62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA SURDEZ
Maria de Fátima Ribeiro Ferraz 1
1. Secretaria de Educação, Esporte e Lazer. Prefeitura do Recife
INTRODUÇÃO:
Este estudo de natureza qualitativa enfoca as Representações Sociais da Surdez do ponto de vista dos pais ouvintes, com filhos surdos, por compreender que os primeiros exercem papéis fundamentais na sociedade, e são agentes de produção e reprodução de significados, que transformam e ou legitimam opiniões estabelecidas nas relações que permeiam o mundo e o imaginário individual. A questão da Representação Social da Surdez é categoria central da pesquisa, porque fornece elementos que permitem uma relação dialética entre o individuo e o mundo numa via de mão dupla onde se constroem o indivíduo e o mundo como objeto social. Por este motivo, o uso da Teoria das Representações Sociais configurou-se como suporte teórico metodológico para compreender os significados e as representações que os sujeitos fazem a respeito dos outros. O objetivo dessa pesquisa foi compreender como se constroem as representações sociais das famílias ouvintes com filhos surdos e como isto repercute na formação e construção de sua identidade em uma sociedade ouvinte. Entre os resultados obtidos, destacamos a ambiguidade na representação da surdez, pois falta entendimento do surdo como sujeito político. Visualizamos a necessidade de despertar consciência política e social, a respeito dos outros, para construirmos relações pautadas em valores sociais onde se respeite a alteridade do outro.
METODOLOGIA:
Usamos como metodologia questionários aplicados aos pais, em uma escola estadual, situada em Recife. A pesquisa foi desenvolvida por duplas que se revezavam entre entrevistador e observador, para colher aspectos emocionais durante as entrevistas. De posse dos dados, realizamos análise dos itens e tecemos considerações por blocos de respostas.
RESULTADOS:
A pesquisa aponta a escola como o primeiro espaço onde as crianças surdas têm seu primeiro contato com a língua e, implicitamente, percebemos o grande espaço de tempo pedagógico que existe entre o contato com a língua materna e a construção do conhecimento. De acordo com as respostas dos questionários das famílias ouvintes com filhos surdos, fica evidenciado que a surdez é um território de representações assimétricas e irregulares.
CONCLUSÃO:
É urgente mudar o foco de definição da surdez e dos surdos, estes não devem ser vistos como sujeitos deficitários da comunidade ouvinte, mas sim como sujeitos pertencentes a uma comunidade culturalmente e linguisticamente diferente, marcado com um veio social próprio em termos de língua, cultura, identidade e convenções.
Palavras-chave: Representação social, Surdez, Relações sociais.