62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE INCLUSÃO ESCOLAR PARA PROFESSORAS
Ednea Rodrigues de Albuquerque 1
Laêda Bezerra Machado 2
1. Secretaria Municipal de Educação do Jaboatão dos Guararapes - PE
2. Profa. Dra./Orientadora - UFPE
INTRODUÇÃO:

A inclusão escolar da pessoa com deficiência é assunto bastante discutido em nível nacional e internacional. No que concerne aos aspectos legais observa-se um considerável avanço, mas no âmbito institucional existe uma lacuna entre o direito escolar e a aceitação da diferença no contexto escolar. A pesquisa teve como um de seus objetivos analisar as representações sociais de inclusão escolar de professoras da educação infantil e ensino fundamental da Rede Municipal de Ensino do Jaboatão dos Guararapes-PE. O referencial teórico foi constituído nos estudos na área de inclusão e na Teoria das Representações Sociais Partimos do pressuposto de que as representações sociais orientam e explicam as práticas docentes. Os resultados revelaram a distancia entre o discurso e as práticas docentes nas escolas públicas. A educação da pessoa com deficiência, no âmbito dessas instituições escolares, sem dúvida ainda é alvo de preconceito e discriminação. O discurso da impossibilidade e resistências ao processo de inclusão escolar está marca os depoimentos e práticas dessas professoras.

 

METODOLOGIA:

Trata-se de um estudo de natureza qualitativa. O campo empírico foi a rede municipal de ensino do município do Jaboatão dos Guararapes-PE. A escolha desse campo está atrelada à vivência profissional na área da formação continuada. Participaram da pesquisa 43 professoras da educação infantil e ensino fundamental que estavam atuando com alunos com deficiência nas turmas regulares. A maioria das entrevistadas era concursada e predominantemente com formação acadêmica superior. A faixa etária das docentes oscilou entre 25 e 55 anos, sendo que o público maior concentra-se no grupo entre 25 e 29 anos de idade. O tempo de exercício na profissão foi de 3 a 18 anos na carreira docente. As professoras atuavam em diferentes turmas, no entanto, a maior concentração estava na primeira série do ensino fundamental. Como procedimento de coleta, utilizamos a entrevista semi-estruturada e a técnica de associação livre de palavras. Para análise das informações, utilizamos a Técnica de Análise de Conteúdo proposta por Laurence Bardin (1979). A pesquisa ocorreu no período de 2005 a 2007.

RESULTADOS:

As informações obtidas através das entrevistas e da associação livre de palavras emergiram três grandes categorias, a saber: inserção do aluno com deficiência na escola; resistências e impossibilidades pra realizar inclusão; aprendizagem do aluno é lenta. Neste resumo, apresentaremos apenas a primeira delas. Para as docentes inclusão quer dizer acesso ou inserção na escola. Isto é, a inclusão está sempre acompanhada de possibilidades de integração, convivência com os alunos ditos normais e socialização.  Os resultados apontam meramente a presença física, implicando que não há um sentido de pertença à escola, o que implica certa descaraterização e negligência da função social da instituição.  A representação social de inclusão ficou reduzida a inserção física do aluno com deficiência no espaço escolar. Nesse sentido, evidenciam nos relatos das professoras um forte apelo contra a exclusão que ocorre dentro da própria escola, esforçando-se individualmente parar que o aluno esteja na comunidade educacional. No entanto, todo empenho está substancialmente pautado em princípios integracionistas. Aparece nos depoimentos a necessidade de apoio técnico. A presença do profissional especializado constitui-se como condição fundamental para a materialização da inclusão escolar. 

 

CONCLUSÃO:

A simples inserção do aluno com deficiência na escola, ou seja, o acesso, convívio, socialização e participação são os grandes eixos sustentadores desse componente representacional. À luz das representações sociais, esse componente pode ser compreendido como algo objetivado, materializado nas praticas. As representações sociais das professoras estão pautadas numa tendência de educação onde as diferenças são negadas ou veladas. Identificamos que a inclusão acaba sendo um ato de boa vontade, o que muitas vezes concorre para reforçar, mesmo de forma pouco explícita, a segregação. A incompetência, ausências e inabilidades do aluno com deficiência são reafirmadas nessas representações sociais. O conteúdo representacional de inclusão das professoras vem asseverar a negligência para com a concretização do direito à educação para o aluno com deficiência. A despeito de todo o discurso sobre inclusão, essa representação social nos ajuda a compreender a distância entre o discurso e as práticas correntes nas escolas públicas.

 

Palavras-chave: Inclusão, Representações Sociais, Professoras.