62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
SUSCEPTIBILIDADE DE LARVAS DE Aedes aegypti FRENTE A ORGANOFOSFORADO
Mariana Soares Castro 1
Bráulio Vieira dos Santos Filho 1
Ricelli Carneiro Batalha 1
Wander Luiz Alves Amorim 1
Mônica Irani Gouvêia 1
1. FAMINAS
INTRODUÇÃO:
Fatores que agridem o meio ambiente geram desequilíbrios na natureza ocasionando novas zoonoses ou ressurgindo outras. A dengue tem se destacado entre as enfermidades re-emergentes e é considerada a mais importante das doenças transmitidas por artrópodes, sendo também a mais comum. A doença é muito freqüente em países tropicais onde a temperatura e a umidade favorecem a proliferação do mosquito vetor. O vírus causador da doença possui quatro sorotipos (DEN-1, 2, 3 e 4). A infecção por um deles dá proteção permanente para o mesmo sorotipo e imunidade parcial e temporária contra os outros três. Dengue clássica, hemorrágica e visceral são os tipos da doença conhecidos até hoje. O desenvolvimento de medidas alternativas para o controle da espécie vem aumentando, porém os inseticidas químicos vêem se mantendo como parte vital dos programas de controle integrado. O Organofosforado themephos é o único larvicida com uso generalizado no controle de larvas dos mosquitos, recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) para uso em água potável. O presente estudo tem como objetivo avaliar qualitativamente e quantitativamente a ação do composto themephos sobre larvas de Aedes aegypti capturadas na cidade de Muriaé - MG.
METODOLOGIA:
A pesquisa se baseia na análise da sensibilidade das larvas do mosquito Aedes aegypti frente ao organofosforado themephos em concentrações gradativas. Os técnicos da FUNASA (Fundação Nacional de Saúde) fizeram a coleta de larvas de Aedes aegypti, podendo garantir a identificação correta destas, em quintais do município de Muriaé-MG, e as cederam à pesquisa juntamente com o organofosforado. Para cada concentração do composto químico foi escolhido um vasilhame de mesmo diâmetro e altura contendo 250 mL de água onde foram introduzidas 10 larvas do inseto recebidas após coleta em criadouros residenciais do município. O experimento foi feito em triplicata, existindo também um vasilhame-controle, no qual, sob as mesmas condições, não foi adicionada a substância química em análise. Foram realizados os cálculos para definir a quantidade de organofosforado para cada concentração correspondente. Constando que para 1ppm eram necessários 0,025g, para 0,240 ppm (0,006 g) e 0,125 ppm (0,003 g). O composto químico foi aplicado em cada recipiente e as larvas ficaram em observação por dez horas, verificando visivelmente presença ou ausência de movimentos.
RESULTADOS:
Após a observação pôde-se analisar as larvas e verificar grande sensibilidade, tendo-se média de 89,2 %, 87,4 % e 84,3 % de larvas mortas nas concentrações de 1, 0,240 e 0,125 ppm de organofosforado, respectivamente, e no controle houve sobrevivência de 100% das larvas, não sofrendo interferência de nenhum fator externo. Foi constatada a resistência média de 13,1 % das larvas de Aedes aegypti ao composto organofosforado nas concentrações utilizadas, obtendo-se 86,9% de sensibilidade, insere-se ainda que, segundo dados da OMS para os padrões de suscetibilidade de 80 a 98%, deve-se verificar a resposta com a repetição do experimento. Os inseticidas químicos ainda são os mais utilizados em programas de controle do mosquito vetor e diversos casos de resistência têm sido registrados no mundo para espécies e, mais particularmente, para populações de Aedes aegypti no Brasil.
CONCLUSÃO:
Apesar de muitos estudos virem questionando a resistência das larvas aos compostos químicos, ainda é possível realizar o controle das larvas utilizando o organofosforado, pois, de acordo com o teste aplicado, a sensibilidade das larvas de Aedes aegypti é alta, podendo ser utilizada em baixas concentrações. Analisando os resultados encontrados através da aplicação do organofosforado nas larvas vivas de Aedes aegypti, observou-se que, apesar da alta diferença de concentração entre a primeira amostra (1ppm) e a segunda (0.240ppm) obteve-se um resultado consideravelmente próximo de susceptibilidade, de 89,23% para 87,36%. Estes indicadores dão margem para um questionamento quanto à própria concentração utilizada pelos agentes de saúde da FUNASA no Brasil, que segundo o Ministério da Saúde é de 1ppm. Levando-se em consideração o custo/benefício dessa concentração, novos estudos podem vir a acrescentar informações sobre o composto químico utilizado, e testarem novas concentrações, porventura menores, que mantenham a eficiência com um dano menor a saúde da população.
Palavras-chave: Dengue, Aedes aegypti, Organofosforado.