62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E DA PRODUÇÃO DE TEXTOS PARA AQUISIÇÃO DA LÍNGUA ESCRITA
Samira Costa de Azevedo 1
Kelly Souza 2
1. Esc. Normal Superior,Curso Normal Superior, Univ.do Estado do Amazonas/UEA
2. Profa.MSc./ Orientadora -Escola Normal Superior -UEA
INTRODUÇÃO:

Este estudo buscou compreender a importância do desenvolvimento cognitivo e da produção de textos para aquisição da língua escrita, identificando os fatores cognitivos que interferem na elaboração da língua escrita, entendendo a relação entre a produção de textos e a aquisição da língua escrita e a importância da produção de textos para o processo de ensino-aprendizagem. Analisamos o tratamento dado à escrita em um universo real de uma escola estadual de Ensino Fundamental da cidade de Manaus/AM. Percebemos que a escola é o único lugar onde a escrita não ganha sentido no seu aprendizado, é o lugar onde se escreve muitas vezes sem motivo, onde se realizam atividades que apresentam o puro exercício de escrever, enfocando a aparência da escrita e a ortografia, desprezando assim o que ela faz e representa. Uma das consequências desta ação da escola diante a escrita é fazer com que as crianças deixem de transportar suas habilidades da língua oral para o domínio com a língua escrita, não permitindo assim que as crianças façam seu aprendizado da escrita como fez o da fala. Esta pesquisa é antes de tudo, um convite para os educadores, interessados em realizar ações que resultem em um aprendizado significativo, fazerem uma análise sobre a melhoria do ensino da língua escrita.

METODOLOGIA:

Investigamos o tratamento dado à língua escrita a partir da realidade de uma turma de 4°ano do Ensino Fundamental de uma Escola Pública da cidade de Manaus/AM. Apropriamo-nos de uma amostragem de 10 alunos, selecionados criteriosamente e lançamos um olhar investigativo à prática docente. O trabalho foi organizado em três fases: a 1°fase consistiu na confirmação da problemática, na qual foram realizadas Entrevistas Livres com os alunos e a professora, tendo como fios condutores concepção de escrita, afinidade com esta habilidade, seu grau de importância, formação profissional da professora; Observação Participante da prática docente e do comportamento dos alunos diante a escrita; Questionário aberto-fechado com objetivo de analisar as opiniões dos alunos em relação às atividades de língua escrita aplicadas em sala. A 2°fase foi composta pela aplicação do Plano de Ação, constituído por ações de intervenções que tinham como meta sensibilizar os alunos e a professora quanto à importância da Língua Escrita para o processo de ensino-aprendizagem. Finalmente a 3°fase consistiu no processo de comparar os dados colhidos antes da execução do plano de ação com os resultados manifestados após sua realização. Ainda fizemos um estudo da Teoria Cognitiva de Piaget relacionada à Linguagem.  

RESULTADOS:

Na entrevista livre e no questionário aberto-fechado verificamos que os alunos possuem uma visão negativa da língua escrita, uma aversão ao ato de escrever e preferem fazer cálculos a escrever textos. A observação participante nos forneceu dados indicando que essas atitudes são reflexos das práticas de escrita em sala, as quais se restringiam em ditados, cópias de textos longos e ensino das regras da gramática. Caracterizadas como "escrita reprodução" (AZEVEDO& TARDELLI,p.31,1997), essas práticas expressaram uma visão empobrecida da escrita e, devido a ausência de atividades de apropriação da escrita como "sistemas de representação da linguagem", os alunos concebem a escrita como algo "chato" e são incapazes de visualizar o sentido do seu aprendizado" (CITELLI&BONATELLI,p.122,1997). O plano de ação interferiu na concepção de língua escrita de alguns alunos que afirmaram, após as atividades de produções textuais, ser "um conjunto de palavras", "serve para dizer nossas ideias". Segundo Piaget "as operações lógicas -sistema cognitivo- se desenvolvem antes da linguagem, esta é estruturada pelo pensamento", logo, o desenvolvimento cognitivo contribui para o desenvolvimento da linguagem.

CONCLUSÃO:

No contexto analisado a escrita é uma atividade: mecânica- pelo fato do aluno somente reproduzir enunciados sem nenhuma atuação individual sobre a escrita; motora - devido às atividades de escrita que têm como objetivo melhorar a aparência da letra e por fim técnica- porque há uma grande preocupação de ensinar as normas gramaticais para os alunos escreverem bem. Neste sentido a língua escrita é um "código de transcrição", sua aprendizagem é considerada como a "aquisição de uma técnica". Longe da limitação de um "código de transcrição" a língua escrita é a "representação da linguagem", tem a capacidade de atravessar o tempo e o espaço, bem como possui características próprias que se encontram no sistema historicamente construído. Para seu aprendizado é necessário considerarmos as dimensões cognitivas de quem aprende, visto que o desenvolvimento da língua escrita na criança depende das características cognitivas que ela apresenta. Atrelado a este raciocínio encontramos nos textos escritos uma unidade de "ensino-aprendizagem" da língua escrita, pois nos textos que o sistema da língua escrita ganha verdadeiro sentido de existir, sua produção proporciona um encontro do aluno com a linguagem, uma prática de reflexão pela e sobre a língua escrita.

Instituição de Fomento: Universidade do Estado do Amazonas-UEA.
Palavras-chave: Cognitivo, produção de textos escritos, língua escrita.