62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 7. Educação Infantil
A contação de histórias na educação infantil: onde o fantasioso e a realidade se encontram na construção do sujeito.
Kamilla Simonelly Moreira de oliveira Dantas 1
Soraya Maria Barros de Almeida Brandão 1
1. Universidade estadual da Paraíba -UEPB, Departamento de educação
INTRODUÇÃO:
Ultimamente, muitas são as discussões acerca da importância da Contação de Histórias no desenvolvimento da criança. Nela se reconhece um meio de proporcionar uma educação integral que vai da ampliação da competência comunicativa, social, cultural, afetiva à formação do leitor, em que a criança é atraída pelo fantástico mundo do faz de conta de forma prazerosa e espontânea, próprios dessa fase. Podemos afirmar, ainda, que a arte de contar histórias e a arte de reconstruí-las por quem as escuta, assume importante função quanto à formação de cidadãos criativos, imaginativos e conscientes. Entretanto, para muitos (as) professores (as), a Contação de Histórias é usada apenas com objetivos pedagogizantes, vinculada a atividades de leitura (como processo de decodificação) e escrita, sem nenhum significado para as crianças ou como um instrumento de controle para acalmá-las quando estas se encontram agitadas. Com base nessas considerações, elaboramos nosso projeto partindo dos seguintes questionamentos: Qual o espaço da Contação de Histórias no cotidiano escolar? Como esta prática vem sendo desenvolvida com as crianças? Tais questões se traduziram no objetivo da nossa pesquisa: Analisar o espaço da Contação de Histórias e o desencadeamento dessa prática no processo educativo a partir do discurso das professoras.
METODOLOGIA:
A presente pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso, com abordagem qualitativa, realizada na Creche Municipal Zeferina Gaudêncio, localizada rua Dr. João Pequeno, S/N - Catolé, Campina Grande - PB. Participaram como sujeitos dessa pesquisa 5 professoras da referida creche. Os dados foram coletados através de entrevistas semi-estruturadas, pelas quais investigamos o espaço e o desenvolvimento da Contação de História no cotidiano escolar. Iniciamos a nossa pesquisa com contatos preliminares com a coordenadora a fim de conhecermos a estrutura física da referida instituição, bem como os sujeitos envolvidos. Isso feito, discutimos as condições éticas de sua realização, e damos início as entrevistas. Todas as falas foram gravadas e transcritas preservando-se a originalidade da linguagem oral dos sujeitos. Para preservar o anonimato desses, substituímos seus nomes verdadeiros por nomes fictícios. Os discursos das professoras foram analisados através da Análise de Conteúdo (BARDIN, 1979).
RESULTADOS:
De acordo com os dados analisados, observamos que apesar da experiência das professoras na educação infantil, poucas têm conhecimento teórico sobre a contação de história, haja vista que quando questionadas sobre as leituras acerca da temática, quatro, das cinco entrevistadas, mostraram certa fragilidade e superficialidade com a questão. Quando interrogadas sobre o uso da literatura infantil no cotidiano escolar, as professoras deixam transparecer a sua utilização no desenvolvimento de habilidades de leitura, ensinar conteúdos e/ou como um recurso para acalmar as crianças. A maioria das atividades é basicamente voltada para exploração de conteúdos e/ou com vistas no ensino da leitura. Esse ativismo mecânico, observado nas práticas pedagógicas na educação infantil, especificamente em relação à leitura literária, demarcada por práticas escolarizantes, nos leva a repensar a utilização da contação de história no cotidiano da educação infantil. É importante ressaltar que nos contos, são projetadas fantasias inconscientes e universais, que tratam da realização de desejos e se relacionam a angústias inerentes ao processo de desenvolvimento. Segundo Bruno Bettelheim (1980, p.20), "Enquanto diverte a criança, o conto de fadas a esclarece sobre si mesma, e favorece o desenvolvimento de sua personalidade". É dessa forma que devemos ver o sentido pedagógico atribuído à literatura infantil, ou seja, estimulando o exercício da mente, despertando a criatividade, a curiosidade entre outros aspectos.
CONCLUSÃO:
O presente estudo nos revelou a carência de conhecimentos teóricos das professoras em relação a contação de história, quando estas expõe e pratica uma representação errônea acerca do tema abordado. Observamos que não há planejamento nem estratégias para que esse momento da contação de história seja motivado e prazeroso, o que impossibilita a inserção e fomentação da criança nas práticas sociais de leitura. De acordo com Brandão (2009, p.119), o que presenciamos "são práticas pedagógicas insólitas, ou seja, toda a ação pedagógica tem caminhado em sentido contrário a formação do sujeito leitor". Partindo desse pressuposto, entendemos a necessidade de uma relação lúdica da criança com o livro, uma vez que a aventura e o prazer sugerido na literatura infantil e/ou contação de histórias leva a criança a intervir, estabelecer relações, imaginar, criar e recriar o ambiente que a cerca. Diante disso, como sugere a autora acima citada, cabe aos professores estabelecerem uma relação de prazer entre a criança e o livro, abrindo um espaço para a expressão livre, apresentando a leitura de uma forma estimulante, despertando o interesse das crianças e tornando os livros tão acessíveis e prazerosos quanto os brinquedos.
Palavras-chave: Contação de Histórias, Prática pedagógica, Educação Infantil.