62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
MULHERES E DOCÊNCIA: DISCURSO E REPRESENTAÇÕES SOBRE O MAGISTÉRIO NO BRASIL
EDJA KELLY DA SILVA LIMA 1
EZEQUIEL SANTOS MONTEIRO 1
ANA SANTANA MEDEIROS DA COSTA 1
TÂNIA CRISTINA MEIRA GARCIA 1
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
INTRODUÇÃO:
A sociedade atual é marcada por representações. Construímos o hábito de criar simbologias e símbolos para tudo o que nos rodeia. No campo educativo a situação é muito semelhante. No período colonial, com todas as adversidades de espaço e cultura, a função de educar foi prioritariamente masculina, tendo em vista que tal atividade foi designada aos padres Jesuítas, onde estes deveriam educar e catequizar os nativos. Com a expulsão dos Jesuítas do Brasil, surgem os mestres-escola, e, mais uma vez, temos na figura masculina a representação do ser que ensina, educa e instruí. Somente no período imperial com o início da industrialização e com a atribuição ao magistério de características tipicamente femininas é que a mulher chega aos púlpitos escolares para assumir o papel de docente. Assim sendo, este texto que é fruto do projeto de pesquisa PROFESSORA NEGRA NO SERIDÓ: memória e história que tem por objetivo identificar o momento histórico em que a mulher afro-descendente foi inserida no processo educacional do Seridó norte rio-grandense, traz uma interessante discussão acerca das representações que se formaram sobre a mulher enquanto atuante do magistério.
METODOLOGIA:
No intuito de contribuir para a materialização deste trabalho investigativo a metodologia contemplou os seguintes aspectos: primordialmente a investigação bibliográfica em fontes secundárias de informações, apoiando-se em textos que suprissem alguns destes questionamentos "como as mulheres conseguiram ocupar de forma mais significativa o espaço escolar, sendo que este inicialmente era predominantemente masculino? Que fatos sociais contribuíram para que esta mudança ocorresse? E quais as consequências da feminização do magistério para os atores deste processo e para o sistema educacional?"; além da análise de entrevistas orais realizadas com mulheres afro-descendentes residentes na região do Seridó (o que quer dizer em nossa região, no intuito de confrontar os debates teóricos com a realidade local e singular da região seridoense) compreendido por nós, como um fragmento da malha de representações que circundam o magistério, compreendido enquanto extensão do ofício materno.
RESULTADOS:
Louro (2001) ao se referir a educação provincial do Brasil Império precisa que esta encontrava-se em estado de abandono em virtude da ausência de mestres devidamente qualificados. Neste contexto, a sociedade brasileira clamava pela criação de escolas formadoras de docentes. Em meados do século XIX as súplicas da população foram ouvidas, criando-se então as Escolas Normais responsáveis pela formação de professores de ambos os sexos. Passado algum tempo, percebeu-se que a presença masculina nestas escolas era cada vez menor enquanto que o número de mulheres crescia consideravelmente. A ocorrência desse fenômeno justifica-se pelas mudanças sociais engendradas pelo processo de urbanização e industrialização responsáveis pela ampliação das oportunidades de trabalho para pessoas do sexo masculino. Diante dessa nova configuração social algumas estratégias foram forjadas para justificar a saída dos homens da sala de aula. Dentre elas, o discurso representativo que atribuiu ao magistério qualidades consideradas tipicamente femininas, como paciência, minunciosidade, afetividade e doação, e legitimou o exercício da docência por mulheres e justificou a ausência dos homens em sala de aula, materializando assim a chamada Feminização do Magistério.
CONCLUSÃO:
Compreende-se assim que a feminizaçao do magistério não foi um processo que se deu ao acaso ou de maneira "natural", ao contrário, este reflete uma série de mudanças , transformações econômicas e sociais as quais se tornarão responsáveis por uma importante alteração na estrutura social, demarcado, neste caso em específico, pelo ingresso das mulheres no mercado de trabalho em um campo antes dominado por homens.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Docência, Feminização, Mulheres.