62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 12. Neurociências e Comportamento - 1. Neurociências e Comportamento
PAPEL DE RECEPTORES DE NUCLEOTÍDEOS NA PROLIFERAÇÃO GLIAL EM CULTURAS DE CÉLULAS DE RETINA DE GALINHA SUBMETIDAS À LESÃO MECÂNICA
Karina Lima Tôsto 1
Mariana Siqueira de Oliveira 1
Guilherme Rapozeiro França 1
Ana Lúcia Marques Ventura 1
1. Departamento de Neurobiologia, Universidade Federal Fluminense - UFF
INTRODUÇÃO:

Após lesão, a glia de Muller da retina é capaz de proliferar e sofrer alterações morfológicas e na expressão de genes, um processo conhecido como gliose reativa (Nature Neurosci. 3(9), 2000). Neste trabalho, investigamos a proliferação celular e as mudanças morfológicas dependentes de nucleotídeos após lesão de culturas de células de retina cultivadas em monocamada.

METODOLOGIA:

Cultura de células de retinas de embriões com 8 dias (E8) cultivadas por 1 (E8C1) ou 7 dias (E8C7), foram submetidas a lesão com uma ponteira de micropipeta, gerando uma região desprovida de célula. O preenchimento da área livre de células foi quantificado por 3 dias consecutivos utilizando o software Scion Image. As culturas submetidas à lesão foram preparadas para incorporação de BrdU e a fração de núcleos marcados com este análogo estimada em relação ao número total de núcleos corados com DAPI. Culturas submetidas à lesão também foram preparadas para o tratamento com os inibidores de receptores P2 suramina (100mM), PPADS (100 mM), RB-2 (40 mM) e BBG (10 mM). Culturas em E8C7 submetidas à lesão foram também tratadas com a enzima apirase (5U/ml) que catalisa a degradação de nucleotídeos presentes no meio.

RESULTADOS:

Recobrimento significativo da área desprovida de células foi detectado entre o 1º e o 8º dia pós-lesão. As áreas livres de células em mm2 x 102 ± EPM foram de 21.11 ± 0.44, 17.55 ± 0.82; 12.26 ± 0.88, 8.96 ± 0.68 e 6.26 ± 0.81 nos dias 0, 1, 2, 3 e 8 em culturas em E8C1, respectivamente. Em culturas em E8C7, as áreas livres de células em mm2 x 102 ± EPM foram de 22.38 ± 0.99, 18.11 ± 0.87, 13.56 ± 0.69, 7.57 ± 0.89 e 5.35 ± 1.24, nos mesmos dias de cultivo, respectivamente. Após 3 dias de lesão de culturas em E8C1, inúmeros neuritos e áreas recobertas por neuroblastos e células gliais foram observados. Em culturas em E8C7, somente células com morfologia glial foram detectadas na área de lesão. Um aumento na incorporação de BrdU foi observado nas culturas submetidas à lesão. Em % de núcleos BrdU+ / DAPI+ ± EPM: culturas não lesadas = 100 ± 9.12; área da borda da lesão = 310 ± 23.3; área distante 5 mm da borda da lesão = 156 ± 13.44. O tratamento de culturas lesadas em E8C7 com os inibidores de receptores P2 resultou numa inibição do recobrimento de lesão após 3 dias de tratamento. As áreas livres de células, em mm2 x 102 ± EPM foram de: Controle = 3,37 ± 0,29; suramina = 13,4 ± 0,61; PPADS =  7,95 ± 0,90; BBG =  5,47 ± 0,42; RB-2 = 15,9 ± 0,37.

CONCLUSÃO:

 A lesão de culturas de células de retina em monocamada é capaz de induzir uma resposta de crescimento celular na área de lesão, sendo esta resposta dependente do estágio da cultura. Culturas em E8C7 respondem com proliferação e hipertrofia glial, mas culturas em E8C1 respondem com intensa neuritogênese e recobrimento da área de lesão por neuroblastos e células gliais. Além disto, antagonistas de receptores purinérgicos P2 além da enzima apirase inibem o crescimento da monocamada na área de lesão, sugerindo a participação de nucleotídeos neste fenômeno.

Instituição de Fomento: CNPq, Faperj, Proppi-UFF
Palavras-chave: Proliferação, Desenvolvimento, Retina.