62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 3. Química Analítica
ESTUDO PARA A DETECÇÃO DO HERBICIDA BENTAZON POR VOLTAMETRIA DE ONDA QUADRADA COM MICROELETRODOS DE FIBRA DE CARBONO
Fernando Santos da Silva 1
Uendinara Bilibio 1
Edemar Benedetti Filho 1
Antonio Rogério Fiorucci 1
1. Curso de Química, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS
INTRODUÇÃO:
O aumento da população mundial e a crescente demanda por alimentos para atender a necessidade da população têm exigido o uso de novas tecnologias para a garantia de patamares elevados de produção. Neste cenário, a utilização de pesticidas para o combate de pragas nas lavouras tem se tornado prática indispensável para alcançar o objetivo de altas taxas de produtividade. Entretanto, o uso abusivo destes produtos tem trazido sérios danos ao meio ambiente e a saúde humana o que tem levado cada vez mais a necessidade do desenvolvimento de novos métodos analíticos para a detecção e monitoramento destes compostos. Neste contexto tem se tornado cada vez mais comum o emprego de técnicas eletroanalíticas como a voltametria para a detecção de pesticidas devido a suas vantagens como rapidez e baixo custo nas analises. Este trabalho tem como objetivo estudar as condições ótimas para a detecção do herbicida bentazon empregando voltametria de onda quadrada (SWV) e microeletrodos de fibra de carbono (MFC). Neste estudo, foram avaliados parâmetros experimentais e instrumentais como potencial de deposição, pH e composição do eletrólito de suporte e a freqüência de aplicação da voltametria de onda quadrada.
METODOLOGIA:
Para definir o melhor potencial de deposição, a influência do pH e composição do eletrólito de suporte e melhor freqüência para a detecção do bentazon, as medidas voltamétricas foram realizadas utilizando SWV em condições previamente otimizadas: intervalo de potencial de varredura de 0,60 a 1,55V vs. prata/cloreto de prata, amplitude de 25 mV, altura de degrau de 6 mV, freqüência de 8,3 Hz, tempo de equilíbrio de 30s e concentração do surfactante Triton X-100 no eletrólito de suporte de 0,02% v/v. Para o estudo do pH, foram utilizadas soluções tampão Britton Robinson (BR) de pH 1,5 a 8,0 preparadas pela mistura de volumes idênticos de soluções de ácido bórico, acético e orto-fosfórico com ajuste de pH pela adição de solução de hidróxido de sódio, sendo todas as soluções de concentração 0,2 mol L-1. Para a definição da composição mais adequada do eletrólito de pH 2,0, foram realizadas medidas utilizando os tampões BR e fosfato. Este último preparado com solução de hidrogenofosfato de sódio 0,2 mol/L e ácido cítrico 0,1 mol/L. Nas medidas voltamétricas, utilizou-se uma cela eletroquímica de três eletrodos, tendo o eletrodo de prata/cloreto de prata/cloreto de potássio 3 mol / L como referência, eletrodo de fio de platina como contra-eletrodo e MFC como o eletrodo de trabalho.
RESULTADOS:
O estudo indica que os melhores resultados em termos de sensibilidade são obtidos quando potenciais anódicos são aplicados ao MFC antes da varredura de potencial. Com a aplicação dos potenciais anódicos de +0,8V ou +1,0 obtêm-se os melhores resultados. Com aplicação de potenciais de +1,0 V ao MFC, os valores médios de corrente de pico (Ip) tem um aumento de 279 % em relação a medidas sem aplicação de qualquer potencial ao microeletrodo antes da varredura. O estudo do pH do eletrólito de suporte indicou que o bentazon pode ser melhor detectado utilizando um eletrólito com pH 2,0. O gráfico de Ip versus pH mostra um máximo da corrente de pico para o pH 2,0 sendo que para valores de pH superiores a 2,0 é observado uma diminuição na corrente de pico com o aumento do pH e entre os pHs 6,0 a 8,0, a corrente possui uma tendência a se estabilizar. A composição do eletrólito mais adequada para a detecção do bentazon foi o tampão de hidrogenofosfato de sódio 0,2 mol/L e ácido cítrico 0,1 mol/L. O uso deste tampão forneceu um valor médio de Ip maior e com menor desvio padrão relativo para as medidas. A detecção do pico anódico do bentazon apresentou melhores resultados utilizando freqüência de 8 Hz devido ao maior valor de Ip obtido e maior reprodutibilidade nas medidas.
CONCLUSÃO:
O estudo indica que o pico anódico do bentazon pode ser melhor detectado com MFC utilizando potenciais de deposição anódicos de +0,8V ou +1,0V e eletrólito de pH 2,0 com composição de hidrogenofosfato de sódio 0,2 mol/L e ácido cítrico 0,1 mol/L. A influência do pH do eletrólito sobre a corrente de pico constatada neste estudo foi semelhante à verificada em estudos com o eletrodo de pasta de carbono. Os resultados mostram ainda que a freqüência de 8 Hz é a mais adequada para a detecção do bentazon. A influência da freqüência sobre a corrente de pico do bentazon obtida com o MFC difere da obtida com eletrodos de tamanho convencional como de pasta de carbono e carbono vítreo, com os quais o uso de freqüências mais altas é mais adequado para medidas mais sensíveis. A resposta do MFC para o pico anódico de bentazon sob as melhores condições estabelecidas neste estudo mostra-se promissora para aplicação deste eletrodo na determinação de bentazon.
Instituição de Fomento: Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul - FUNDECT.
Palavras-chave: Bentazon, Microeletrodo de fibra de carbono , Voltametria de onda quadrada.