62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 1. Ecologia Aplicada
MUDANÇAS NOS PADRÕES DA PAISAGEM EM 11 MUNICÍPIOS DO RN, ENTRE 1984 E 2005, COM BASE EM IMAGENS DE SATÉLITE.
Fabíola da Costa Catombé Dantas 1
Kionara Sarabella Turíbio e Silva 1
1. Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia / UFRN
INTRODUÇÃO:
Perturbações ambientais em massa causadas pelo homem têm alterado e destruído a paisagem em larga escala, levando populações e comunidades a extinção local. Entre essas perturbações, a fragmentação e degradação de habitats por atividades humanas estão entre os impactos que mais interferem negativamente na diversidade biológica. Regiões semi-áridas, onde está situado o Bioma Caatinga, são consideradas como um dos ecossistemas mais explorados e degradados do mundo. Considerando a contínua devastação da Caatinga no estado do Rio Grande do Norte por atividades agrícolas, extrativismo e pecuária extensiva, bem como o fato de haver poucos estudos em desenvolvimento, é de fundamental importância o conhecimento de padrões e modificações de paisagem na região citada, a fim de subsidiar o desenvolvimento de novos estudos na mesma região ou em outras regiões semelhantes. Nesse contexto, o presente trabalho tem como objetivo analisar e comparar espacialmente as modificações na paisagem em 11 municípios do RN a partir de imagens de satélite LANDSAT no período de 1984 a 1999 e realizar uma caracterização atual da região com imagem de Satélite CBERS de 2005 a fim de discutir as principais influências ambientais antrópicas ou naturais nos padrões da paisagem.
METODOLOGIA:
O processamento digital foi realizado com três imagens do estado do Rio Grande do Norte nos municípios de: Macau, Guamaré, Pendências, Alto do Rodrigues, Carnaubais, Ipanguaçu, Açu, Itajá, Fernando Pedroza, Angicos, Afonso Bezerra. As imagens foram obtidas no INPE/BR, sendo duas pertencentes ao Satélite LANDSAT5 com datas de passagem de 17/06/1984 e 14/10/1999 e a outra do Satélite CBERS 2, de 13/08/2005. Foi utilizado o Software ENVI 4.2 para contraste e coloração RGB432 a fim de incluir os perfis de vegetação que refletem no infravermelho. Foram criadas três regiões de interesse: água, que teve como resposta espectral a coloração azul ou preta e envolve nesta categoria qualquer tipo de formação hídrica incluindo lagos, rios e mares; vegetação, como reflete bem no infravermelho próximo foi identificada com diferentes tons da coloração vermelha e inclui desde vegetação de mangue até plantas características da região seca; solo exposto, no qual foi incluído qualquer tipo de uso de solo que não se apresente coberto por água ou vegetação, a saber: solos desnudos, viveiros desativados, paisagens urbanas em concreto, asfalto e outros tipos. Posteriormente, as imagens foram classificadas e interpretadas análise visual das coberturas das imagens mapeadas.
RESULTADOS:
O mapa de 1984 apresenta a cobertura de vegetação como matriz da paisagem. Após 15 anos, a cobertura de solo exposto se torna dominante. O semi-árido nordestino foi castigado por uma seca em 1998, sugerindo que fatores abióticos influenciam nos padrões dessa paisagem. Além disso, a região nordestina é caracterizada por apresentar terrenos bastante deteriorados em virtude da intensidade de exploração com uso de técnicas inadequadas. Esses fatores influenciam negativamente a fauna da região, já que mudanças nos padrões de distribuição espacial da cobertura vegetal podem refletir em mudanças na organização das interações ecológicas locais. O mapa de 2005 mostra que a cobertura dominante foi solo exposto, o que pode ser explicado pela degradação da terra para cultivos agrícolas, pecuária, desenvolvimento urbano, condições climáticas adversas e outras. É possível reconhecer que a atividade humana e condições ambientais adversas são modeladores da paisagem. Nas imagens também é possível verificar que o município de Serra do Mel, em 2005, a cobertura predominante é solo exposto com padrão de desmatamento "espinha de peixe" em resposta a economia local com lotes agrícolas e vilas comunitárias voltadas para áreas de cultura de caju.
CONCLUSÃO:
Houve diferenças na cobertura vegetal ao longo de dezoito anos, com mudanças nos padrões de paisagem, em destaque à fragmentação da vegetação em sua maioria provavelmente composta de mata típica da região seca, que podem estar modificando interações ecológicas importantes e comprometer a biodiversidade. Estudos sobre ecologia na caatinga ainda são escassos, mas são cada vez mais necessários para principalmente para quantificar essas diferenças, causadas principalmente pela ação antrópica, a fim de subsidiar minimização de impactos e conservação da área. A utilização de imagens de satélite pode ser de grande utilidade em estudos de ecologia de paisagens tendo em vista que, proporcionam comparações de padrões em diferentes escalas temporais e pode favorecer um monitoramento com, inclusive comparações com outras regiões brasileiras, dependendo do objetivo do estudo a ser realizado.
Palavras-chave: paisagem, degradação ambiental, processamento de imagens.