62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 6. Ciência Política - 1. Comportamento Político
O Míope, a Modista, a Baronesa e a Melancolia: IMAGINÁRIO, FAVOR E SILÊNCIO NO CONTO UM APÒLOGO
João Paulo Bandeira de Souza 1
Maria Celeste Magalhães Cordeiro 2
1. Mestrado Acadêmico en Políticas Públicas e Sociedade/MAPPS -UECE - CE
2. Mestrado Acadêmico en Políticas Públicas e Sociedade/MAPPS - Orientadora
INTRODUÇÃO:

O trabalho retoma o conto, Um Apólogo, de Machado de Assis, publicado pela primeira vez em março 1885, na Gazeta de Notícias. Lendo-o a partir da teoria da complexidade de Edgar Morin, da teoria do imaginário de Gilbert Durand e de pensadores da cultura política brasileira (DA MATTA, RIBEIRO, HOLLANDA, FAORO).

METODOLOGIA:

Tivemos como fundamentos epistemológicos os operadores da complexidade: dialogicidade, recursividade e hologramáticidade e totalidade (MORIN:) e a Imaginação Simbólica (DURAND: 1964). A pesquisa foi realizada em duas partes: primeiro foi empreendida pesquisa bibliográfica, tendo como fontes Um Apólogo, de Machado de Assis, e obras de estudiosos do pensamento machadiano (SCHWARZ, FAORO, GLEDSON, CHALHOUB), de autores afinados às teorias da Complexidade e do Imaginário. Em seguida realizamos um estudo de mitocrítica (DURAND: 1989, 1996) no conto Um Apólogo, onde observamos os "mitemas", "enxames", "ressonâncias", "homologias" e "semelhanças semânticas", buscando a compreensão do mito do Favor que anima a  narração feita ao professor de Melancolia.     

RESULTADOS:

Analisamos as lições dadas, por Machado de Assis, sobre o funcionamento e fundamentos das relações humanas numa cultura política alicerçada no mandonismo, no patrimonialismo, no poder da riqueza material, nas idéias importadas e no poder do capricho pessoal. Onde a análise das relações da tríade: Origem Fidalga, Grossos Cabedais e Relações Pessoais (Chalhoub, 2000), nos fornecem pistas substanciais para que possamos perceber como criamos e recriamos nas mais intimas relações cotidianas, uma sociedade que tem o Favor, como seu mediador quase universal. (SCHWARZ: 2000) Nossa leitura deu ênfase em perceber as relações entre o Mito (ELIADE) do Favor, seus arquétipos e imagens com o não-diálogo entre as personagens, Modista e Baronesa, no referido conto, observando os significados simbólicos, políticos, sociais, culturais e humanos desse silêncio.  Penetramos na melancolia da saleta de costura onde atentamente ouvimos o silêncio das mulheres, em meio a tagarelice das coisas. Silêncio apenas sugerido, pois, o bruxo em genial alerquinada nos leva a uma viagem em vivas cores ao: silencioso e barulhento, violento e glamoroso, conciliatório e contraditório mundo político brasileiro.

CONCLUSÃO:

N'Um Apólogo, temos elementos dos modos como a sociedade brasileira recriava e recria mecanismos que mantinham e mantêm estratégias de dominação, dependências, exclusão e privilégios.  Buscamos apreender e compreender, a partir do olhar míope de Machado de Assis, elementos que nos abram possibilidades de invertamos outras formas de olharmos a dinâmica e o comportamento político brasileiro.  

Instituição de Fomento: FUNCAP
Palavras-chave: Favor, Imaginario, Politica.