62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
INTERAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS COM ANTI-HIPERTENSIVOS EM PACIENTES ACOMPANHADOS POR UMA EQUIPE DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA EM JUAZEIRO DO NORTE-CE
Alberto Malta Junior 1
Elainy Fabrícia Galdino Dantas Malta 2
Rivaldina Macêdo Mendes Alves 2
Frederico Augusto de Lima e Silva 3
1. Universidade Federal do Ceará - Faculdade de Medicina de Barbalha
2. Prefeitura de Juazeiro do Norte - Secretaria Municipal da Saúde
3. Faculdade de Medicina de Juazeiro
INTRODUÇÃO:
O uso das plantas medicinais é um traço marcante dentro da cultura brasileira em face da diversidade étnica do povo de origem negra, indígena e européia. Através dos tempos, as gerações transmitiram os conhecimentos sobre as plantas medicinais que perdura até hoje. Com o advento da indústria farmacêutica e dos medicamentos industrializados o uso das plantas foi em parte, diminuído, mas não extinto. Assim, atualmente a população brasileira convive com os medicamentos industrializados e com as plantas medicinais sem necessariamente saber das conseqüências do uso concomitante. Existem poucos registros sobre o uso combinado de plantas medicinais e medicamentos. A partir da informação que pacientes portadores de hipertensão arterial vêm utilizando plantas medicinais para complementar o tratamento, este estudo teve como objetivo estudar a ação das plantas medicinais utilizadas por pacientes hipertensos acompanhados em duas unidades da Estratégia Saúde da Família em Juazeiro do Norte-CE.
METODOLOGIA:
Esse estudo foi de natureza exploratória de natureza qualitativa. Foi realizado em duas unidades da Estratégia de Saúde da Família em Juazeiro do Norte-CE. A primeira unidade localiza-se no Bairro Santa Tereza e a segunda no Bairro Tiradentes. A pesquisa foi realizada em pacientes hipertensos atendidos nas referidas unidades da ESF em Juazeiro do Norte-CE. Os pacientes selecionados incluíram aqueles que estavam sendo acompanhados pelas unidades e que consentiram participar. Para coleta de dados, foi utilizado um instrumento contendo questões abertas e fechadas inerentes ao objetivo proposto para a referida pesquisa. A identificação das plantas foi feirta a partir da comparação das amostras das plantas com atlas de referência da literatura. Foram respeitados os aspectos éticos da Resolução No 196 de 10 de outubro de 1996, preconizada pelo Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde.
RESULTADOS:
Foram entrevistados 80 pacientes com hipertensão e que utilizam medicamentos para o tratamento. Dentre estes, 52% utilizam plantas medicinais, 84% são mulheres, com mais de 60 anos. Entre as plantas mais utilizadas estão a colônia, camomila, capim santo e endro nesta ordem de uso. Para os pacientes que misturam a planta medicinal com o medicamento, observou-se que 43% tomam em horários diferentes do medicamento hipotensor; 6% tomam junto com o medicamento e 3% colocam o chá na geladeira e tomam à vontade durante o dia. Alguns dos benefícios citados foram: sensação de tranquilidade, calma, relaxamento dos nervos e melhora do sono. O relato dos pacientes também permitiu a identificação de reações adversas ocasionadas pelo uso concomitante. As principais misturas praticadas pelos pacientes foram: metildopa+endro; colônia+capim santo e metildopa; endro+furosemida; camomila+chuchu+metildopa; e, endro+camomila+cana com captopril+hidroclorotiazida. As reações adversas incluíram falta de ar, tontura, náusea, "cabeça agitada" e dor epigástrica.
CONCLUSÃO:
Este trabalho concluiu que o uso das plantas medicinais é adotado no cotidiano de parte dos pacientes hipertensos acompanhados por duas unidades da equipe da ESF em Juazeiro do Norte-CE. Entre as plantas mais citadas estão a camomila e a colônia. A maioria dos entrevistados referiu benefícios da associação do medicamento com a planta medicinal, entretanto 12% da amostra relataram reações adversas, comprovando o risco. Diante destes resultados é possível inferir que teoricamente as plantas podem exercer um benefício para os pacientes hipertensos, como relatado pelos mesmos, entretanto, há necessidade de estudos mais aprofundados sobre os efeitos agudos e crônicos destas associações nos indivíduos. Desta maneira, o mais recomendável para os profissionais da Saúde da Família é o aconselhamento para o uso racional, impedindo que o paciente faça uso da planta concomitante com o medicamento. Apesar dos benefícios citados, a mistura de plantas medicinais com medicamentos identificada neste trabalho não possui comprovação científica e pode ocasionar reações adversas prejudiciais a saúde humana.
Palavras-chave: Plantas medicinais, Interações de medicamentos, Saúde da Família.