O conceito sobre célula e síntese protéica é fundamental no ensino de Biologia. Devido a sua complexidade e importância, tais assuntos deveriam ser ensinados de forma mais dinâmica e contextualizada, permitindo que o aluno se aproprie do saber científico de modo a compreendê-lo, questioná-lo e utilizá-lo. Um dos problemas do ensino de Ciências é que, em sua maioria, as atividades realizadas em sala de aula e as avaliações, exigem do aluno apenas a memorização de nomes, definições e não priorizam a aplicação dos conhecimentos em situações novas. Tais evidências instigaram a realização de uma oficina, cujo objetivo foi compreender o nível do discurso científico dos discentes do ensino médio sobre o conteúdo célula e esclarecer suas dúvidas sobre tal assunto usando um material didático de fácil compreensão que fugisse da aula tradicional e estimulasse a participação dos alunos. Buscou-se, ainda, promover a interação entre alunos de escolas municipais e estaduais de Itabaiana/SE.

A oficina realizada em um dos laboratórios da Didática II da UFS - Campus Itabaiana, contou com a participação dos alunos do ensino médio da rede estadual e municipal de Itabaiana/SE. Inicialmente, foi feito um levantamento do conhecimento prévio dos alunos sobre proteína através da amostragem de alguns alimentos. Em seguida, o conteúdo sobre célula e seus componentes foi trabalhado de forma clara através da analogia entre os mesmos e os componentes de uma escola, como por exemplo, os lisossomos que eram representados pelos faxineiros. Para isso, utilizou-se uma maquete confeccionada pelas ministrantes da oficina, alunas do 3º período do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Sergipe - Campus Itabaiana, feita de isopor, biscuit, emborrachado e cartolina. Aplicou-se, ainda, uma dinâmica sobre como ocorre à síntese de proteínas, na qual todos puderam participar de forma ativa. Para esta atividade usou-se bolinhas de isopor e cartelas contendo os nomes dos nucleotídeos. Ao final da oficina, foi aplicado um questionário contendo quatro questões relacionadas ao desenvolvimento da mesma, a fim de saber se houve êxito na aplicação da oficina como também saber se a aplicação do material didático contribuiu para a construção do conteúdo abordado.

Com relação à oficina, ao coletar os saberes prévios, observou-se que apesar dos alunos terem a idéia da existência das células, a maioria deles não conseguiu relacionar este conteúdo com seu cotidiano. Através da análise do questionário, percebeu-se que referente à primeira questão, a qual pedia que os alunos avaliassem a oficina, 88% dos participantes manifestaram um discurso que qualificou o evento como excelente e satisfatório. Quanto à segunda questão, onde pedia que eles avaliassem o material didático utilizado, obtivemos unanimidade ao relatarem que o mesmo, facilitou a compreensão do conteúdo. Já na terceira questão, referente ao que os alunos mais apreciaram na oficina, identificou-se respostas variadas, onde a maioria falou que gostaram mais da maquete, demonstrando assim a relevância do uso do material para a compreensão do conteúdo, outros também citaram a participação ativa na dinâmica da síntese de proteínas e o uso de uma linguagem de fácil entendimento. Quanto ao quesito críticas e sugestões, observou-se a sugestão de que atividades como essa, fossem realizadas mensalmente, pois proporcionam um ambiente de descontração favorável ao desenvolvimento cognitivo dos participantes, além de servir como preparação para o vestibular como eles mesmos afirmaram.

Através da oficina, concluiu-se que a maioria dos participantes manifestou discurso positivo quanto à aprovação do material didático utilizado e a forma como o assunto foi abordado. Nota-se ainda, que essa aceitação estava interligada com a participação ativa dos mesmos nas atividades. Apesar disso, o conteúdo de Biologia como um todo não deixa de ser complexo e abstrato. Por isso cabe a escola e ao professor desenvolver atividades que proporcionem ao aluno possibilidades de questionar, discutir e participar da aula na busca de uma aprendizagem significativa. Além disso, é primordial a construção de um bom relacionamento entre os sujeitos do processo de ensino/aprendizagem (aluno, professor e instituição) e uma importante participação da família no processo educativo.