62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 1. Entomologia e Malacologia de Parasitos e Vetores
CARACTERES MORFOLÓGICOS DO TÓRAX DE TRÊS ESPÉCIES DE TRIATOMINAE POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARRREDURA
João Aristeu da Rosa 1
Vagner José Mendonça 1
Cláudia Solano Rocha 1
Sueli Gardim 1
Júlio César Rente Ferreira Filho 1
Mara Cristina Pinto 1
1. Depto.Ciências Biológicas/Faculdade de Ciências Farmacêuticas/UNESP/Araraquara
INTRODUÇÃO:
A subfamília Triatominae é constituída por 18 gêneros que compreendem 143 espécies que podem veicular Trypanosoma cruzi em seis estádios evolutivos, isto é, adultos e os cinco estádios ninfais. O agente etiológico da doença de Chagas, que inicialmente acometia habitantes dos países da região Neotropical, atualmente, com o incremento das migrações humanas, pode ser diagnosticado nas demais regiões de nosso planeta. Chagas, em 1909, ao descrever o protozoário T. cruzi, identificou também os vetores, os reservatórios, bem como os sintomas que essa parasitose pode causar nos humanos. Panstrongylus megistus foi a primeira espécie encontrada infectada com o referido Trypanosomatidae e continua sendo um vetor de significância epidemiológica, assim como Rhodnius prolixus e Triatoma infestans. Lent & Wygodzinsky, 1979, deixaram uma contribuição valiosa para o estudo e identificação dos triatomíneos, que à época eram 111 espécies. A partir dessa publicação, outras 31 espécies foram descritas e novos enfoques abordados com vistas ao controle, bem como aos estudos taxionômicos e filogenéticos desses vetores. A identificação dos estádios ninfais foi estabelecida por Corrêa em 1954, que se baseou em modificações que ocorrem nos três segmentos toráxicos. Rosa et al. (2005) acrescentaram novas contribuições ao estudarem os cinco estádios ninfais de Triatoma arthurneivai por meio de microscopia eletrônica de varredura. Dada a importância do tórax conforme as publicações referidas, bem como com o intuito de contribuir para os estudos taxionômicos dos Triatominae estudou-se a morfologia do tórax de P. megistus, R. prolixus e T. infestans, que são espécies de comprovada importância na cadeia epidemiológica da doença de Chagas.
METODOLOGIA:
Três exemplares macho de P. megistus CTA 20 , assim como de R. prolixus CTA 082 e T. infestans CTA 134 mantidos em colônias no Insetário de Triatominae da Faculdade de Ciências Farmacêuticas/UNESP/Araraquara, foram mortos com clorofórmio. Após o que tiveram as pernas, as asas e as cabeças retiradas, e foram posteriormente cortados transversalmente no sexto segmento abdominal, lavados, desidratados em série alcoólica e secos em estufa a 50° C. A seguir foram colados pelo sexto segmento abdominal em toros de alumínio, de modo que a porção terminal formasse com a base do suporte um ângulo de 90º. As pernas retiradas foram processadas da mesma maneira num outro toro. Na seqüência procedeu-se à metalização por "sputtering" durante dois minutos com potência de 10mA. Após essa operação as faces dorsais, ventrais e laterais foram examinadas em microscópio eletrônico de varredura Topcon SM-300 instalado no Instituto de Química/UNESP/Araraquara.
RESULTADOS:
O exame microscópico (MO) da face dorsal de R. prolixus mostra que junto à porção anterior do escutelo destacam-se 1+1 protuberâncias, que não aparecem em P. megistus e T. infestans. Essa protuberância vista por microscopia eletrônica de varredura (MEV) apresenta superfície lisa e um sulco oblíquo na porção medial. Na mesma direção dessa protuberância, por MEV, percebem-se mais duas saliências junto às laterais, mas com superfície rugosa, que se assemelham à superfície das áreas glabras abdominais, que também estão ausentes em P. megistus e T. infestans. Áreas semelhantes às áreas glabras addominais também foram percebidas (1+1) junto ao pro, meso e metasterno de R. prolixus, mas não em P. megistus e T. infestans. Os calos metacetabulares, 1+1, junto á apófise da furca na porção lateral externa do par posterior de perna embora presentes nas três espécies têm formatos distintos em R. prolixus. O exame da última porção ventral da tíbia das pernas por MEV mostrou que as fóssulas esponjosas de P. megistus, R. prolixus e T. infestans diferem. Em P.megistus a fóssula esponjosa mostra dois níveis de sensilas muito distintos, um que delimita a estrutura em nível elevado e outro abaixo que compreende a região central. Em R. prolixus a delimitação da fóssula esponjosa é feita externamente por uma borda arredondada e internamente por sensilas. As sensilas da parte interna embora aparentemente tenham a mesma altura apresentam-se em outra conformação, o que evidencia aquelas junto à borda. Em T. infestans a fóssula esponjosa é delimitada diretamente pelas sensilas, não há outra estrutura que a delimite e as sensilas apresentam-se num mesmo nível, isto é, todas com um mesmo padrão e altura.
CONCLUSÃO:
O exame do tórax de machos adultos de P. megistus, R. prolixus e T. infestans por MEV, mostrou estruturas diferenciadas e algumas ainda não descritas nessas três espécies. O estudo dessas estruturas em um maior número de espécies desses três gêneros poderá trazer contribuições para o estudo taxionômico e filogenético das 143 espécies admitidas para a subfamília Triatominae. Agradecimentos: Prof. Mario Cilense pelo constante apoio na utilização do microscópio eletrônico de varredura e Jader de Oliveira pela imprescindível ajuda na manutenção das colônias de triatomíneos.
Instituição de Fomento: Faculdade de Ciências Farmacêuticas e Instituto de Química/UNESP/Araraquara, Fapesp
Palavras-chave: Triatominae, Taxionomia, Tórax.