62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
A EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS DE SAÚDE (CRIANES)
Ivone Evangelista Cabral 2
Eneida Simões da Fonseca 1
1. Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
2. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
INTRODUÇÃO:
As crianças e jovens que apresentam doenças consideradas mais complexas, principalmente aquelas com comprometimentos neurológicos e motores compõem uma população mais e mais presente nas enfermarias dos hospitais. Isso se dá por conta do avanço tecnológico tanto na área farmacêutica quanto na de desenvolvimento de equipamentos para uso médico. Esse grupo é definido como CRIANES, ou seja, crianças com necessidades especiais de saúde. Tais necessidades podem incluir o uso de medicação específica e contínua, equipamentos de auxílio à respiração, alimentação não oral, cuidados habituais modificados como, por exemplo, para a higiene física, dentre outras. Compreender a realidade das CRIANES, através do estudo da literatura pertinente e de visitas a instituições que com elas lidem, parece bastante relevante. Um adequado entendimento das características e necessidades desta população poderá lhe propiciar assistência mais adequada e recursos e suportes efetivos e eficientes, também no âmbito da educação, contribuindo não apenas para sua sobrevida, mas também para que possa desfrutar ao máximo das possibilidades de viver com a melhor qualidade de vida possível.
METODOLOGIA:
Estudo descritivo, exploratório e comparativo das características e necessidades de crianças com necessidades especiais de saúde encontradas na literatura assim como através de visitas feitas a instituições e profissionais no Brasil e no Canadá que lidam com este grupo. A busca bibliográfica deu-se nas seguintes bases de dados: Biblioteca Virtual de Saúde: MEDLINE/PubMed; Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde; Scientific Eletronic Library Online e Educational Resources Information Center. e Web of Science. Foram consultados os portais: Catálogos do Centro de Estudos e Pesquisas em Enfermagem da Associação Brasileira de Enfermagem, American Association of Critical Care Nurses e Banco de Teses da CAPES. Os idiomas considerados na busca foram: português, inglês, francês, espanhol e alemão. Os critérios de seleção das produções incluídas neste estudo foram: pesquisas quali ou quantitativas no formato de dissertação, tese ou artigo científico na temática de necessidades especiais de saúde e educação ou escolaridade de crianças doentes ou com doenças crônicas. Também foram consideradas publicações em livros dentro desta mesma temática. Não houve recorte temporal para a inclusão de textos neste estudo. A seleção das instituições brasileiras e canadenses visitadas foi feita considerando a relevância das mesmas na temática de CRIANES, a disponibilidade dos profissionais e o cronograma de execução do estagio de pós-doutorado que originou este trabalho.
RESULTADOS:
Uma amostra de 35 textos embasou teoricamente este estudo. Mesmo não fazendo um recorte temporal, observou-se que, a partir do ano de 1990, a expressão necessidades especiais de saúde passou a ser usada com mais frequência nas publicações, mas, ainda não há unanimidade quanto à definição do grupo CRIANES. Tais variações estão associadas à compreensão que se tem da infância e suas necessidades, sobre doenças e sobre carência de condições sócio-econômicas básicas para garantir sobrevivência digna. Vinculam-se também a aspectos políticos e de gerenciamento da oferta de serviços de saúde para todos. É preciso mobilização do poder público para garantir os direitos das CRIANES não esquecendo suas famílias e/ou cuidadores. A educação, embora considerada como direito desse grupo, têm sido negligenciada e, por vezes, nem mesmo considerada na literatura. As visitas e contatos com profissionais de 9 (nove) instituições no Canadá mostraram possibilidades de educação de CRIANES. A capacidade de profissionais canadenses de diferentes áreas do conhecimento, num esforço conjunto para atender às demandas das CRIANES, propicia ferramentas ou recursos mais adequados para sua educação numa atitude que faz verdadeira e grande diferença também na qualidade de vida das CRIANES e das famílias.
CONCLUSÃO:
Obteve-se melhor compreensão sobre a invisibilidade das CRlANES e sobre as definições à elas atribuídas. As similaridades entre a realidade da atenção escolar às CRIANES no Brasil e no Canadá se dão na dificuldade de organizar com antecedência alocação/substituição de professor no hospital. A outra é o pouco tempo do professor para atender a todos os alunos. As diferenças substanciais estão nos recursos materiais disponíveis às escolas hospitalares canadenses em comparação com as do Brasil e na formação na área de educação. Embora não específica para atuar no hospital, o Canadá dá sólida formação aos professores, o que os permite acessar estudos complementares em educação (planejamento), educação especial (recursos de apoio ao ensino) ou saúde (questões específicas sobre doença ou procedimento) facilitando o intercâmbio do professor com profissionais de outras áreas. Diferente do Brasil, no Canadá há grande clareza sobre o papel do professor no hospital e sobre a terminologia que define este tipo de ensino. A comunicação assistiva é importante na educação das CRIANES, pois lhes dão voz para expressar idéias e ter suas necessidades escolares atendidas, desenvolvendo seu potencial da melhor maneira possível com benefícios tanto para o desempenho acadêmico quanto para a qualidade de vida.
Instituição de Fomento: Programa de Capacitação Docente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e 'Faculty Enrichment Program' da Embaixada do Canadá no Brasil
Palavras-chave: Criança, Necessidades Especiais, Educação.