62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia
RELAÇÃO ENTRE O TAMANHO DA FÊMEA E O NÚMERO DE FILHOTES DE Tityus pusillus, POCOCK, 1983 (SCORPIONES, BUTHIDAE)
André Felipe de Araujo Lira 1
Arthur Álvaro Costa Silva Filho 1
Cleide Maria Ribeiro de Albuquerque 1, 2
1. Depto. de Zoologia, Centro de Ciências Biológicas - UFPE
2. Profa. Drª/Orientadora
INTRODUÇÃO:
O investimento reprodutivo de fêmeas de escorpiões na produção de filhotes tem demonstrado diferentes tendências. Enquanto em várias espécies há uma clara relação entre o tamanho da fêmea e da cria, em outras, essa relacão é inexistente. No gênero Tityus Koch, 1836, encontram-se as espécies de importância médica no Brasil, cuja reprodução ainda persiste como pouco conhecida. Dentre as espécies responsáveis por acidentes escorpiônicos no Brasil, o número de filhotes/cria tem sido descrito como independente do tamanho da fêmea em Tityus stigmurus (Thorell, 1876) e Tityus serrulatus Lutz & Mello,1922, embora isso não ocorra com Tityus bahiensis (Perty, 1833). Recentemente, Tityus pusillus Pocock, 1983, foi descrito como sendo capaz de causar acidentes escorpiônicos em Pernambuco. Essa espécie foi inicialmente descrita como endêmica para o 'Centro de Endemismo de Pernambuco', tendo seu registro atualmente ampliado para os estados de Sergipe, Bahia e Piauí. Visando contribuir para o conhecimento da biologia de T. pusillus, o presente trabalho tem como objetivo investigar a relação entre o tamanho da fêmea e a produção de filhotes.
METODOLOGIA:
Fêmeas grávidas de T. pusillus (n=18) obtidas através de coleta ativa no período noturno, no Centro de Instrução Marechal Newton Cavalcanti (CIMNC), Araçoiaba, Pernambuco entre os meses de outubro e dezembro de 2009 foram usadas nesse estudo. O CIMNIC representa o maior conjunto de fragmentos de Mata Atlântica do Estado com 7.324 hectares apresentando áreas com diferentes estágios sucessionais. Os animais foram mantidos em laboratório em condições ambientais, com temperatura média de 24,5º± 2º C. Os espécimes foram separados individualmente em potes plásticos, com abrigo e água, sendo oferecido quinzenalmente como alimento ninfas da barata Periplaneta americana (L., 1758). Para analisar a relação entre a quantidade de filhotes produzidos e o tamanho da fêmea foram realizadas medidas do prossoma da mãe e a contagem dos juvenis de cada cria, no dorso da fêmea, no prazo de até 24 h ápos nascimento. O comprimento do prossoma das fêmeas foi mensurado com um paquímetro digital. Os dados foram analisados usando-se o coeficiente de correlação (Pearson's r) com a significância das correlações sendo feita com um teste-t. Foi utilizado o programa Biostat 5.0 para os cálculos estatísticos.
RESULTADOS:
Tityus pusillus apresentou uma grande variação no tamanho da fêmea e no tamanho da ninhada. O comprimento do prossoma foi em média 3,85 ± 0,22 mm, variando de 3,55 a 4,19 mm. O número médio de filhotes/cria 7,66 ± 1,74 indivíduos, ocorrendo uma variação de 4 a 12 espécimes. Não houve correlação significativa (r= 0, 2676; p=0, 2830) entre tamanho e número de filhotes /fêmea. Esse fato tem sido registrado em outras espécies, sendo sugeridos fatores fisiológicos e ambientais como os principais responsáveis por esse fenômeno. O tamanho médio da cria foi menor do que os registrados para o gênero Tityus (15-25); no entanto, mostrou-se similar ao de fêmeas de outras espécies com tamanho equivalente tal como o Tityus mattogrossensis Borelli, 1901, (8-9), Tityus silvestris Pocock, 1987, (5-14) e Tityus clathratus (8-18)
CONCLUSÃO:
Com base nos dados obtidos, a produção de filhotes em T. pusillus é independente do tamanho da fêmea,
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolviento Científico e Tecnológico-CNPq
Palavras-chave: escorpião, mata-atlântica, reprodução.