62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 7. Ciência e Tecnologia de Alimentos - 1. Ciência de Alimentos
ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DE FRUTOS DO CERRADO E DO PANTANAL DE MATO GROSSO DO SUL.
Melisha Stephanie dos Santos Tavares 1
Maria Isabel Lima Ramos 1, 2
Manoel Ramos Mendes Filho 1
Priscila Aiko Hiane 1
Gabriela Moraes e Silva 1
1. Departamento de Tecnologia de Alimentos e Saúde Pública, UFMS
2. Orientadora
INTRODUÇÃO:

Os radicais livres são produzidos durante o processo de oxidação fisiológica e têm a propriedade de romper ligações covalentes e/ou atacar biomoléculas como o DNA, causando assim, agressões celulares. Ao longo do tempo, o acúmulo de radicais livres pode ocasionar o estresse oxidativo celular, que tem sido associado ao envelhecimento e ao desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas, câncer e doenças cardíacas. Em oposição aos radicais livres estão os antioxidantes, que têm a propriedade de impedir a danificação celular causada por radicais livres. Entre as substâncias antioxidantes conhecidas, estão os compostos fenólicos, que possuem baixa toxicidade e forte atividade, sendo largamente encontrados em vegetais e frutos. Este trabalho tem por objetivo quantificar o teor fenólico e avaliar a capacidade antioxidante dos frutos caraguatá e tarumã, esperando que os resultados possam contribuir para o conhecimento do potencial nutritivo dos frutos do Cerrado e do Pantanal brasileiro, bem como para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental por meio da valorização de frutos nativos da região.

METODOLOGIA:
Os cachos maduros de caraguatá (Bromelia balansae Mez) e os frutos de tarumã (Vytex cymosa Bert.) coletados no município de Campo Grande - MS, foram lavados e separados em partes: casca, polpa e semente, que foram trituradas e armazenadas sob refrigeração. Foram realizadas duas extrações: aquosa e etanólica, na proporção 1:3 m.m-1, fruto:solvente, em cada parte dos frutos. Soluções metanólicas dos extratos e dos resíduos foram submetidas à reação colorimétrica de determinação de compostos fenólicos, onde estes reduzem o reagente de Folin-Ciocalteau formando um complexo azul de coloração intensa. A quantificação do teor fenólico foi feita através de curva de calibração de ácido gálico, e expresso como equivalente de ácido gálico. A capacidade de seqüestrar radicais livres foi avaliada utilizando-se o radical estável 2,2-difenil-1-picril hidrazil (DPPH) e soluções testes de concentração 10% em mg sólidos.mL-1. Diferentes concentrações desses extratos reagiram com solução etanólica de DPPH e as absorbâncias das amostras foram lidas em espectrofotômetro (517nm). A atividade antioxidante foi expressa em função da concentração μg.mL-1, e o valor de IC50 é definido como a concentração final do extrato seco requerido para decrescer a concentração inicial de DDPH em 50%.
RESULTADOS:
Os maiores teores de compostos fenólicos obtidos foram: extrato aquoso e etanólico de polpa de caraguatá, 27,68 e 27,36mg GAE.g extrato seco-1, respectivamente, extrato aquoso e etanólico de polpa de tarumã, 16,81 e 12,59mg GAE.g extrato seco-1, respectivamente. Observou-se que os teores de fenólicos encontrados nos resíduos foram muito inferiores aos presentes nos filtrados; as extrações aquosas e as etanólicas mostraram eficiências semelhantes e, nos frutos analisados, esses teores não foram tão expressivos quanto aos de outros frutos do Cerrado já estudados. Um alto potencial antioxidante é expresso por um baixo índice de IC50, pois quanto menor a concentração necessária do extrato para inibir a oxidação do radical em 50%, melhor a atividade antioxidante. Os menores valores de IC50 foram apresentados pelo extrato aquoso de casca de tarumã 6,04µg.mL-1, resíduo aquoso e etanólico de casca de caraguatá, 10,61 e 13,03µg.mL-1, respectivamente. Apenas o extrato etanólico de casca de caraguatá e o extrato etanólico de casca de tarumã que apresentaram IC50 de 25,18 e 22,65 µg.mL-1, respectivamente e teor fenólico de 14,76 e 11,63 mg.GAE.g extrato seco-1 respectivamente, mostraram alguma relação entre um bom conteúdo fenólico e boa atividade antioxidante.
CONCLUSÃO:

As polpas dos frutos apresentaram maiores valores de compostos fenólicos quando comparadas às cascas e às sementes. O extrato aquoso da casca do tarumã mostrou capacidade em seqüestrar radicais livres próxima à do alecrim, o qual é conhecido por desempenhar excelente atividade antioxidante. As outras frações dos frutos apresentaram resultados que indicam bom potencial antioxidante quando comparados a outros frutos do cerrado. Apenas nos extratos etanólicos das cascas de tarumã e de caraguatá observou-se uma relação entre o teor de fenólicos e a atividade antioxidante, nos outros extratos não foi possível verificar esta correlação. Os menores valores de IC50 não foram encontrados nos extratos que obtiveram os maiores teores de compostos fenólicos, o que pode ser justificado pela presença de outras substâncias antioxidantes. Assim, sugere-se a realização de estudos posteriores para caracterização dos compostos fenólicos e outras possíveis substâncias antioxidantes e seus mecanismos de ação, que são importantes para fundamentar a atividade encontrada, além de, avaliar a eficiência de outros solventes e processos de extração.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Frutos nativos, Antioxidantes, Compostos fenólicos.