes, repercutindo na vida cotidiana de cada idoso, graduandos e professores.
CONCLUSÃO:
Torna-se cada vez mais visível a presença de pessoas idosas nos espaços públicos, corroborando dados estatísticos das instituições de pesquisa em relação ao envelhecimento humano. As relações intergeracionais configuram um quadro de grande importância na vida das pessoas idosas. O convívio intergeracional vem se mostrando como uma ação político-pedagógica e social que proporciona um diferencial na vida dos atores envolvidos, pois a partir do diálogo entre gerações novas bases sócio-educacionais e culturais podem ser estruturadas, a fim de que haja um convívio mais harmônico, respeitoso e compreensivo. Experiência marcante na história do projeto e nas atitudes das pessoas idosas é que vem sendo desconstruído um mito aludindo a velhice como a fase em que não se pode mais aprender e que um velho dentro de uma sala de aula junto a pessoas mais novas poderia dificultar a dinâmica da aula. Ressalta-se o pedido de desculpas de um docente pelo início conturbado do relacionamento em sala, mas que no transcorrer das aulas a imagempouco aludida fora desconstruída. Neste sentido, o trabalho visa tornar públicas as ações desenvolvidas pelo Projeto, mostrando que ações desta natureza são possíveis e imprescindíveis para a sociedade.
Palavras-chave: Envelhecimento Humano, Educação Permanente, Relações Intergeracionais.