62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 10. Comunicação - 2. Comunicação e Educação
UM OLHAR SOBRE A CONSTRUÇÃO DA FIGURA DO NORDESTINO NO FILME LUZIA HOMEM DE FÁBIO BARRETO
Iza Fontes Carvalho 1
Renata Cristina Carvalho de Azevedo 2
Marilúcia Pereira do Lago 3
Giovana Scareli 4
1. Dep. de Ciências da Saúde - Curso de Psicologia - Universidade Tiradentes/UNIT
2. Dep. de Ciências da Saúde - Curso de Psicologia - Universidade Tiradentes/UNIT
3. Dep. de Ciências da Saúde - Curso de Psicologia - Universidade Tiradentes/UNIT
4. Profa. Dra./Orientadora - PPGE- Mestrado em Educação - Universidade Tiradentes/U
INTRODUÇÃO:

Há uma produção cinematográfica considerável cujo cenário ou os personagens dizem respeito à região nordeste brasileira. O Cinema Novo, cujo expoente foi Glauber Rocha, apresentou um nordeste de alegorias ao mundo, sendo reconhecido mundialmente pelo movimento que criou na década de 1960. Atualmente, muitos filmes têm sido produzidos e neste trabalho iremos discutir apenas uma produção, dentre tantas assistidas e analisadas. Trata-se do filme Luzia Homem, de Fábio Barreto, lançado em 1984. Objetiva-se identificar elementos definidores da imagem do nordestino no cinema e verificar a construção desta imagem por parte dos diretores de cinema, na construção cinematográfica. A pesquisa tem notável relevância científica e social uma vez que ao analisar a representação do nordestino no cinema brasileiro, promove a discussão sobre a relação entre educação e cultura, evidenciando possíveis estereótipos e/ou preconceitos.

METODOLOGIA:

Um dos filmes que consideramos reunir os aspectos que tínhamos objetivado trabalhar foi o filme Luzia Homem. Este filme foi escolhido pela riqueza de detalhes sobre o cotidiano e sobre a saga do povo nordestino, personificado pela personagem principal chamada de Luzia, personagem de Cláudia Ohana. O método de trabalho utilizado para análise foi a decupagem parcial do filme, que nos forneceu elementos para as análises da linguagem fílmica, desta construção de uma determinada "realidade" proposta pelo filme, sua estética, caracterização e edição. Após a decupagem, foi possível verificar a abordagem feita da imagem do nordestino, bem como quais recursos técnicos foram utilizados em relação ao enquadramento, a composição do cenário, as cores usadas para localizar onde se passava o filme. Dessa maneira, fragmentando o filme e analisando suas partes, principalmente no que diz respeito à linguagem cinematográfica e à estética do filme, pudemos chegar aos resultados.

RESULTADOS:

O filme foi filmado no Ceará, na época da seca. Luzia Homem retrata a briga existente entre fazendeiros e pequenos proprietários de terra. Segundo Milton José de Almeida (1995, p.14) "a cultura produz e também reproduz, faz nascer, renascer o conhecimento, as sabedorias, mostra novamente o antigo, demonstra o novo, o saber-fazer dos homens." Neste movimento de produção e reprodução realizado pela cultura, somos ensinados por ela. Adquirimos saberes, experienciando o antigo, o novo através de representações em textos, imagens e narrativas orais. Algumas vezes nos proporcionando a crítica sobre esta cultura e muitas vezes, perpetuando estereótipos e uma "cultura" que é considerada melhor que outras. O diretor utiliza muito o plano geral e o primeiro plano, apresentando o sofrimento do nordestino na época da seca, a submissão dos sertanejos para com os seus patrões, a mulher submissa, as sagas e as vinganças familiares. Uma retórica em narrativas de palavras e imagens que trazem o calor, as lutas, a vida seca e dura do sertão que imaginamos e que nos são alimentados pelos filmes que vemos.

CONCLUSÃO:
O nordestino que nos é apresentado, embora guarde características do nordestino "real", é romantizado. O cenário, a saga familiar, as lutas, são elementos da cultura fortes no cotidiano do nordestino. Mesmo que "o mar seja o jardim da vida, e o sertão o roçado da morte" como diz o padrinho de Luzia no filme, o nordestino consegue nele plantar e viver. O que agrega uma imagem heróica a este povo. Através da análise, conseguimos verificar algumas particularidades existentes na vida de um nordestino, que nem sempre nos atentamos no nosso cotidiano. No entanto, trata-se da representação de um local, de um povo, de uma cultura, na linguagem cinematográfica que recorta, enquadra, ficciona e, acima de tudo, escolhe, seleciona aquilo que deseja mostrar e como irá mostrar o que escolheu. Neste filme, com base nos resultados apresentados acima, vimos que o filme por mais que queria mostrar que no interior de um corpo duro, masculinizado, e desconhecido, "bate um coração" feminino que é descoberto ao longo do filme. No entanto, o que fica mais forte, em relação às imagens, é de um lugar subdesenvolvido, "atrasado", reproduzindo e perpetuando um estereótipo do que é o nordeste e de sua gente.
Instituição de Fomento: Universidade Tiradentes-UNIT-PROBIC
Palavras-chave: educação visual, cinema, nordestino.