62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
RELEITURA DE OBRAS DE ARTE NO ENSINO FUNDAMENTAL
Andréa Cristina Ferreira do Nascimento 1
Emanuela Ferreiera do Nascimento 1
1. Prefeitura da Cidade do Recife
INTRODUÇÃO:
O trabalho "Releitura de obras de arte no ensino fundamental" corresponde à prática do projeto do ano de 2009 intitulado "A cultura afro e indígena e a educação hoje". Foi desenvolvido durante o primeiro semestre deste mesmo ano com a turma do primeiro ano do primeiro ciclo C (turno tarde). Teve como propósito levar os educandos a familiarizarem-se com a linguagem gráfica, desenvolver e ampliar noções de espaço e forma, bem como envolvê-los com o mundo da arte articulando com elementos da História do país. Isso se deu a partir da realização da releitura de obras do artista plástico Jean-Baptiste Debret (1768-1848) que retratou o Brasil quando, entre outros contextos, apresentau a presença de escravos no país, mostrando seu trabalho, cultura, e até mesmo os castigos que recebiam. Levando as crianças a adentrarem, nos estudos propostos, em questões históricas e éticas; além do ponto de vista artístico, ampliando portanto suas perspectivas de aprendizagem.
METODOLOGIA:
O trabalho teve início com a apresentação da obra "Negra tatuada vendendo caju" (1824). Quando os alunos puderam, oralmente, descrever o que viam e percebiam nos detalhes da tela. Num segundo momento, houve uma roda de conversa onde a discussão foi a autoria das obras de arte, e daí um estudo da biografia de Debret. Neste, verificou-se todos os tópicos que compõem um estudo biográfico, como tempo (anos de nascimento e morte), localização (país de origem do autor), entre outros. Só depois disso foi que os alunos realizaram suas releituras das obras do autor. Culminando com a exposição dos resultados dos trabalhos das criança, seguindo da montagem de um álbum destes trabalhos com o propósito de se tornar material de consulta no acervo da escola.
RESULTADOS:
Os educandos, com esta proposta, despertaram para a forma de vida dos negros no Brasil na época da escravidão, e questionaram a diferença social entre eles e os outros cidadãos retratados nas telas. Gerando, com isso, um relevante momento de troca de informações acerca do racismo e questões étnicas vivenciadas no país. Foi também uma oportunidade ímpar do ponto de vista do trabalho em equipe uma vez que houve um significativo aumento na interação do grupo classe. Contando ainda que todos os momentos foram propícios para o exercício da oralidade, quando as crianças, ao refletirem as questões discutidas em sala, tinham a possibilidade de organização do pensamento, elaboração e reelaboração de argumentos, na prática do raciocínio lógico. Bem como, tratou-se de uma oportunidade de envolver os alunos num contexto artístico, no mundo do belo, do abstrato, da sensibilidade.
CONCLUSÃO:
A partir dos resultados verificados, passa-se a ver a Arte enquanto elemento acessível aos educandos e não mais como algo distante da realidade deles. Arte esta que retrata a História de seu país, que aponta e remete à história de cada criança, levando os educandos a compreenderem melhor o mundo ao seu redor, enxergando-se enquanto partícipe da sociedade; podendo-se, neste contexto, tornar agentes de transformação. Pois, segundo Freire (1996.p. 59): O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros. Logo, evidencia a relevância do papel da escola em envolver alunos e educadores numa experiência interdisciplinar que vai além das propostas convencionais, por ampliar os olhares dos envolvidos diante do mundo, levando-os a construir caminhos novos de aquisição e troca de saberes.
Palavras-chave: Arte, História, Cultura.