62ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 1. Lingüística Aplicada
Aprendizagem de línguas em regime de imersão: Relatos de experiência dos participantes do programa de intercâmbio CAPES/FIPSE
Francisco José Quaresma de Figueiredo 1
1. Depto. de Línguas e Literaturas Estrangeiras, Fac. de Letras - UFG
INTRODUÇÃO:

Esta pesquisa tem por objetivo compreender o processo de aprendizagem de línguas em regime de imersão (BYRAM, 1997; BYRAM; FLEMING, 1998; ROBERTS et al., 2001) e a questão da interculturalidade (KRAMSCH, 1998), a partir de relatos de alunos brasileiros da Universidade Federal de Goiás (UFG) e da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e de alunos americanos da University of Montevallo e de Gadsden State Community College - ambas no Estado do Alabama - EUA - que participaram do Programa de Intercâmbio CAPES/FIPSE no período de 2007 até o presente momento.

METODOLOGIA:

Para obtenção dos dados para esta pesquisa, foram utilizados os seguintes instrumentos: a) relatórios produzidos pelos alunos, bem como pelos coordenadores do Programa, ao final da participação de cada aluno no período de intercâmbio; b) entrevistas realizadas com os participantes para que pudessem expressar suas percepções sobre o processo de intercâmbio de que participaram.  Os dados foram analisados a partir da leitura dos relatórios, bem como das transcrições das entrevistas, o que permitiu a detecção de temas recorrentes que serviram como categorias para a análise dos dados, a saber: questões identitárias; a desmistificação de estereótipos; o sistema educacional nos contextos brasileiro e americano; a aprendizagem de línguas no regime de imersão.

RESULTADOS:

Ao ter contato com o "outro", os participantes puderam refletir sobre suas identidades, sobre o modo e o estilo de vida das pessoas de sua comunidade, bem como sobre o modo e o estilo de vida das pessoas da nova comunidade. Por meio da análise dos dados, pôde-se constatar que alguns estereótipos dos alunos foram desmistificados com a experiência que tiveram no país estrangeiro e, consequentemente, com a oportunidade de estarem observando a cultura do "outro". Os alunos também puderam refletir sobre as diferenças e semelhanças entre os sistemas educacionais nos dois contextos (Brasil e Estados Unidos). Para os participantes brasileiros, as aulas no Brasil são mais dinâmicas e favorecem a participação e a interação dos alunos. Já no contexto americano, as aulas são tradicionais, em que o professor passa o conteúdo aos alunos e não promove interação e reflexão em sala de aula. De acordo com os participantes, no regime de imersão a aprendizagem é considerada mais inconsciente e natural, mas é necessário haver interação na língua-alvo. Duas participantes americanas mencionam a importância de interagirem em português no Brasil, para que haja realmente a aprendizagem da língua. O fato de muitos brasileiros falarem inglês pode fazer com que a interação com os alunos americanos seja feita em inglês, o que tornará a aprendizagem de português difícil, apesar de estarem imersos num país em que se fala português.

CONCLUSÃO:

Os resultados deste estudo nos mostram que mais importante do que estar num país estrangeiro é interagir na língua-alvo com as pessoas ao redor para que se obtenha um maior desenvolvimento na língua que se está aprendendo. As reflexões dos participantes deste estudo apontam para a necessidade de que, nas aulas de língua estrangeira, sejam incluídas discussões sobre aspectos culturais, de modo a permitir reflexões significativas sobre o "eu" e o "outro", sobre o familiar e o estranho, o que poderá proporcionar uma aglutinação dos aspectos linguísticos e culturais e, como resultado, a possibilidade de nossos alunos desenvolverem não apenas a competência linguística, mas também a intercultural.

Instituição de Fomento: Fundação de Apoio à Pesquisa - FUNAPE
Palavras-chave: aprendizagem de línguas, intercâmbio, imersão.