62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 3. Toxicologia
AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DO EXTRATO AQUOSO E ÓLEO ESSENCIAL DE Myrcia sylvatica D.C. FRENTE AO BIOENSAIO EM Artemia salina.
Nayana Yared Batista 1, 3
Ruth da Silva Predroso 1, 3
Elenn Suzany Pereira Aranha 1, 3
Luciana Aparecida Freitas de Sousa 1, 3
Ricardo Bezerra de Oliveira 2, 3
Rosa Helena Veras Mourão 2, 3
1. UFPA / Campus de Santarém / Acadêmicos do Curso de Ciências Biológica
2. UFPA /Campus de Santarém / Doutor (a) da Faculdade de Biologia/ Orientador (a)
3. UFPA / Campus de Sanatrém / Laboratório de Bioprospecção e Biologia Experimental
INTRODUÇÃO:

Infusões feitas a partir de plantas são muito utilizadas pela população em busca do alívio para alguma sintomatologia dolorosa ou desagradável. O uso indiscriminado dos extratos de plantas destinadas para estes fins pode resultar em casos de intoxicação. Os óleos puros freqüentemente apresentam toxicidade elevada tanto que, dentro das recomendações de uso, encontram-se as pequenas dosagens. No entanto, muitas reações, como as alergias de contato e fototoxicidade, podem ocorrer mesmo em doses baixas. Diante disso, é necessário conhecer o grau de toxicidade de compostos naturais. Neste estudo utilizamos o gênero Myrcia, o qual é um dos maiores da família Myrtaceae, sendo largamente utilizado pela população para diferentes fins terapêuticos. Em destaque Myrcia sylvatica D.C, uma espécie predominante em savanas e capoeiras secundárias, conhecida como Vassourinha, é utilizada na medicina caseira para dor, inflamação e hemorragias. Assim, um método usado para avaliar a toxicidade de compostos orgânicos é o bioensaio em Artemia salina, (Meyer, 1982). Artemia salina é um microcrustáceo sensível a diferentes compostos orgânicos. O presente estudo avaliou a toxicidade do extrato aquoso e óleo essencial de M. sylvatica D.C frente ao Bioensaio em A. salina.

METODOLOGIA:

A espécie M. sylvatica D.C foi coletada em área de savana na comunidade São Pedro, Km 21 da Rodovia Everaldo Martins, Santarém - Pará, entre 8:00 e 10:00h da manhã. A espécie foi identificada por comparação de exsicatas existentes no herbário do Instituto Nacional de Pesquisa do Amazonas - Manaus, com número de registro nº 163770 e depositadas no Herbário de Santarém (UFPA). As folhas foram selecionadas, secas em estufa (40°C) e moídas para obtenção de um pó, do qual foi preparado o extrato aquoso em água destilada (1/10 p/v) e extraído o óleo essencial pelo método de arraste a vapor de água por meio do aparelho de Clevenger (1/10 p/v). Para realização do bioensaio, os cistos de A. salina foram colocados para eclodir em solução marinha sintética a 3% por 48h. Após a eclosão, as larvas (n=10) foram incubadas com o extrato aquoso nas doses de 23; 46; 460; 4600 e 46000µg. As doses usadas para o óleo essencial foram de 494; 988; 1976; 3992 e 7904µg, sendo que o controle continha apenas solução salina e o volume final de cada tubo foi de 5ml. Os testes foram feitos em triplicata. Após 24h de incubação foi feita a contagem das larvas mortas e vivas, e por meio da análise de Probito obtiveram-se os valores da Dose Letal Média (DL50).

RESULTADOS:

Dolabela (1997), em seus estudos, estabeleceu critério de classificação dos extratos com base nos níveis de DL50 em Artemia salina. A saber: DL50 < 80µg/ml, altamente tóxicos; DL50 entre 80µg/ml e 250 µg/ml, moderadamente tóxico; e DL50 > 250µg/ml, com baixa toxicidade ou não tóxico. Baseado nesta classificação, o extrato aquoso de Myrcia sylvatica D.C. (DL50 = 213,79 µg/ml) foi considerado moderadamente tóxico. Uma vez que o chá desta planta é bastante utilizado pela população, estudos posteriores, quanto sua freqüência e dosagem, devem ser realizados para a segurança de quem faz uso deste fitoterápico. O resultado obtido para o óleo essencial mostrou-se eficiente (DL50 = 38,1 µg/ml), sendo este um bom indicativo para atividade microbiológica e anticancerígena devido a sua alta toxicidade frente às larvas de Artemia salina.

CONCLUSÃO:

Apesar de simples, o bioensaio de toxicidade utilizando larvas de Artemia salina é um método com boa reprodutibilidade e apresenta boa correlação com outros ensaios de toxicidade. De acordo com os resultados obtidos, o extrato aquoso e o óleo essencial de Myrcia sylvatica D.C. foi considerado, respectivamente, segundo a classificação de Dolabela (1997), como moderadamente tóxico e altamente tóxico, os quais podem ser capazes de apresentar atividade citotóxica de acordo com o modelo utilizado. O uso da A. salina serve como uma ferramenta útil para um estudo preliminar biomonitorado dos extratos e óleos essenciais de plantas e também é sugestivo como triagem da atividade farmacológica, sendo assim, é necessário um aprofundamento de estudos químico, farmacológico e toxicológico para que o uso popular desta planta seja seguro.

Instituição de Fomento: UFPA (PARD), FAPESPA, CNPq, Amazon Green.
Palavras-chave: Myrcia sylvatica, Toxicidade, Artemia salina.